EUA, Inflação – 16 Jul 25

Aqui pode acompanhar as últimas notícias relacionadas com a economia do EUA. As notícias são uma componente importante, pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que influenciam o crescimento económico, a estabilidade financeira e as dinâmicas do mercado local e global.


Inflação nos EUA acelera em junho, pressionada por serviços e novas tarifas

Destaques (15 de julho de 2025)

  • CPI dos EUA subiu 0,3% em junho de 2025, acima dos 0,2% registados em maio, com contribuições significativas da energia e da habitação
  • Inflação homóloga aumentou para 2,7%, face aos 2,4% registados em maio
  • Vertente ‘core’ subiu 0,2% no mês e 2,9% em termos anuais, mantendo-se acima da meta da Fed
  • Novas tarifas sobre produtos chineses começaram a ter impacto mensurável em preços de bens específicos
  • Mercados reagiram com subida de yields e menor probabilidade de corte de juros em setembro

Aceleração no índice geral e revisão da tendência

A 15 de julho de 2025, o Departamento do Trabalho dos EUA reportou que o índice de preços no consumidor (CPI) aumentou 0,3% em junho, acelerando face ao ganho de 0,2% registado em maio. A inflação homóloga subiu para 2,7%, acima dos 2,4% de maio, interrompendo a trajetória de moderação que vinha marcando os meses anteriores.

Os principais motores deste avanço foram:

  • Preços da energia, que subiram 1,1% no mês;
  • Custos de habitação, com nova subida de 0,4%;
  • Serviços diversos, como transportes e cuidados pessoais.

A subida no índice geral surpreendeu analistas que previam uma leitura mais branda, e gerou uma reavaliação sobre o ritmo de descida da inflação nos EUA.

Núcleo mantém-se resistente, com pressões em serviços

A vertente ‘core’ do CPI, que exclui alimentos e energia, aumentou 0,2% em junho, replicando o valor de maio. Em termos homólogos, o núcleo subiu para 2,9%, contra os 2,8% do mês anterior, sinalizando persistência de pressões estruturais.

Os fatores com maior impacto no núcleo foram:

  • Rendas residenciais, que continuaram a subir a um ritmo consistente;
  • Seguros de automóvel, com novo aumento acentuado;
  • Serviços recreativos e de saúde pessoal, que contribuíram de forma constante.

Os bens duradouros mostraram sinais mistos, com variações mais contidas, mas os serviços mantêm o núcleo acima da meta de 2% da Reserva Federal.

Tarifas começam a afetar os preços ao consumidor

O relatório de junho trouxe referências explícitas ao impacto inicial das novas tarifas sobre bens importados da China, que começaram a ser aplicadas em maio de 2025. Os primeiros efeitos já se fazem sentir em algumas subcategorias de bens de consumo:

  • Pequenos eletrodomésticos e eletrónica de consumo registaram aumentos mensais discretos;
  • Equipamento desportivo e recreativo, parte das novas listas de bens tarifados, teve subidas localizadas nos preços;
  • Importações de peças e componentes usadas em produtos transformados internamente também começaram a pressionar os preços finais.

Embora o impacto ainda seja limitado e disperso, o relatório salienta que o efeito das tarifas deverá intensificar-se nos meses seguintes, contribuindo para manter alguma rigidez na inflação de bens, mesmo em contextos de arrefecimento da procura.

Reação dos mercados e política monetária

Os dados de inflação de junho alteraram significativamente as expectativas do mercado quanto à trajetória da política monetária da Fed:

  • As yields das Treasuries subiram no imediato, com a taxa a 2 anos a aproximar-se dos 4,50%;
  • A probabilidade de um corte na taxa de juro em setembro caiu para cerca de 55%, face aos mais de 70% anteriores à divulgação;
  • O dólar registou ganhos moderados, com os investidores a anteciparem uma Fed mais paciente;
  • Os principais índices bolsistas corrigiram ligeiramente, com o S&P 500 a recuar 0,4% e o Nasdaq a perder 0,7%.

A mensagem implícita dos mercados é clara: com um núcleo ainda elevado e riscos ascendentes devido às tarifas, a Fed não se precipitará no alívio monetário.

Estrutura dos preços e categorias em destaque

Os principais movimentos por categoria no mês de junho de 2025 foram:

  • Energia: +1,1%, com subida da gasolina e da eletricidade;
  • Alimentação: +0,1%, com variações mínimas nos produtos frescos;
  • Habitação: +0,4%, mantendo forte contribuição mensal;
  • Serviços excluindo energia: +0,3%, sustentando o núcleo;
  • Bens sujeitos a tarifas: subidas pontuais, com menções diretas no relatório.

Estas dinâmicas mostram um cenário misto: moderação em bens de consumo correntes, mas persistência de pressão em serviços e sinais iniciais do impacto das políticas comerciais.

Conclusão

O relatório de inflação de junho de 2025 revelou um abrandamento menos firme do que o antecipado, com aceleração tanto no índice geral como na sua vertente ‘core’. A combinação de pressão contínua nos serviços, custos habitacionais resilientes e o início do impacto das tarifas sobre importações chinesas desenha um quadro mais complexo para a política monetária.

Apesar de a tendência de desinflação estrutural continuar presente, os dados obrigam a Fed a manter uma postura prudente e dependente de dados futuros. O mercado ajustou as suas expetativas, empurrando os potenciais cortes de juros para mais tarde no ano, e reconhecendo que os efeitos secundários das novas tarifas podem prolongar o caminho até à estabilidade de preços.


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Inflação no Consumidor nos EUA, formato “Geral”, atualizado com informações até 15 de Julho de 2025. Categoria: Economia. Classe de Ativos: N/A. Tags: Economia, EUA, Inflação, Inflação no Consumidor, CPI)