General Motors: Recuo Acelerado no Elétrico e Reconfiguração Global das Cadeias de Fornecimento
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a General Motors. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights — 12 novembro 2025
- Corte de 1.200 empregos na fábrica EV de Detroit, 550 na fábrica de baterias no Ohio e suspensão de produção de células por 6 meses.
- Redução de 50% da produção EV em Detroit, passando de dois para um turno.
- GM instrui vários milhares de fornecedores a remover componentes provenientes da China até 2027 em alguns casos.
- Encargo de $1,6 mil milhões associado à revisão da estratégia EV; previsão anual de lucro elevada para $13 mil milhões.
- Executivos alertam que “desenredar” cadeias de fornecimento com 20–30 anos de dependência chinesa levará vários anos.
Nota de Contexto
A General Motors é uma das maiores fabricantes automóveis do mundo, com forte presença na América do Norte e um portefólio que vai de pickups de grande escala a modelos totalmente elétricos. A empresa tem sido um dos protagonistas da transição para veículos elétricos (EV), anunciando em 2021 a ambição de vender apenas EVs a partir de 2035. Contudo, o abrandamento abrupto da procura nos EUA, o fim de incentivos fiscais federais e a crescente incerteza regulatória alteraram significativamente o rumo estratégico da GM em 2025. Em paralelo, as tensões geopolíticas entre EUA e China aumentaram o risco operacional nas cadeias de fornecimento globais, pressionando a empresa a acelerar a diversificação de sourcing.
1. Resultados Recentes e Ajustamentos Estratégicos
A GM entrou no último trimestre de 2025 com objetivos financeiros robustos, incluindo uma revisão em alta da previsão de lucros anuais para $13 mil milhões, mas simultaneamente com a necessidade de ajustar de forma significativa a sua estratégia elétrica.
Embora a empresa tenha sido pioneira na eletrificação de pickups de grande porte, o cenário de mercado deteriorou-se rapidamente. A expiração do crédito fiscal federal de $7.500 para compradores de EV tornou a compra de veículos elétricos substancialmente mais dispendiosa, resultando numa queda acentuada da procura.
Apesar da pressão operacional, a GM manteve guidance de redução das perdas no segmento EV a partir de 2026, mas as medidas operacionais anunciadas apontam para um período de transição mais prolongado do que o inicialmente previsto.
2. Desaceleração Agressiva da Produção EV
2.1 Cortes de produção e pessoal
Num movimento que marcou um ponto de viragem estratégico, a GM anunciou a redução de produção na fábrica Detroit-Hamtramck, que passará de dois turnos para apenas um, uma queda operacional estimada de 50%. Isto resultou em:
- 1.200 despedimentos na fábrica EV de Detroit
- 550 despedimentos na fábrica de baterias de Ohio
- Suspensão de produção de células de bateria em duas fábricas (Tennessee e Ohio) por cerca de 6 meses
- 1.550 layoffs temporários adicionais nas operações de baterias
Estes cortes afetam diretamente modelos EV icónicos do portefólio GM, incluindo Chevrolet Silverado EV, GMC Sierra EV, Hummer SUV e Escalade IQ, precisamente os produtos que sustentavam a narrativa de liderança no segmento elétrico.
2.2 Cancelamento de produtos
O cancelamento da produção da carrinha elétrica BrightDrop, apenas alguns anos após o seu lançamento, reforça a necessidade de reavaliar projeções de rentabilidade no segmento comercial EV, onde a empresa verificou fraca tração.
2.3 Contexto da decisão
A GM justificou os cortes com “slower near-term EV adoption and an evolving regulatory environment”, admitindo pela voz da CEO Mary Barra que a adoção será “much lower than planned” no curto prazo. O sindicato UAW criticou a empresa por avançar com os cortes numa altura em que as previsões de lucro estão em máximos históricos.
Além disso, a empresa registou um encargo de $1,6 mil milhões devido à revisão da estratégia EV, sinal claro de que o alinhamento entre ambição elétrica e realidade económica exigiu um redimensionamento profundo.
3. Cadeia de Fornecimento: A Estratégia de Desacoplamento da China
3.1 Uma mudança estrutural, não tática
O segundo grande eixo estratégico da GM em 2025 é a reorientação radical da cadeia de fornecimento. A empresa comunicou a vários milhares de fornecedores que devem remover gradualmente a dependência de componentes e matérias-primas provenientes da China, um pedido que, em alguns casos, terá de estar operacional até 2027.
Esta mudança insere-se num contexto de riscos sucessivos:
- Tarifas imprevisíveis nos EUA
- Restrições chinesas de exportação de componentes com terras raras (abril e outubro de 2025)
- Disrupção causada pela suspensão temporária de exportações de chips Nexperia
- Aumento generalizado do risco geopolítico EUA–China
O objetivo da GM é reforçar a “resiliency” da cadeia de fornecimento, privilegiando produção localizada na América do Norte e evitando países sujeitos a restrições de segurança nacional.
3.2 Custos operacionais e dificuldades de execução
O maior desafio não é conceptual, mas operacional. A indústria automóvel depende há 20–30 anos de fornecedores chineses para componentes críticos, desde chips básicos até ferramentas industriais e subconjuntos eletrónicos. Rever esta cadeia “em poucos anos” é considerado pelos fornecedores como extremamente complexo e oneroso.
A própria associação MEMA alerta:
“We’re trying to undo 20 or 30 years of supply-chain integration in just a few years — it’s not going to happen that fast.”
A GM já deu passos relevantes: investimento numa mina de lítio no Nevada e parcerias com empresas de terras raras nos EUA. Mas a nova fase é muito mais abrangente e visa componentes de baixo valor unitário, mas essencial para a produção em massa.
4. Implicações de Mercado e Perspetivas
A estratégia atual da GM aponta para um reposicionamento cuidadoso entre três vetores:
- Redução de ritmo no elétrico para travar perdas e ajustar à procura real.
- Reforço da segurança de fornecimento para mitigar riscos geopolíticos e tarifários.
- Manutenção de força financeira para suportar o ciclo de transição, incluindo lucros projetados de $13 mil milhões.
A recuperação da procura por EV dependerá do quadro fiscal nos EUA, do ritmo de normalização da inflação automóvel e do lançamento de novos modelos mais acessíveis. No lado industrial, a execução do redesenho da cadeia global será determinante para reduzir riscos de produção, sobretudo em segmentos dependentes de eletrónica e de materiais críticos.
Conclusão
A General Motors entrou num ciclo de pragmatismo estratégico. Depois de anos de expansão agressiva no elétrico, a empresa ajusta agora o plano à realidade de mercado, reduzindo produção, revendo investimentos e absorvendo custos de transição. Em paralelo, posiciona-se para um ambiente geopolítico dominado pela fragmentação das cadeias de fornecimento, antecipando riscos com uma das iniciativas mais ambiciosas de relocalização da indústria automóvel norte-americana.
O sucesso desta estratégia dependerá da capacidade de equilibrar três pressões simultâneas: reconstruir a resiliência da cadeia industrial, manter capacidade financeira robusta e relançar a agenda elétrica num momento mais oportuno. As medidas tomadas em 2025 mostram que a empresa está disposta a ajustar rota rapidamente, mas também que os desafios estruturais que enfrenta vão perdurar ao longo dos próximos anos.
Visite o Disclaimer para mais informações.
Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre a General Motors, formato “News”, atualizado com informações até 12 de Novembro de 2025. Categorias: Transporte. Tags: Acionista, General Motors, EUA, Transporte, Automóveis, GM)