EUA, Política Monetária – 30 Jan 25

Reunião da FED, Destaques (29 de Janeiro de 2025)

  • Fed mantém taxas de juro inalteradas no intervalo entre 4,25% e 4,50%, aguardando mais dados sobre inflação e emprego.
  • Jerome Powell reafirma abordagem cautelosa, sublinhando que não há pressa em cortar taxas sem evidências claras de descida sustentada da inflação.
  • Incerteza política afeta decisões: Tarifas, cortes fiscais e suspensão de despesas federais da administração Trump podem influenciar a política monetária.
  • Mercados reagem de forma mista: Bolsas em baixa, rendimentos das obrigações estáveis e dólar com ligeira oscilação.
  • Expectativa de cortes nas taxas adiada para junho, com a Fed a antecipar apenas duas reduções em 2025, dependendo dos dados económicos futuros.

Fed Mantém Taxas Inalteradas e Adota Abordagem Cautelosa Perante Incertezas da Administração Trump

Fed Mantém Taxas Estáveis

A Reserva Federal dos EUA (Fed) decidiu manter as taxas de juro inalteradas na reunião de política monetária realizada a 29 de janeiro de 2025, destacando a necessidade de mais dados antes de considerar novos cortes. O presidente do banco central, Jerome Powell, reforçou que não há pressa em reduzir os custos de financiamento, sublinhando que a inflação continua acima da meta e que o impacto das políticas da administração Trump ainda precisa de ser avaliado.

Cenário Económico e Incertezas Políticas

A decisão de manter as taxas no intervalo entre 4,25% e 4,50% surge num contexto de crescimento económico estável, mas com desafios que podem alterar as previsões para os próximos meses. Powell destacou que a Fed está “à espera de ver que políticas são adotadas” pela nova administração antes de tomar medidas adicionais.

Desde a sua tomada de posse, a 20 de janeiro de 2025, o presidente Donald Trump assinou várias ordens executivas com potenciais implicações económicas, incluindo restrições à imigração, ameaças de tarifas de 25% sobre importações do México e do Canadá, cortes de impostos e suspensão de algumas despesas federais.

As tarifas propostas levantam receios de um novo surto inflacionário, enquanto a suspensão de despesas federais pode ter um impacto recessivo no consumo. A incerteza gerada levou a Fed a reforçar a sua abordagem cautelosa.

Inflação e Política Monetária

O comunicado oficial da Fed destacou que, apesar do progresso na redução da inflação em 2024, os preços continuam elevados, com as principais leituras a situarem-se cerca de meio ponto percentual acima do objetivo de 2%. Powell referiu que os responsáveis do banco central preferem aguardar por mais evidências antes de avançar com cortes nas taxas, temendo que uma redução demasiado agressiva possa reacender as pressões inflacionistas.

“A taxa de desemprego tem-se mantido globalmente estável há seis meses, e as últimas leituras da inflação sugerem leituras mais positivas”, afirmou Powell. No entanto, alertou que “não precisamos de ter pressa em ajustar a nossa orientação política”, reiterando que reduzir a restrição monetária demasiado rápido pode prejudicar o progresso na inflação.

Os investidores ajustaram as suas expectativas após a reunião da Fed, apostando agora que o primeiro corte nas taxas poderá ser adiado para junho de 2025.

Reação do Mercado

A resposta dos mercados foi mista. Enquanto as ações norte-americanas fecharam em baixa, os rendimentos das obrigações dos EUA mantiveram-se estáveis e o dólar oscilou ligeiramente, refletindo um tom mais hawkish do que o esperado.

A incerteza sobre a política económica da administração Trump também adiciona um fator de volatilidade, especialmente porque não houve clarificações sobre as tarifas comerciais que o presidente prometeu implementar.

Perspetivas para 2025

A Fed já tinha reduzido as taxas três vezes em 2024, num total de 1 ponto percentual, mas agora os responsáveis do banco central querem avaliar se essa flexibilização foi suficiente para sustentar o crescimento económico sem reacender a inflação.

As projeções mais recentes indicam que a Fed poderá realizar dois cortes de 0,25 pontos percentuais ao longo do ano, mas essa decisão dependerá dos próximos dados económicos, incluindo o Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE), a ser divulgado nos próximos dias.

Segundo alguns economistas, a Fed está a tentar equilibrar um mercado de trabalho sólido com o risco de novas pressões inflacionistas geradas pelas potenciais tarifas e políticas fiscais expansionistas da administração Trump.

Brian Jacobsen, economista da Annex Wealth Management, afirmou que “a Fed parece pensar que a economia está presa a uma baixa taxa de desemprego e a uma inflação elevada”, enquanto Lindsay Rosner, da Goldman Sachs Asset Management, observou que “embora o ciclo de flexibilização ainda não tenha terminado, a Fed precisa de ver mais progresso na inflação antes de avançar com novos cortes”.

Conclusão

A decisão da Fed de manter as taxas estáveis reflete um ambiente económico ainda incerto, onde os riscos inflacionários associados às políticas da administração Trump podem influenciar futuras decisões. Com a inflação ainda acima da meta e os mercados a aguardar maior clareza sobre tarifas, fiscalidade e despesa pública, a Fed optou por uma abordagem prudente, adiando cortes adicionais até ter dados mais concretos sobre o rumo da economia dos EUA.

Os investidores agora voltam a sua atenção para os próximos dados sobre inflação e emprego, que serão fundamentais para definir a trajetória da política monetária nos próximos meses.


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Política Monetária dos EUA (FED), formato “Geral”, atualizado com informações até 30 de Janeiro de 2025. Categorias: Política Monetária. Tags: Política Monetária, FED, Banco Central, Taxa de Juro, EUA)