EUA, PIB e Importações – 07 Mai 25

Aqui pode acompanhar as últimas notícias relacionadas com a economia dos EUA. As notícias são uma componente importante, pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que influenciam o crescimento económico, a estabilidade financeira e as dinâmicas do mercado local e global.


PIB dos EUA contrai pela primeira vez em três anos com impacto de importações e tarifas

Destaques (30 de abril de 2025)

  • O PIB dos EUA caiu 0,3% em termos anualizados no 1.º trimestre de 2025, marcando a primeira contração económica em três anos
  • A principal causa da contração foi um aumento de 41,3% nas importações, com empresas a anteciparem-se às novas tarifas comerciais
  • As reservas acumuladas em armazéns compensaram parcialmente o impacto da balança comercial, com inventários a adicionarem 2,25 pontos percentuais ao PIB
  • O consumo privado cresceu 1,8%, sustentado por serviços e bens não duradouros, mas abaixo dos 4,0% do trimestre anterior
  • A Fed deverá manter as taxas de juro inalteradas, face ao alerta de estagflação provocado por crescimento fraco e inflação persistente

Uma retração marcada pelas importações

A economia dos EUA contraiu 0,3% em ritmo anualizado no primeiro trimestre de 2025, de acordo com a estimativa preliminar do Departamento de Comércio. Esta foi a primeira retração desde o início de 2022, refletindo um impacto extraordinário da política comercial da nova administração.

As empresas norte-americanas, antecipando os aumentos de tarifas impostos por Donald Trump após o “Dia da Libertação”, optaram por antecipar compras de bens importados, provocando uma subida recorde de 41,3% nas importações, o maior salto desde o auge da pandemia.

O resultado foi um défice comercial acentuado, que eliminou 4,83 pontos percentuais do crescimento do PIB. Apesar do aumento modesto das exportações, o impacto do volume importado dominou a balança.

Consumo desacelera, mas resiste

O consumo das famílias, que representa mais de dois terços do PIB, aumentou 1,8% no trimestre, face aos 4,0% do final de 2024. A desaceleração foi significativa, embora o crescimento em março, com um salto de 0,7% nas despesas, tenha revelado uma antecipação nas compras de veículos e bens essenciais antes da aplicação das novas tarifas.

Os principais setores a sustentar o consumo foram serviços de saúde, habitação e bens não duradouros. Os analistas acreditam que a antecipação das compras persistiu em abril, mas alertam que as futuras pressões inflacionistas poderão abrandar o ritmo de consumo.

Aumento de inventários mascara retração

Apesar da forte queda nas exportações líquidas, o acréscimo de inventários em armazéns ajudou a mitigar o impacto. O stock aumentou a um ritmo de 140,1 mil milhões de dólares, contribuindo com 2,25 pontos percentuais para o PIB.

Contudo, os economistas alertam que este efeito poderá transformar-se num entrave ao crescimento nos próximos trimestres, já que o consumo abrandado e os preços mais elevados podem dificultar o escoamento dos stocks acumulados.

Investimento empresarial avança, mas impulso poderá ser temporário

O investimento empresarial em equipamento aumentou 22,5%, com destaque para o setor de tecnologias de informação e transportes. Este dado foi amplamente referido pela Casa Branca como sinal de resiliência da procura interna.

No entanto, analistas sublinham que este investimento reflete sobretudo compras antecipadas, numa tentativa de evitar os custos acrescidos das novas tarifas.

Ambiente político e económico incerto

A administração Trump enfrenta crescente pressão política após os dados negativos. Com 100 dias de mandato completados, a confiança dos consumidores encontra-se em mínimos de cinco anos, e o sentimento empresarial deteriorou-se.

O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, acusou Trump de “afundar a economia americana”, e exigiu mudanças na equipa económica da Casa Branca.

Trump, por sua vez, culpou a administração anterior pelos dados negativos, tentando destacar a robustez da procura interna. “Tivemos números que, apesar do que herdámos, conseguimos virar a nosso favor”, afirmou na Casa Branca.

Inflação e Fed: estagflação à vista?

A inflação voltou a aquecer no primeiro trimestre, mas arrefeceu em março, com o índice PCE (excluindo energia e alimentos) a não registar variação no mês. A moderação da inflação poderá levar a Fed a manter as taxas de juro inalteradas, como preveem os mercados.

No entanto, o cenário de crescimento fraco com preços elevados, estagflação continua a preocupar. A Chief Economist da Morgan Stanley Wealth Management, Ellen Zentner, alertou que o relatório “foi um aviso de estagflação que complica ainda mais a tarefa da Fed”.

Conclusão

O relatório do PIB do 1.º trimestre de 2025 marca uma inversão significativa no ritmo da economia norte-americana, dominado pelo efeito das tarifas comerciais e pelas alterações nos padrões de importação e consumo.

Apesar de sinais de resiliência no investimento e nas despesas em março, a contração do PIB e o salto nas importações geram receios de fragilidade estrutural, com o risco de estagflação a pairar sobre a economia.

A capacidade da administração em estabilizar a política comercial e da Fed em gerir as expectativas de inflação será determinante para evitar uma recessão técnica nos próximos trimestres.


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre Crescimento dos EUA (PIB), formato “Geral”, atualizado com informações até 30 de Abril de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, PIB, EUA, Exportações)