EUA, Inflação Atual – 10 Set 25

Inflação nos EUA (junho–agosto de 2025): serviços aquecem, bens sob tarifas e PCE mais firme


Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Inflação atual nos EUA. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos da atividade económica mais relevantes que impactam esta economia e mundo, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.


Strategic Highlights (29 de agosto de 2025)

  • CPI de julho subiu 0,2% m/m e 2,7% a/a, com core +0,3% m/m (maior avanço em 6 meses) e 3,1% a/a, impulsionado por serviços (viagens aéreas +4,0% m/m; cuidados de saúde +0,7%; serviços dentários +2,6%).
  • Energia aliviou o índice: gasolina –2,2% m/m; alimentação estável (ovos –3,9%; carne de vaca +1,5%; leite +1,9%).
  • Tarifas começaram a passar para preços de bens: mobiliário +0,7% m/m, calçado +1,4%, peças auto +0,9% (pneus +1,0%).
  • PPI: junho praticamente estável, mas tarifas a elevar custos de bens; em julho, preços do produtor “aquecem” com bens e serviços.
  • PCE de julho veio mais “firme”, com consumo robusto; leitura core seguiu a tendência de aquecimento face a junho.
  • Mercados: dólar firme antes do CPI de agosto (11 de agosto) e Treasuries com yields ligeiramente mais altas no fim de junho; ações subiram após o CPI de julho mais moderado.
  • Fed: após o CPI de junho, receios de inflação “a materializar-se”; corte em setembro (16–17 de setembro) ficou em aberto dada a persistência nos serviços.
  • Qualidade dos dados: cortes orçamentais no BLS e maior recurso a imputações geraram escrutínio adicional em julho.

CPI: o que mudou de junho para julho

Em junho de 2025, a inflação voltou a ganhar tração, em parte com o início do pass-through das novas tarifas para alguns bens. Em julho, o CPI subiu 0,2% m/m (após 0,3% em junho) e 2,7% a/a, mas a vertente “core” acelerou para 0,3% m/m e 3,1% a/a, com destaque para serviços: viagens aéreas +4,0%, saúde +0,7% e um salto recorde de 2,6% em serviços dentários. A gasolina –2,2% ajudou a conter o índice, enquanto a alimentação estabilizou (ovos –3,9%, carne de vaca +1,5%, leite +1,9%).

Bens sob tarifas vs. serviços persistentes

Os bens sensíveis a tarifas avançaram em julho: mobiliário +0,7%, calçado +1,4%, peças e equipamento para veículos +0,9% (com pneus +1,0%). A pressão em bens coincide com análises de preços de artigos made in China em plataformas online, sugerindo transmissão parcial das tarifas aos consumidores. Em contraste, os serviços continuam a ditar a trajetória da core.

PPI e custos a montante

Do lado do produtor, junho ficou praticamente flat, mas já com sinais de tarifas a elevar custos de bens; em julho, o PPI acelerou com aumentos tanto em bens como em serviços. Este pano de fundo sugere risco de propagação para o consumidor nos próximos meses caso a procura não arrefeça.

PCE: a métrica-chave para a Fed

Os dados de 29 de agosto de 2025 apontam para um julho sólido no consumo e núcleo do PCE mais “quente”, confirmando a leitura do CPI core e reforçando a narrativa de pressão nos serviços. Em estimativas derivadas do CPI, o core PCE de julho teria avançado 0,3% m/m (após 0,3% em junho) e acelerado em termos homólogos, sinalizando persistência acima da meta de 2%.

Consumidor, dólar e yields

A confiança do consumidor melhorou em julho, com perspetivas mais benignas para as finanças pessoais, embora as expectativas de inflação permaneçam teimosas. Nos mercados, o dólar firmou-se antes da leitura de meados de agosto e as yields subiram moderadamente no fim de junho com dados de inflação ainda “suaves” no horizonte. Após o CPI de julho, a bolsa reagiu positivamente ao headline comedida, apesar do core mais forte.

Política monetária: o dilema de setembro

Após a re-aceleração do CPI de junho, vários membros da Fed reconheceram que os receios com a inflação ganharam tração. No entanto, com o mercado de trabalho a arrefecer e a energia a aliviar o headline, as leituras de agosto (CPI e PCE) tornam-se decisivas para setembro (16–17 de setembro): há argumentos para “esperar para ver” e para cortar, sobretudo porque parte do choque tarifário é de efeito único e o risco maior pode estar no emprego.

Qualidade dos dados: mais imputações, mais cautela

Em julho, cortes orçamentais e de pessoal no BLS levaram à suspensão de recolha de preços em algumas áreas e a um maior uso de imputações (estimativas), aumentando a volatilidade potencial das séries. A substituição na liderança do BLS também contribuiu para maior escrutínio sobre a qualidade dos dados. Para investidores, isto recomenda prudência na leitura de movimentos mensais.

O que observar na próxima leitura (setembro de 2025)

  • Serviços “core” (transportes, saúde, shelter): testar se o momentum de julho abranda.
  • Bens sensíveis a tarifas: verificar se a passagem a preços ganha ou perde tração.
  • PCE core: confirmação da trajetória acima de 2% e sinais de desinflação vs. “plateau”.
  • Reação de mercados: dólar e yields como termómetro das expectativas de política da Fed.

Conclusão

Entre junho e agosto de 2025, a inflação nos EUA mostrou um quadro misto: headline contida por energia, mas core pressionada por serviços; bens a refletir tarifas de modo desigual; e PCE a firmar a narrativa de persistência. Para setembro (16–17 de setembro de 2025), a Fed enfrenta um trade-off: apoiar-se no arrefecimento do headline e em riscos para o emprego ou responder à resiliência nos serviços. Até aqui, o baseline é de desinflação mais lenta, exigindo paciência de política e leitura criteriosa de dados cuja qualidade está sob maior escrutínio.


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Inflação Atual no Consumidor nos EUA, formato “Geral”, atualizado com informações até 29 de Agosto de 2025. Categoria: Economia. Classe de Ativos: N/A. Tags: Economia, EUA, Inflação, Inflação no Consumidor, CPI)