DESTAQUES (12 de Março de 2025)

• Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos EUA subiu 0,2% em fevereiro, o menor aumento desde outubro de 2024.
• No acumulado de 12 meses, o CPI aumentou 2,8%, após uma subida de 3,0% em janeiro.
• Preços das habitações subiram 0,3%, representando quase metade do aumento do CPI.
• Tarifas comerciais impostas pelo governo norte-americano aumentam incerteza sobre a inflação futura.
• Fed deverá manter taxas de juro inalteradas na próxima reunião, mas cortes são esperados para junho de 2025.
• Mercados financeiros reagem positivamente, com Wall Street em alta e o dólar a valorizar.

Desempenho da Inflação e Impacto no Mercado

A inflação nos Estados Unidos registou um aumento moderado em fevereiro de 2025, com o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) a subir 0,2%, após uma aceleração de 0,5% em janeiro. O relatório do Departamento do Trabalho, divulgado em 12 de fevereiro de 2025, indicou que os custos de habitação (shelter) foram o principal fator de alta, compensando a queda nos preços das passagens aéreas (-4,0%) e dos combustíveis (-1,0%).

O aumento anual do CPI desacelerou ligeiramente para 2,8%, após um crescimento de 3,0% em janeiro, ficando abaixo das previsões de 2,9% dos economistas consultados pela Reuters. O impacto da inflação tem sido amplificado pelas recentes tarifas comerciais impostas pela administração do presidente Donald Trump, que aumentou as tarifas sobre produtos chineses para 20% e aplicou um novo imposto de 25% sobre importações do Canadá e México. Estas medidas, apesar de conterem isenções temporárias, deverão gerar pressão inflacionária nos próximos meses.

O mercado acionista norte-americano tem registado perdas significativas nos últimos dias devido ao receio de uma desaceleração económica causada pela guerra comercial. No entanto, após a divulgação do CPI, Wall Street apresentou sinais de recuperação, com o dólar a valorizar e os rendimentos dos U.S. Treasury a subir.

Política Monetária da Fed e Perspetivas para 2025

A Reserva Federal (Fed) está atenta aos impactos das tarifas e da inflação, mas os dados de fevereiro deram margem para manter a taxa de juro inalterada na reunião da próxima semana. O banco central já reduziu os juros em 100 pontos base desde setembro de 2024, colocando-os atualmente na faixa de 4,25%-4,50%. Com a deterioração do cenário económico causada pelo aumento das tarifas e a incerteza nos mercados, os investidores esperam que a Fed retome os cortes nas taxas em junho de 2025, após uma pausa no início do ano.

Segundo Chris Low, economista-chefe da FHN Financial, “as guerras comerciais devem impulsionar a inflação nos próximos meses, o que mantém a Fed numa posição cautelosa”.

Composição do CPI: Setores com Maior Impacto

Os principais fatores que influenciaram o aumento do CPI foram:

Habitação (+0,3%) – Inclui alugueres, hotéis e motéis, e representou quase metade do aumento do CPI.
Alimentos (+0,2%) – Moderado em comparação com os +0,4% em janeiro, com os preços dos supermercados estáveis devido à queda no custo das frutas, vegetais e bebidas não alcoólicas.

Ovos (+10,4%) – Forte aumento devido a um surto de gripe aviária, que levou ao abate de galinhas e resultou numa grave escassez de ovos. O preço dos ovos já acumula uma alta de 58,8% num ano, um dos principais fatores de insatisfação dos eleitores nas eleições presidenciais de 2024.

Por outro lado, os preços de alguns bens registaram quedas:

Passagens aéreas (-4,0%) – Reflexo de uma procura mais fraca por viagens corporativas e de lazer.
Combustíveis (-1,0%) – A desaceleração das economias globais reduziu a procura por petróleo.
Veículos novos (-0,2%) – As tarifas e os custos de produção podem inverter esta tendência nos próximos meses. O índice Core CPI, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, subiu 0,2% em fevereiro, após um aumento de 0,4% em janeiro.

O custo dos cuidados de saúde (+0,3%), serviços médicos (+0,4%) e hotelaria (+0,2%) também pressionaram a inflação**. Além disso, os preços de carros usados (+0,9%) e mobiliário doméstico (+0,4%) subiram, enquanto o vestuário aumentou 0,6%, refletindo tarifas sobre importações têxteis.

Conclusão

O relatório do CPI de fevereiro de 2025 trouxe um alívio temporário para a inflação nos EUA, permitindo que a Fed adote uma postura de espera antes de tomar novas decisões sobre as taxas de juro. No entanto, a crescente incerteza gerada pelas tarifas comerciais e o impacto nas cadeias de abastecimento globais poderão reacender as pressões inflacionárias nos próximos meses.

A inflação subjacente continua a mostrar sinais de persistência, especialmente em habitação e serviços, enquanto o aumento nos preços dos alimentos, como os ovos (+58,8% em um ano), mantém o tema da inflação no centro do debate económico e político nos EUA.

Com as taxas de juro atualmente entre 4,25%-4,50%, os mercados esperam que a Fed retome os cortes em junho de 2025 para mitigar os efeitos negativos da guerra comercial.

Os investidores e analistas continuarão a acompanhar os dados económicos, especialmente o Índice de Preços ao Produtor (PPI), que será divulgado na próxima quinta-feira e poderá oferecer novos insights sobre as perspetivas inflacionárias para o restante do ano.