DESTAQUES (28 de Fevereiro de 2025)

• Relatório mensal de emprego dos EUA será divulgado a 7 de março, num momento de crescente preocupação com o estado da economia.
• O índice S&P 500 recuou 4% desde o seu máximo histórico alcançado no início de fevereiro.
• Queda nos rendimentos dos Treasuries e desvalorização do bitcoin refletem um aumento da aversão ao risco.
• Relatórios recentes mostram enfraquecimento da confiança do consumidor, atividade empresarial e vendas a retalho.
• O mercado espera a criação de 133.000 novos empregos em fevereiro, face aos 143.000 registados em janeiro.

Tensão nos Mercados e Sinais de Desaceleração Económica

Os mercados norte-americanos enfrentam um momento crítico à medida que os investidores aguardam o relatório de emprego de fevereiro, a ser divulgado a 7 de março de 2025. O índice S&P 500 registou uma queda de 4% desde o seu máximo histórico alcançado no início do mês, refletindo as preocupações crescentes com um possível abrandamento económico. Além disso, a descida dos rendimentos das obrigações do Tesouro e a desvalorização do bitcoin indicam um aumento da incerteza e da aversão ao risco.

Vários indicadores económicos recentes dececionaram os mercados, incluindo a queda da confiança dos consumidores, um abrandamento na atividade empresarial e uma redução das vendas a retalho. As políticas comerciais da administração Trump, bem como outras medidas governamentais, têm aumentado a incerteza tanto para consumidores como para empresas.

O relatório de emprego será um fator crucial para os mercados financeiros, podendo fornecer alívio ou ampliar as preocupações sobre o crescimento económico.

Expectativas para o Relatório de Emprego e Impacto nos Mercados

Os analistas esperam que a economia norte-americana tenha criado 133.000 novos empregos em fevereiro, uma ligeira descida face aos 143.000 empregos adicionados em janeiro. O mercado antecipa que a taxa de desemprego se mantenha nos 4,0%, um nível historicamente baixo, mas que pode gerar novas preocupações caso suba acima do esperado.

Michael Arone, estratega-chefe da State Street Global Advisors, destacou que o mercado está em alerta devido ao receio de uma desaceleração do crescimento nos EUA. Segundo Arone, se o relatório de emprego mostrar um abrandamento no mercado de trabalho, isso pode alimentar os receios de um arrefecimento da economia.

O estratega de investimentos Matthew Miskin, da John Hancock Investment Management, reforçou que o mercado laboral é o pilar mais importante da economia dos EUA. Para Miskin, o comportamento dos consumidores depende diretamente da estabilidade no emprego e da sua perceção de segurança financeira.

Apesar das preocupações com a desaceleração, os investidores continuam atentos à inflação, que permanece acima da meta de 2% da Reserva Federal (Fed). Um relatório de emprego muito forte pode gerar receios de que a inflação demore mais tempo a normalizar, o que poderia adiar cortes nas taxas de juro por parte da Fed.

Angelo Kourkafas, estratega da Edward Jones, sublinhou que o mercado espera um número que não seja demasiado fraco, mas também não demasiado forte, para evitar reações extremas.

Política Monetária e Impacto nos Investidores

Num cenário positivo para os mercados, os investidores passaram a prever mais cortes nas taxas de juro devido aos recentes relatórios económicos dececionantes. Os dados da LSEG indicam que o mercado já espera pelo menos dois cortes nas taxas da Fed até dezembro de 2025, o que pode oferecer algum suporte às ações.

No entanto, as decisões da administração Trump continuam a introduzir volatilidade nos mercados. Na quarta-feira, o governo ordenou cortes massivos na força de trabalho federal, resultando no despedimento de dezenas de milhares de funcionários públicos. Esta medida aumenta a incerteza e pode afetar o consumo interno.

O economista-chefe da Apollo Global Management, Torsten Slok, alertou que o aumento da insegurança no setor público pode levar os agregados familiares a reduzir os gastos, prejudicando ainda mais a economia. Apesar disso, Slok afirmou que mantém uma perspetiva otimista, mas está atento a sinais de inflexão no ciclo económico.

Volatilidade do Mercado e Incertezas Políticas

Esta semana, são divulgados dados sobre o setor industrial e de serviços, ao mesmo tempo que vários responsáveis da Fed irão pronunciar-se sobre a economia.

Os investidores permanecem atentos à volatilidade gerada pelas declarações da administração Trump sobre política comercial e tarifas.

Matthew Maley, estratega da Miller Tabak, destacou que as declarações do presidente podem impactar os mercados a qualquer momento, criando incerteza adicional para os investidores.

Conclusão

O mercado financeiro dos EUA enfrenta um período de incerteza, com os investidores focados no relatório de emprego de fevereiro para avaliar a saúde da economia. A recente desaceleração de vários indicadores económicos aumentou a apreensão sobre um possível arrefecimento do crescimento.

Se o mercado de trabalho mostrar fraqueza, isso poderá intensificar os receios de uma desaceleração económica. No entanto, um relatório muito forte poderia reacender os receios de inflação, complicando as decisões da Fed sobre cortes nas taxas de juro.

Além dos dados económicos, os riscos políticos e comerciais continuam a ser um fator determinante para a volatilidade dos mercados. Os investidores terão de equilibrar as expectativas de cortes nas taxas de juro com os impactos das decisões políticas da administração Trump nos próximos meses.