General Motors, News – 20 Out 25

General Motors recua no aproveitamento de incentivos fiscais a veículos elétricos e acentua incerteza no mercado EV dos EUA


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Strategic Highlights – 10 outubro 2025

  • 8 outubro 2025: a General Motors (GM) abandonou o plano de reclamar créditos fiscais de USD 7.500 para veículos elétricos (EV) em leasing, após críticas políticas e dúvidas regulatórias.
  • A medida previa reclamar o crédito através da GM Financial em ~20.000 veículos elétricos, amortizando o valor nas condições de lease até final do ano.
  • A decisão da GM levou a Ford a seguir o mesmo caminho no dia seguinte (9 outubro), marcando um recuo coletivo das fabricantes norte-americanas perante o fim do incentivo federal.
  • A GM manterá incentivos próprios de leasing até final de outubro, enquanto revê a estratégia de financiamento para o portefólio elétrico.
  • O episódio expôs fragilidades na dependência fiscal do setor EV, revelando risco político e incerteza regulatória às vésperas do ciclo eleitoral norte-americano.

Nota de Contexto

A General Motors Company (GM), sediada em Detroit, é uma das maiores fabricantes automóveis do mundo e um dos principais protagonistas da transição elétrica nos EUA.
Através da marca Chevrolet, tem apostado no Blazer EV, Equinox EV e Silverado EV, integrando a estratégia “Zero Crashes, Zero Emissions, Zero Congestion”.
O crédito federal de USD 7.500 para leasing de EV, previsto no Inflation Reduction Act (IRA), foi um instrumento-chave para sustentar a procura durante a fase de massificação.
A sua expiração a 30 setembro 2025 criou um vazio de incentivo direto, com impacto imediato sobre a competitividade de preço e as margens de financiamento.

1. O recuo da GM e o fim do crédito fiscal

Em 8 outubro 2025, a GM anunciou a suspensão do plano de reclamar créditos fiscais através da sua financeira, GM Financial, um mecanismo interno desenhado para contornar o fim do incentivo federal a leases.

O programa previa que a GM Financial comprasse veículos elétricos em stock dos concessionários, reclamando o crédito de USD 7.500 por unidade, e o repassasse integralmente ao consumidor via condições de leasing.
O plano teria abrangido cerca de 20.000 veículos elétricos, incluindo o Chevrolet Blazer EV, com adiantamentos estimados em 5% do preço máximo de cada modelo, o que corresponderia a ~USD 6.300 em dois veículos tope de gama (~USD 60.000 cada).

A reversão ocorreu após críticas do senador Bernie Moreno (Ohio), que questionou a legitimidade do aproveitamento do crédito após a sua expiração formal.
Em comunicado, a GM justificou:

After further consideration, we have decided not to claim the tax credit.

Apesar do recuo, a empresa anunciou que manterá incentivos de leasing até ao fim de outubro, como medida transitória para amortecer o impacto nas vendas.

2. Efeito sistémico: Ford segue o exemplo

A decisão da GM teve efeito imediato no setor. A Ford Motor Company, que preparava um esquema semelhante através da sua financeira Ford Credit, recuou no dia 9 outubro 2025, adotando incentivos alternativos em vez de reclamar créditos fiscais expirados.

Ambas as fabricantes haviam negociado previamente com o IRS sobre a estrutura de elegibilidade, tentando preservar o acesso ao crédito via leasing, mesmo após o prazo de 30 setembro.
O cancelamento sincronizado das duas maiores construtoras norte-americanas foi interpretado como um sinal de cautela legal e política, refletindo temores de controvérsia pública e risco reputacional.

A Ford Credit optou por manter 0% de financiamento até 72 meses e leasing competitivo sem crédito fiscal, replicando a abordagem transitória da GM.
O movimento conjunto reforçou o clima de incerteza no mercado norte-americano de EVs, num momento em que as vendas crescem menos do que o esperado e os custos de produção permanecem elevados.

3. Impactos estratégicos e operacionais

O episódio expôs vulnerabilidades estruturais no modelo de expansão elétrica da GM, fortemente dependente de incentivos fiscais para sustentar margens e competitividade de preço.

  • O crédito de USD 7.500 era determinante para manter rendas de leasing atrativas, sobretudo em modelos de segmento médio (Equinox e Blazer EV).
  • A sua remoção imediata deverá aumentar o custo efetivo do lease em 10–12%, afetando a procura no quarto trimestre.
  • O pico de vendas de setembro (antes do fim do crédito) poderá ser seguido por uma retração acentuada em outubro e novembro, até novas medidas de compensação serem definidas.

Além do impacto comercial, a decisão levanta questões sobre a previsibilidade regulatória nos EUA.
A volatilidade política em torno da política industrial verde torna difícil às fabricantes planearem ciclos de produção e preços de longo prazo, o que compromete investimentos em novas linhas elétricas.

4. Implicações políticas e de mercado

O fim súbito do incentivo e o recuo coordenado das fabricantes ocorrem num momento de tensões políticas sobre o Inflation Reduction Act, cuja revisão é debatida em Washington.
A posição do senador Bernie Moreno, crítico dos subsídios a grandes corporações, simboliza a viragem política na narrativa de apoio industrial.

Analistas de mercado avaliam que a GM:

  • Evita um conflito direto com o Congresso, mas assume o custo de curto prazo na procura e margem operacional.
  • Demonstra prudência institucional, ao priorizar a conformidade e a reputação regulatória sobre a maximização de incentivos.
  • Pode reconfigurar a política de financiamento interno (via GM Financial) para futuras rondas de incentivos, caso o IRS flexibilize os critérios.

No mercado bolsista, a reação inicial foi neutra a ligeiramente negativa, com investidores a ponderar o impacto de curto prazo nas margens de leasing mas reconhecendo a mitigação de risco político.

5. Perspetivas

A curto prazo, a GM enfrenta ajustamentos comerciais e pressão na procura de EVs, especialmente nos segmentos com margens mais baixas.
Contudo, a empresa mantém fundamentos sólidos na transição elétrica, nomeadamente a integração vertical via Ultium Cells e o pipeline robusto de modelos elétricos até 2026.

A médio prazo, espera-se que:

  • A GM reformule os seus programas de financiamento interno, reduzindo a dependência de incentivos externos.
  • A volatilidade política nos EUA continue a condicionar o ritmo da eletrificação.
  • A empresa reforce a sua estratégia de resiliência regulatória, coordenando lobby industrial e prudência fiscal para evitar exposição reputacional.

Conclusão

O recuo da General Motors no uso dos créditos fiscais a veículos elétricos marca um ponto de inflexão na política industrial norte-americana e evidencia os limites da dependência de incentivos para sustentar a transição energética.
A decisão, embora de curto prazo negativa para as vendas, reforça a credibilidade institucional da GM e preserva margem de manobra regulatória para o futuro.

Num ambiente em que o risco político rivaliza com o tecnológico, a GM reposiciona-se como fabricante prudente, disciplinada e focada na sustentabilidade operacional, mantendo o seu objetivo de alcançar rentabilidade plena na divisão EV até 2027, mas agora com menor apoio fiscal e maior autonomia estratégica.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a General Motors, formato “News”, atualizado com informações até 10 de Outubro de 2025. Categorias: Transporte. Tags: Acionista, General Motors, EUA, Transporte, Automóveis, GM)

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