
Japão: inflação dos serviços acelera, mas preços ao consumidor estabilizam em setembro
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Inflação do Japão. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos da atividade económica mais relevantes que impactam esta economia e mundo, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights — 26 setembro 2025
- Serviços empresariais (SPPI) subiram 2,7% em agosto, após 2,6% em julho, reforçando pressões inflacionistas ligadas a custos laborais.
- Inflação subjacente em Tóquio manteve-se em 2,5% em setembro, abaixo da previsão de 2,8%, refletindo medidas locais de apoio ao consumo.
- Banco do Japão (BoJ) manterá sob análise estes indicadores na reunião de 29–30 outubro, onde atualizará projeções de crescimento e preços.
- Taxas de juro curtas permanecem em 0,5%, mas dois membros do conselho já defenderam uma subida para 0,75%.
- Mercado antecipa novo aumento de 25 pontos base até final do ano, embora dividido entre outubro e janeiro.
Nota de Contexto
O Bank of Japan (BoJ) encerrou em 2024 o seu programa de estímulos de uma década e iniciou, em janeiro de 2025, um processo de normalização monetária, elevando a taxa diretora para 0,5%.
A inflação japonesa tem permanecido acima dos 2% há mais de três anos, sustentada por aumentos salariais e custos de energia, mas com grande variabilidade entre setores.
O BoJ enfrenta agora o desafio de calibrar as taxas de forma a consolidar a estabilidade de preços sem travar a recuperação económica, num contexto de abrandamento global e impacto das tarifas norte-americanas sobre as exportações japonesas.
1. Dinâmica recente dos preços
Os dados de agosto e setembro mostram uma divergência setorial clara: a inflação de serviços continua firme, enquanto os preços ao consumidor revelam sinais de moderação.
- O Serviços Producer Price Index (SPPI), indicador dos preços entre empresas, avançou 2,7% em agosto face a igual mês de 2024, após 2,6% em julho .
- O segmento hoteleiro destacou-se com um aumento de 7,6% (vs 5,4% em julho), impulsionado pelo turismo internacional em recuperação.
- Em contraste, a inflação subjacente de Tóquio (core CPI), que exclui alimentos frescos mas inclui energia, manteve-se em 2,5% em setembro, contra previsões de 2,8% e igual valor em agosto.
Este abrandamento reflete, em grande parte, iniciativas do governo metropolitano, como reduções nas taxas de água e nas mensalidades de creches, destinadas a aliviar o custo de vida urbano.
2. Indicadores subjacentes e composição da inflação
O índice mais restrito, que exclui alimentos frescos e energia, considerado o melhor medidor da tendência estrutural, caiu de 3,0% em agosto para 2,5% em setembro, sinalizando perda de dinamismo nas pressões de base.
A inflação alimentar (excluindo frescos) desacelerou de 7,4% para 6,9%, confirmando que a moderação nos preços dos alimentos processados está a compensar o aumento de custos salariais e logísticos.
Segundo o economista Koya Miyamae (SMBC Nikko Securities), “excluindo fatores pontuais, o quadro geral mantém-se: a inflação alimentar abranda, mas o BoJ deve olhar também para exportações, lucros empresariais e o impacto das tarifas dos EUA antes de decidir sobre a próxima subida de taxas”.
3. Política monetária e perspetivas do BoJ
O BoJ manteve as taxas inalteradas na reunião de setembro, mas o número crescente de dissidências internas, dois membros propuseram subir para 0,75%, mostra maior preocupação com a persistência da inflação.
A instituição planeia rever as suas projeções trimestrais na reunião de 29–30 outubro, com os mercados atentos a uma eventual subida adicional de 25 pontos base até ao final do ano.
A mediana das previsões aponta para uma nova subida até dezembro ou janeiro, dependendo da evolução da procura interna e dos salários.
O Governor Kazuo Ueda tem reiterado que o ciclo de normalização só será consolidado quando os aumentos de preços forem sustentados por ganhos salariais reais e consumo robusto e não apenas por fatores de custo.
4. Implicações de mercado
O contraste entre os preços de serviços em aceleração e o abrandamento da inflação urbana sugere que o BoJ poderá adotar um tom prudente, mantendo a porta aberta a um ajustamento gradual.
Nos mercados financeiros, o iene manteve-se estável, refletindo a expectativa de subidas moderadas e espaçadas das taxas.
O mercado de dívida soberana japonesa (JGBs) continua sensível a qualquer indício de endurecimento da política monetária, com o rendimento das obrigações a 10 anos próximo de 1,1%, máximo de 12 anos.
Conclusão
A economia japonesa entra no quarto trimestre de 2025 com inflação acima do alvo, mas com sinais divergentes: o setor de serviços continua a expandir preços impulsionado por custos laborais e turismo, enquanto o consumo urbano revela enfraquecimento.
O BoJ enfrenta um dilema: subir taxas demasiado cedo pode travar a recuperação, mas esperar demasiado pode permitir que as pressões de custos se tornem persistentes.
O equilíbrio entre sustentabilidade salarial, estabilidade de preços e confiança dos consumidores será determinante na decisão de outubro, que poderá marcar o próximo passo do processo de normalização monetária japonesa.
Visite o Disclaimer para mais informações.
Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre Inflação do Japão, formato “Geral”, atualizado com informações até 26 de Setembro de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, Japão, Inflação)