DESTAQUES (22 de fevereiro de 2025)

• Taxa fixa de hipoteca a 30 anos deverá manter-se em 6,7% no primeiro trimestre de 2025, segundo a Fannie Mae.
• Previsão de uma ligeira descida para 6,6% no segundo trimestre.
  • Vendas de casas usadas deverão cair para 4,013 milhões de unidades no primeiro trimestre, refletindo o impacto das taxas elevadas.
  • Novas construções permanecerão estáveis, com um ritmo projetado de 1,312 milhões de unidades no início do ano.
  • Preços das casas crescerão 3,5% em 2025, uma desaceleração face aos 5,8% registados em 2024.

Cenário das Taxas Hipotecárias e Impacto no Mercado

As taxas hipotecárias nos EUA deverão manter-se elevadas pelo menos até à primeira metade de 2025, prolongando o impacto negativo na construção e nas vendas de casas usadas. De acordo com a agência de financiamento hipotecário Fannie Mae, a taxa fixa de 30 anos deverá situar-se em média nos 6,7% no primeiro trimestre, sem alterações face ao trimestre anterior. Para o segundo trimestre, espera-se uma ligeira descida para 6,6%.

Este nível de taxas ocorre num contexto em que as yields do Tesouro norte-americano aumentaram nos últimos meses, impulsionadas pela resiliência económica dos EUA, em particular no mercado de trabalho, e por receios dos investidores em relação às políticas do presidente Donald Trump. As propostas de cortes fiscais, tarifas generalizadas e deportações em massa geram preocupações sobre um possível aumento da inflação, o que levou a Reserva Federal a reduzir as previsões de cortes nas taxas de juro para apenas dois ao longo de 2025, face às quatro reduções inicialmente estimadas em setembro de 2024.

O economista-chefe da Fannie Mae, Mark Palim, alertou que as taxas elevadas associadas a uma economia em crescimento continuarão a afetar a acessibilidade para muitos compradores potenciais. Além disso, o efeito de bloqueio (lock-in effect), causado pelo facto de muitos proprietários terem hipotecas com taxas inferiores a 5%, reduz o incentivo para colocarem as suas casas à venda, contribuindo para a escassez de oferta e a manutenção dos preços elevados.

Previsões para Vendas e Construção de Habitação

O mercado de casas usadas deverá manter-se fraco, com vendas projetadas de 4,013 milhões de unidades no primeiro trimestre de 2025, abaixo das 4,093 milhões de unidades do trimestre anterior. No segundo trimestre, prevê-se uma ligeira recuperação para 4,080 milhões de unidades.

A construção de novas habitações deverá manter-se praticamente inalterada, com um ritmo estimado de 1,312 milhões de unidades no primeiro trimestre, seguido por 1,300 milhões no segundo trimestre. Em 2024, foram iniciadas 1,364 milhões de novas habitações, refletindo uma queda de 3,9% em relação a 2023.

Por outro lado, as vendas de novas habitações deverão aumentar para 720.000 unidades no primeiro trimestre e subir para 736.000 unidades no segundo trimestre, evidenciando um interesse crescente por novas construções, muitas das quais já competem em preço com as casas usadas.

A valorização dos preços das habitações deverá desacelerar, com um crescimento estimado de 3,5% em 2025, em comparação com os 5,8% registados em 2024. No entanto, esta variação será desigual, dependendo da atividade de construção e da oferta de casas disponíveis em diferentes regiões.

Perspectivas para 2025 e Declarações da Liderança

Apesar dos desafios da acessibilidade, Mark Palim destacou um fator positivo para os compradores: espera-se que os rendimentos cresçam a um ritmo superior ao dos preços das casas e das rendas ao longo de 2025. Além disso, as novas construções estão a ser vendidas a preços mais competitivos face às casas usadas, tornando-se uma alternativa mais atrativa para os compradores.

No entanto, segundo Palim, a tendência geral do mercado imobiliário em 2025 será semelhante à de 2024, com taxas ainda elevadas a limitar significativamente a acessibilidade e a recuperação nas vendas a depender da evolução da política monetária da Reserva Federal.

Conclusão

O mercado imobiliário nos EUA inicia 2025 sob pressão, devido à manutenção das taxas hipotecárias elevadas, ao efeito de bloqueio dos vendedores e à reduzida acessibilidade para os compradores. Embora haja sinais positivos no setor da construção de novas habitações e uma desaceleração no crescimento dos preços, a oferta limitada de casas usadas e as incertezas económicas continuam a ser desafios significativos.

O desempenho do mercado imobiliário dependerá, em grande parte, da evolução das políticas da Reserva Federal e do impacto das novas medidas económicas da administração Donald Trump, que poderão influenciar tanto a inflação como a confiança dos investidores e consumidores nos próximos meses.