Resultados superam previsões, mas vacinas continuam sob pressão

A GSK reportou no 1.º trimestre de 2025 lucros de 44,9 pence por ação, superando os 40,9 pence esperados, e receitas de 7,52 mil milhões de libras, acima das previsões de 7,42 mil milhões. O bom desempenho foi impulsionado pelo portefólio de medicamentos oncológicos, numa fase em que o grupo procura substituir receitas em declínio nas áreas de HIV e vacinas.

A divisão de vacinas, contudo, voltou a desiludir, com as vendas da Arexvy, aposta da GSK para o vírus sincicial respiratório, a recuarem 57%, totalizando apenas 100 milhões de libras. A empresa mantém a expectativa de que Arexvy se torne um blockbuster, com vendas anuais superiores a 3 mil milhões de libras, mas a trajetória comercial tem falhado consecutivamente as metas.

Preparada para enfrentar tarifas dos EUA

Num momento em que o setor farmacêutico enfrenta tarifas potenciais sobre medicamentos importados nos EUA, a GSK afirma estar “bem posicionada” para absorver o impacto. A CEO Emma Walmsley destacou o uso crescente de tecnologia e inteligência artificial para cortes de custos, bem como uma estrutura de fornecimento dual desenvolvida durante o spin-off da Haleon em 2022.

Apesar da ausência de detalhes operacionais, a empresa tranquilizou os investidores ao indicar que não serão necessárias novas medidas para proteger o fornecimento aos EUA.

Recorde-se que, segundo estimativas recentes, tarifas farmacêuticas poderiam elevar os custos de medicamentos em 51 mil milhões de dólares por ano nos EUA. A indústria tem pressionado a administração Trump para uma introdução faseada das tarifas, o que poderá beneficiar empresas como a GSK com estrutura global de produção já parcialmente localizada.

Expansão no portefólio de infeções e antibióticos

Em março, a GSK obteve aprovação da FDA para o antibiótico Blujepa, destinado a tratar infeções urinárias não complicadas em mulheres a partir dos 12 anos. O medicamento, baseado na substância gepotidacina, atua de forma inovadora sobre as bactérias, demonstrando eficácia superior face ao standard nitrofurantoína.

O lançamento nos EUA está previsto para o segundo semestre e será uma das cinco novas aprovações esperadas pela GSK em 2025. A empresa estima que Blujepa, Brexafemme e tebipenem possam gerar mais de 2 mil milhões de libras por ano em receitas no pico.

Estratégia de longo prazo reforçada por recompra de ações

Em fevereiro, a GSK anunciou um programa de recompra de ações de 2 mil milhões de libras e reviu em alta a meta de vendas para 2031, fixando-a acima dos 40 mil milhões de libras. A CEO sublinhou que a prioridade é o investimento em áreas de maior valor acrescentado como oncologia, HIV e inflamação, e reafirmou o foco em medicamentos de ação prolongada.

Os resultados do quarto trimestre de 2024 também tinham superado as previsões, com receitas de 8,12 mil milhões de libras e lucro por ação de 23,2 pence, reforçando a confiança do mercado. As ações da empresa subiram mais de 6% após essa divulgação.

Conclusão

A GSK entra em 2025 com um desempenho financeiro sólido e uma estratégia de diversificação cada vez mais evidente. A capacidade da empresa em resistir ao impacto das tarifas dos EUA, aliada ao investimento em novos antibióticos e medicamentos especializados, reforça o seu posicionamento competitivo.

No entanto, a pressão nas vendas de vacinas e a aproximação de perdas de exclusividade nos produtos HIV exigem execução cuidadosa. A evolução do ambiente político nos EUA, incluindo a nomeação de Robert F. Kennedy Jr., conhecido cético das vacinas, poderá ainda introduzir volatilidade regulatória.

A combinação entre foco tecnológico, inovação terapêutica e contenção de custos poderá ditar se a GSK conseguirá finalmente desbloquear o crescimento sustentado que o mercado tanto procura.