Decisão da reunião de setembro

Na reunião de 17 de setembro de 2025, a Fed reduziu a taxa dos Fed Funds em 25 pontos-base, para o intervalo 4,00%–4,25%. Foi o primeiro corte em nove meses, após a pausa iniciada em dezembro de 2024. A decisão teve como principal justificação o enfraquecimento do mercado laboral, com destaque para o aumento do desemprego entre trabalhadores negros e a redução das horas semanais médias.

Jerome Powell afirmou em conferência de imprensa que a Fed está agora mais preocupada com o emprego do que com riscos de inflação, embora tenha garantido que a decisão não foi tomada por pressões políticas externas. Ainda assim, a medida vai ao encontro das exigências do Presidente Donald Trump, que pedia cortes mais agressivos, mas ficou aquém da sua proposta de uma redução de meio ponto percentual.

Projeções económicas (SEP)

O Summary of Economic Projections (SEP) publicado no mesmo dia revelou as novas estimativas do FOMC:

• PIB real: +1,6% em 2025 (vs. +1,4% em junho), +1,8% em 2026, +1,9% em 2027 e +1,8% em 2028.
• Desemprego: 4,5% em 2025, a cair gradualmente para 4,2% em 2028.
• Inflação PCE: 3,0% em 2025, descendo para 2,0% em 2028.
• Core PCE: 3,1% em 2025, 2,6% em 2026, 2,1% em 2027 e 2,0% em 2028.
• Taxa dos Fed Funds: 3,6% em 2025, 3,4% em 2026, 3,1% em 2027, 3,1% em 2028, estabilizando em 3,0% no longo prazo.

O dot plot confirmou esta trajetória, com a maioria dos membros a apontar para cortes adicionais este ano, estabilizando depois numa taxa neutra próxima de 3%.

Contexto pré-reunião

As semanas que antecederam a decisão foram marcadas por intensa pressão política e de mercado. As minutas de julho mostraram que os membros mais agressivos estavam isolados, enquanto Powell, em Jackson Hole a 22 de agosto, admitiu que cortes seriam necessários mas avançariam com cautela. No final de agosto, Trump intensificou as críticas à Fed, colocando em causa a sua independência, enquanto o dólar enfraqueceu com os investidores a anteciparem descidas de taxas.

Em setembro, os dados laborais reforçaram a perceção de abrandamento. A 11 de setembro, análises apontavam que a Fed estava pronta para cortar, com as preocupações com o emprego a sobreporem-se ao risco inflacionista. Dias depois, em 14 de setembro, Powell reiterou que o FOMC não hesitaria em agir se a situação laboral continuasse a deteriorar-se.

Conclusão

A decisão de 17 de setembro de 2025 marca o início de um novo ciclo de cortes, com a Fed a sinalizar mais dois passos até ao final do ano. O foco mudou da inflação para o emprego, numa inversão clara de prioridades face ao ciclo de aperto anterior. Embora a medida tenha sido consistente com os dados económicos, o contexto político adiciona pressão à instituição. A médio prazo, a Fed projeta regressar ao objetivo de 2% de inflação em 2028, com taxas a convergirem para 3,0%, mas o ritmo dependerá da evolução do mercado de trabalho e das tensões políticas em torno da sua independência.

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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Política Monetária nos EUA (FED), formato “Geral”, atualizado com informações até 17 de Setembro de 2025. Categorias: Bancos Centrais. Tags: Política Monetária, FED, Banco Central, Taxa de Juro, EUA)