EUA: Bloqueio Interno e Confronto Externo — A Estratégia de Força de Trump
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Strategic Highlights — 17 outubro 2025
- 17 outubro 2025: Casa Branca inicia despedimentos em massa, com 4,2 mil trabalhadores afetados, culminando o shutdown iniciado a 1 outubro.
- 8–10 outubro: Trump mobiliza a Guarda Nacional para Chicago e Portland; tribunais federais bloqueiam as operações, evocando abusos de poder.
- 1–3 outubro: Congelamento de 26 mil milhões USD em fundos para estados democratas, e suspensão de 1,7 bilião USD de operações federais.
- 9–13 outubro: Tensões com a China agravam-se: anúncio de tarifas de 100% a 1 novembro e novos controlos sobre software crítico e metais raros.
- 7 outubro: Washington sinaliza revisão do USMCA com o Canadá e endurece posição sobre voos chineses via Rússia.
Nota de Contexto
Os acontecimentos de agosto a outubro de 2025 marcam o período mais instável da presidência de Donald Trump desde o seu regresso à Casa Branca.
Internamente, o país entrou num shutdown federal prolongado, resultante do impasse entre o executivo republicano e o Senado democrata sobre subsídios de saúde e controlo orçamental.
Externamente, os EUA endureceram a política de confronto económico com a China, elevando tarifas e restringindo exportações tecnológicas, ao mesmo tempo que reavaliam a relação com o Canadá e testam os limites da lei ao mobilizar forças militares em território doméstico.
1. Política Interna: o impasse orçamental e a crise de autoridade federal
A 23 setembro, o OMB (Office of Management and Budget) não divulgava planos de contingência para o iminente 15.º shutdown desde 1981.
O bloqueio orçamental transformou-se, em poucos dias, num instrumento político.
- 25 setembro: o OMB emitiu um memorando interno a pedir planos de redução de força, ameaçando despedir funcionários caso o Congresso não aprovasse financiamento.
- 1 outubro: o governo encerra operações parciais. Cerca de 2 milhões de funcionários federais ficaram sem remuneração e 750 mil foram suspensos sem direito a pagamento.
- 2 outubro: a Casa Branca congela 26 mil milhões USD para estados democratas, 18 mil milhões destinados a transportes e 8 mil milhões a energia verde.
- 3 outubro: o Senado rejeita duas propostas de reabertura, republicana (financiamento até 21 novembro) e democrata (com subsídios de saúde).
Durante a primeira semana do shutdown, o discurso de Trump passou de pressão negocial para retaliação política direta. Em declarações na rede Truth Social, afirmou:
“Bilhões de dólares podem ser poupados”.
A partir de 6 outubro, a Casa Branca ameaçou despedimentos massivos se as conversações “não fossem a lado nenhum”.
Nos dias seguintes, a porta-voz Karoline Leavitt corrigiu Trump, não havia ainda despedimentos “em curso”, mas confirmou que o governo “estava a preparar listas”.
Em 10 outubro, o processo começou de facto: 4 200 funcionários federais receberam notificações de dispensa em sete agências, incluindo 1 400 no Tesouro, 1 100 na Saúde e cortes adicionais nos Departamentos da Educação e do Comércio.
Trump justificou as medidas afirmando que os democratas “iniciaram isto”, chamando às demissões “orientadas contra os democratas”.
A crise atingiu o núcleo do Estado federal. Sindicatos recorreram aos tribunais alegando ilegalidade dos despedimentos durante um shutdown.
O Departamento de Justiça respondeu que as queixas “careciam de base legal”.
O impasse orçamental centrado na exigência democrata de prolongar subsídios de saúde para 24 milhões de americanos, manteve-se até meados de outubro, com o Senado paralisado.
2. Política Interna e Segurança: militarização e tensão federativa
Paralelamente, Trump intensificou o uso da força federal em estados democratas.
Em agosto, ordenou a presença da National Guard em Washington, D.C., e Chicago【turn1file9†source】, antecipando o padrão que ganharia força em outubro.
- 8 outubro: Trump pediu a prisão do governador de Illinois, JB Pritzker, e do autarca de Chicago, acusando-os de “protegerem imigrantes ilegais”.
Simultaneamente, 500 soldados da Guarda Nacional foram mobilizados, dos quais 200 vindos do Texas e 300 de Illinois. - 9–10 outubro: o juiz federal April Perry bloqueou a presença das tropas em Illinois, considerando que “apenas acrescentariam combustível ao fogo”.
Outro tribunal em Portland manteve decisão idêntica. - Trump prometeu recorrer, afirmando que “não fechará os olhos à anarquia nas cidades americanas”.
- O governador Pritzker respondeu:
“Donald Trump não é um rei e o tribunal confirmou isso hoje.”
Estas ações cristalizam uma nova fase: o uso da autoridade executiva em disputa direta com os estados, revivendo memórias da Lei de Insurreição e testando os limites do federalismo.
3. Política Externa: confrontos comerciais e realinhamentos estratégicos
A dimensão externa da política americana evoluiu em paralelo à paralisia doméstica.
3.1. China: tarifas, tecnologia e contenção
Entre 8 e 13 outubro, o Departamento do Comércio anunciou novos controlos sobre software e tecnologias críticas, ampliando restrições à exportação de chips e metais raros.
Simultaneamente, Pequim comunicou que imporá, a partir de 8 novembro, limites à exportação de terras raras usadas em defesa e semicondutores.
A escalada atingiu o ponto máximo quando a Casa Branca confirmou tarifas de 100% sobre importações chinesas a 1 novembro.
O impacto imediato nos mercados foi uma queda superior a 2% nos principais índices americanos.
Apesar da retórica, o Tesouro norte-americano manteve ativa a preparação de um encontro Trump–Xi na Coreia do Sul no final de outubro, qualificado como “on track”, último sinal de abertura antes da imposição efetiva das tarifas.
3.2. Canadá e comércio continental
No eixo norte-americano, 7 outubro marcou uma inflexão: Washington sinalizou a intenção de rever o USMCA, evocando “tratamento justo” mas pressionando o Canadá em setores de aço e automóvel.
O tom diplomático contrastou com a dureza em relação à China, demonstrando a dualidade estratégica da Casa Branca: tolerância negociada com aliados, confronto direto com rivais.
3.3. Aviação e geopolítica
Os EUA anunciaram intenção de banir companhias aéreas chinesas que sobrevoem território russo nas rotas EUA–China, acusando-as de “vantagem competitiva injusta”.
A medida amplia a linha de contenção tecnológica e logística que atravessa toda a política externa americana desde o regresso de Trump ao poder.
4. Leitura Estratégica
O período analisado (agosto–outubro 2025) mostra um binário de colapso interno e escalada externa.
Internamente, o shutdown serviu para reforçar o poder executivo e testar a capacidade de subordinar o Congresso.
Externamente, a Casa Branca consolidou a lógica de coerção económica via tarifas, sanções e controlo tecnológico, enquanto exibia uma postura autoritária doméstica, com o uso de militares em solo americano.
A simultaneidade destas frentes revela uma administração que transforma o conflito em método de governação:
- no plano interno, crise permanente como instrumento político;
- no plano externo, pressão permanente como instrumento estratégico.
Conclusão
O ciclo iniciado a 1 outubro, shutdown, cortes, tarifas, mobilização da Guarda Nacional, expõe uma reconfiguração do poder presidencial nos EUA.
O modelo Trump 2025 combina fiscalismo coercivo, centralização executiva e geoeconomia punitiva.
As próximas semanas dependerão da evolução potencial de conciliação interna e do eventual encontro Trump–Xi.
Se ambos falharem, os Estados Unidos entrarão num inverno político de dupla crise: governabilidade interna paralisada e conflito comercial aberto com a China.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre a Política Interna e Externa dos EUA, formato “Geral”, atualizado com informações até 17 de Outubro de 2025. Categorias: Política. Tags: Geopolítica, Política, EUA)