EUA, Inflação PCE – 02 Mar 25

Aqui pode acompanhar as últimas notícias relacionadas com a economia do EUA. As notícias são uma componente importante, pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que influenciam o crescimento económico, a estabilidade financeira e as dinâmicas do mercado local e global.


Inflação ‘Core’ PCE dos EUA Mantém-se Resiliente, Enquanto Gastos dos Consumidores Caem pela Primeira Vez em Dois Anos

Destaques (28 de fevereiro de 2025)

  • Inflação ‘core’ PCE subiu 0,3% em janeiro, após um aumento não revisto de 0,2% em dezembro.
  • Em termos anuais, a inflação ‘core’ PCE subiu 2,6%, desacelerando face aos 2,9% registados em dezembro.
  • Os gastos dos consumidores caíram 0,2%, marcando a primeira contração desde março de 2023.
  • O défice comercial de bens atingiu um recorde de 153,3 mil milhões de dólares, refletindo um aumento de 11,9% nas importações.
  • A Reserva Federal de Atlanta reduziu a sua previsão para o PIB do primeiro trimestre, apontando para uma contração de 1,5%.
  • Aumento dos direitos aduaneiros dos EUA, incluindo tarifas de 25% sobre importações do México e Canadá a partir de 4 de março, pode pressionar a inflação.

Gastos dos Consumidores em Queda e Impacto na Economia

Os gastos dos consumidores, responsáveis por mais de dois terços da economia dos EUA, caíram 0,2% em janeiro, a primeira queda em quase dois anos. Esta contração surge após um aumento de 0,8% em dezembro (revisado em alta), e sinaliza um possível arrefecimento da economia.

Os economistas atribuem esta fraqueza a múltiplos fatores, incluindo:

  • Compras antecipadas em dezembro, motivadas pelo receio do impacto das tarifas impostas pela administração Trump.
  • Condições meteorológicas adversas, com tempestades de neve e incêndios florestais que afetaram grandes cidades, como Los Angeles.
  • Impacto da política fiscal, com cortes de despesas governamentais impostos pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado por Elon Musk.

Em termos de categorias:

  • Gastos em bens caíram 1,2%, com destaque para automóveis, bens recreativos, mobiliário, vestuário e alimentos.
  • Gastos em serviços subiram 0,3%, sustentados por habitação, serviços públicos e alojamento.

A queda dos gastos sugere que o crescimento do primeiro trimestre pode ser mais fraco do que o esperado. A Reserva Federal de Atlanta já reduziu a sua previsão do PIB para o período janeiro-março, indicando uma possível contração de 1,5%, contra uma estimativa anterior de 2,3% de crescimento.

Inflação ‘Core’ PCE Mantém-se Resiliente

Apesar do arrefecimento da economia, a inflação ‘core’ PCE, a métrica preferida da Reserva Federal para avaliar a inflação subjacente – registou um aumento de 0,3% em janeiro, em linha com as previsões. Em termos anuais, a inflação abrandou para 2,6%, face aos 2,9% registados em dezembro.

Os principais fatores que impulsionaram a inflação foram:

  • Preços dos bens aumentaram 0,5%, refletindo custos mais elevados de veículos automóveis e gasolina.
  • Preços dos serviços subiram 0,2%, impulsionados pelos custos dos serviços recreativos.

Embora a tendência de inflação esteja em queda anual, os economistas alertam que os novos tarifários impostos por Trump podem reverter esse processo. A administração norte-americana impôs uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses e anunciou que a tarifa de 25% sobre produtos mexicanos e canadianos entrará em vigor a 4 de março.

Shannon Grein, economista do Wells Fargo, afirma que “as tarifas são a ameaça mais óbvia ao ambiente de preços e os últimos décimos da meta de 2% da Fed permanecem na mira”.

Mercado de Trabalho Resiliente e Rendimentos em Alta

Apesar da queda dos gastos, o rendimento pessoal aumentou 0,9% em janeiro, impulsionado por:

  • Ajustes do custo de vida para beneficiários da segurança social.
  • Aumento de 0,4% nos salários, refletindo a resiliência do mercado de trabalho.

Com os rendimentos a ultrapassarem as despesas, a taxa de poupança subiu para 4,6%, o nível mais alto em sete meses, depois de se situar em 3,5% em dezembro. Os investidores estão atentos à possibilidade de um abrandamento no mercado de trabalho nos próximos meses, já que o aumento das tarifas e os cortes nas despesas do governo podem afetar a confiança das empresas.

Reação do Mercado e Perspetivas para a Fed

A divulgação destes dados teve impacto significativo nos mercados financeiros:

  • As ações em Wall Street apresentaram uma sessão mista, com investidores a ponderarem os riscos para o crescimento económico.
  • O dólar manteve-se estável face a um cabaz de moedas, refletindo a incerteza quanto à política monetária da Fed.
  • Os rendimentos do Tesouro dos EUA caíram, à medida que os investidores aumentaram as apostas num possível corte das taxas de juro já em junho.

Os futuros da Fed Funds Rate agora indicam uma probabilidade elevada de um corte nas taxas em junho, após a pausa em janeiro.

A Fed enfrenta um dilema:

  1. A economia está a perder força, o que justifica cortes nas taxas de juro para evitar uma recessão.
  2. A inflação mostra rigidez e as tarifas podem impulsionar novos aumentos de preços, levando a Fed a manter uma política mais restritiva.

A ata da última reunião da Reserva Federal, publicada na semana passada, mostrou que os responsáveis estão preocupados com o impacto das políticas de Trump na inflação. No entanto, com a economia a abrandar e os gastos dos consumidores a caírem, a pressão para cortes nas taxas de juro pode aumentar.

Conclusão

A inflação ‘core’ PCE nos EUA mantém-se resiliente, mas a economia dá sinais de fraqueza, com os gastos dos consumidores a caírem pela primeira vez em dois anos e o défice comercial a atingir um recorde. O impacto das novas tarifas comerciais impõe um risco adicional, com potenciais efeitos negativos no crescimento e na inflação.

A Reserva Federal poderá enfrentar um dilema nos próximos meses, tendo de equilibrar o abrandamento económico com o risco de subida da inflação. Os mercados agora antecipam um possível corte nas taxas em junho, mas a incerteza sobre o impacto das políticas tarifárias poderá manter a Fed em compasso de espera por mais tempo.

Os investidores e decisores políticos estarão atentos aos próximos dados sobre o mercado de trabalho e às declarações da Fed para avaliar o próximo passo da política monetária nos EUA.    


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Inflação PCE e Core PCE nos EUA, formato “Geral”, atualizado com informações até 28 de Fevereiro de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, EUA, Inflação, Inflação no Consumidor, PCE, Core PCE)

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