Fed mantém taxa e aponta incertezas sobre futuras decisões de corte

Contexto económico e decisão de manter as taxas

Na reunião de política monetária realizada a 17 e 18 de junho de 2025, o Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) decidiu manter a taxa dos fundos federais entre 4,25% e 4,50%, numa decisão unânime. A Fed reconheceu que a atividade económica continua a expandir-se a um ritmo moderado, sustentada por um mercado laboral robusto e alguma resiliência no consumo.

A inflação, medida pelo índice PCE, registou 2,3% em maio de 2025 na medida geral e 2,6% na vertente ‘core’, níveis ainda acima da meta de 2%. Apesar disso, os responsáveis destacaram uma desaceleração progressiva e enfatizaram a importância de aguardar por mais dados antes de avançar com alterações à política monetária.

Tarifas e riscos inflacionistas

As minutas mostram que a Fed continua preocupada com o impacto das tarifas comerciais impostas pelos EUA, especialmente se estas forem prolongadas ou alargadas. Os membros do FOMC discutiram o risco de as empresas transferirem esses custos para os consumidores, o que poderá reacelerar a inflação e colocar em causa o progresso recente.

Embora se tenha registado uma ligeira redução nas incertezas desde abril, o comité frisou que o ambiente económico permanece vulnerável a choques externos, nomeadamente de natureza comercial e geopolítica.

Emprego e crescimento económico

O mercado de trabalho continua estável, mas surgiram sinais de moderação no ritmo de contratações. Algumas empresas estão a adotar uma postura mais cautelosa, refletindo receios sobre a sustentabilidade da procura e os custos operacionais.

Apesar destes ajustes, os dados sugerem que a economia dos EUA voltou a crescer no segundo trimestre de 2025, depois de um ligeiro recuo anterior. O consumo privado manteve-se positivo, sobretudo entre os agregados com rendimentos mais elevados, enquanto os consumidores com rendimentos mais baixos demonstraram maior sensibilidade a preços.

Divergência nas expectativas para 2025

Nas discussões internas, a maioria dos membros do FOMC reconheceu que poderá ser apropriado realizar pelo menos um corte na taxa de juro este ano, desde que os dados sustentem uma trajetória desinflacionária contínua. No entanto, outros participantes alertaram que a inflação ainda não regressou de forma sustentada à meta, o que justifica a manutenção da atual política durante mais tempo.

Todos concordaram que a política monetária se encontra modestamente restritiva e que o atual nível das taxas oferece margem para esperar por sinais mais claros da economia.

Conclusão

As minutas da reunião de junho de 2025 revelam uma Fed cautelosa, mas dividida, perante uma inflação ainda resistente, risco de impacto das tarifas e sinais mistos no mercado laboral. A decisão de manter as taxas reflete o desejo de não comprometer o progresso obtido, mas também de preservar flexibilidade. O rumo da política monetária nos próximos meses continuará dependente da evolução dos dados macroeconómicos e do equilíbrio entre estabilidade de preços e crescimento sustentável.