
IEA revê em baixa a produção de hidrogénio de baixas emissões para 2030
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com as projeções da IEA Hidrogénio. Acompanhamos de forma contínua os principais índices, ativos e setores, oferecendo uma visão abrangente sobre as tendências e os fatores que impactam a economia mundial, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights – 12 setembro 2025
- A IEA reduziu em quase 25% a projeção de produção mundial de hidrogénio de baixas emissões até 2030, passando de 49 Mt/ano (2024) para 37 Mt/ano.
- Apenas 4 Mt/ano estão já assegurados (em operação, construção ou com FID), valor que representa um aumento de cinco vezes face a 2024.
- A competitividade de custos é o maior entrave: queda dos preços do gás natural reforça a vantagem do hidrogénio fóssil, enquanto eletrolisadores ficaram mais caros.
- A China domina o setor, concentrando 65% da capacidade mundial instalada ou em FID de eletrolisadores e ~60% da capacidade de fabrico global.
- O Sudeste Asiático surge como novo polo, com projetos que podem atingir 430.000 t/ano em 2030, face a apenas 3.000 t/ano hoje.
Nota de Contexto: quem é a IEA?
A International Energy Agency (IEA) é uma organização intergovernamental criada em 1974, sedeada em Paris, com 31 países membros e parceiros estratégicos. A sua missão é garantir segurança energética, promover políticas de transição para energias limpas e acompanhar o mercado global de energia através de análises, projeções e recomendações. Os seus relatórios são considerados uma referência mundial para governos, reguladores, investidores e empresas.
Resultados e Revisão de Projeções
A Agência Internacional de Energia (IEA) publicou o Global Hydrogen Review 2025 com uma revisão significativa em baixa das perspetivas para a produção de hidrogénio de baixas emissões. A meta de 49 milhões de toneladas/ano (Mt/ano) projetada em 2024 foi ajustada para 37 Mt/ano em 2030, refletindo um corte de quase 25%.
Este recuo é explicado por uma combinação de fatores:
- Cancelamentos e adiamentos de projetos.
- Custos crescentes de equipamentos, em particular de eletrolisadores.
- Falta de clareza regulatória e políticas de apoio inconsistentes.
Apesar da revisão, a IEA sublinha que o pipeline sólido já em marcha (operações, construção e projetos com decisão final de investimento) deverá crescer de forma expressiva: de valores residuais em 2024 para 4 Mt/ano em 2030, mais de cinco vezes superior ao nível atual.
Drivers de Mercado
O obstáculo central continua a ser a competitividade de custos.
- A recente queda do preço do gás natural aumentou a vantagem comparativa do hidrogénio fóssil.
- O encarecimento dos eletrolisadores reduziu a viabilidade económica de projetos de hidrogénio verde.
Ainda assim, a IEA espera que a diferença de custos se estreite até 2030, impulsionada por:
- Redução dos custos tecnológicos com maturação da indústria.
- Expansão das renováveis em mercados chave.
- Novas regulamentações de apoio à transição energética.
Geografia e Cadeia de Valor
A China consolida-se como epicentro da indústria:
- 65% da capacidade mundial instalada ou em FID de eletrolisadores.
- ~60% da capacidade de fabrico global.
No entanto, o setor enfrenta riscos de sobrecapacidade: mais de 20 GW/ano de capacidade de fabrico já instalada, num contexto em que a procura ainda não acompanha esse ritmo.
Fora da China, os fabricantes lutam com custos crescentes e procura lenta, enquanto a instalação de eletrolisadores chineses em mercados internacionais não mostra vantagens significativas quando se incluem custos de transporte e tarifas.
Em contraste, o Sudeste Asiático emerge como novo polo de crescimento:
- Passagem de 3.000 t/ano atuais para 430.000 t/ano até 2030 em projetos já anunciados.
Perspetivas
Se os governos implementarem políticas eficazes de estímulo à procura e acelerarem a construção de infraestruturas, a produção poderá crescer em mais 6 Mt/ano adicionais até 2030. Isso elevaria o total potencial para ~10 Mt/ano assegurados/potenciais, ainda longe da meta inicial de quase 50 Mt/ano.
A evolução dependerá de três fatores-chave:
- Escala industrial que permita reduzir custos de eletrolisadores.
- Alinhamento regulatório global, com políticas consistentes de apoio.
- Gestão da sobrecapacidade chinesa, que poderá distorcer preços e margens.
Conclusão
A revisão da IEA confirma que a transição para o hidrogénio de baixas emissões está a avançar, mas a um ritmo muito inferior ao inicialmente projetado. O corte de quase 25% na previsão para 2030 mostra que os constrangimentos financeiros, tecnológicos e regulatórios permanecem fortes.
O mercado global tende a polarizar-se: por um lado, a China como força dominante na cadeia de valor; por outro, regiões emergentes como o Sudeste Asiático a posicionarem-se como polos de procura.
Para os investidores e decisores, a mensagem é clara: sem políticas robustas de estímulo à procura e sem uma redução acelerada de custos tecnológicos, a indústria continuará abaixo do seu potencial, deixando em aberto o risco de incumprimento das metas climáticas.
Visite o Disclaimer para mais informações.
Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre as projeções de Hidrogénio pela IEA, formato “Geral”, atualizado com informações até 12 de Setembro de 2025. Categorias: Global. Tags: Global, IEA, Hidrogénio, Energia)