Japão, Inflação – 24 Nov 24

Inflação no Japão mantém-se acima de 2% e pressiona Banco do Japão para aumento das taxas em dezembro

Destaques (22 Novembro 2024)

  • Inflação subjacente: Mantém-se acima dos 2% em outubro, com um índice chave a acelerar para 2,3%.
  • Pressão sobre o BOJ: Crescem as expectativas de aumento das taxas de juro na reunião de 18 e 19 de dezembro.
  • Fraqueza do iene: A recente desvalorização impulsiona os custos de importação e reforça as pressões inflacionistas.
  • Aumento dos preços dos serviços: Indica transferência de custos laborais para os consumidores, com impacto nos índices de preços.
  • Riscos para a economia: Fraca procura chinesa e aumento no custo dos alimentos, como o salto de 58,9% no preço do arroz, podem dificultar o consumo interno.

A 22 de novembro, os dados relativos ao mês de outubro indicaram que a inflação subjacente do Japão permaneceu acima do objetivo de 2% definido pelo Banco do Japão (BOJ), enquanto um índice chave, que exclui os efeitos do combustível, registou aceleração. Estes números reforçam a pressão sobre o banco central para ajustar as suas taxas de juro, que ainda se encontram em níveis historicamente baixos.

Em outubro, os preços dos serviços registaram um aumento contínuo, reflexo da transferência de custos laborais por parte das empresas, algo monitorizado de perto pelo BOJ. Estas condições apontam para a possibilidade de novos ajustes das taxas de juro, que serão discutidos na próxima reunião de política monetária, marcada para 18 e 19 de dezembro. Analistas estimam que o BOJ possa aumentar a taxa de curto prazo de 0,25% para 0,5%, dando continuidade ao desmantelamento da política de taxas ultrabaixas.

A desvalorização recente do iene, que aumenta os custos das importações, tem agravado as pressões inflacionistas. De acordo com Stefan Angrick, economista sénior da Moody’s Analytics, a nova fraqueza do iene, observada nos últimos dois meses, deve sustentar a pressão ascendente sobre os preços. Angrick prevê um aumento das taxas pelo BOJ em dezembro, antecipando-se à possibilidade de adiamento para janeiro.

Uma sondagem conduzida pela Reuters entre 13 e 21 de novembro revelou que 56% dos economistas acreditam numa subida das taxas em dezembro, um aumento em relação aos 49% que partilhavam essa opinião no mês anterior.

Dados de inflação em detalhe

Em outubro, o índice de preços no consumidor (CPI) nacional, que inclui produtos petrolíferos, mas exclui alimentos frescos, subiu 2,3% face ao mesmo mês de 2023. Este valor superou ligeiramente a previsão mediana de 2,2%, mas representou uma desaceleração em relação aos 2,4% de setembro, influenciada pela decisão do governo em outubro de 2023 de reduzir os subsídios aos combustíveis.

Um índice alternativo, que exclui as variações nos preços dos alimentos frescos e do combustível, acelerou para 2,3% em outubro, após os 2,1% de setembro. A inflação nos serviços também subiu para 1,5%, face aos 1,3% registados no mês anterior, refletindo os efeitos do aumento dos salários nas empresas.

Expectativas futuras

O mercado aguarda agora os dados do CPI de Tóquio, previstos para 29 de novembro, bem como o inquérito empresarial trimestral “Tankan” do BOJ, a 13 de dezembro. Estes indicadores serão fundamentais para sustentar qualquer decisão do banco central na sua reunião de dezembro. Analistas projetam que a inflação subjacente de Tóquio atinja 2,1% em novembro, acelerando em relação aos 1,8% de outubro.

Contudo, existem incertezas. O impacto do crescimento económico fraco da China e possíveis tarifas adicionais por parte dos Estados Unidos podem afetar a economia exportadora do Japão. Adicionalmente, os custos alimentares aumentaram significativamente em outubro, impulsionados por um recorde de 58,9% no preço do arroz, o que pode obscurecer as perspetivas de consumo interno.

Contexto das políticas do BOJ

Após terminar as taxas de juro negativas em março e elevar a taxa de curto prazo para 0,25% em julho, o BOJ parece estar a aproximar-se de um novo aumento. O governador Kazuo Ueda reafirmou a disposição de ajustar novamente as taxas caso o Japão continue a demonstrar avanços sólidos em direção a uma inflação sustentada, suportada pela procura interna e por aumentos salariais estáveis.

O BOJ enfrenta, assim, um momento crítico, equilibrando a pressão para conter a inflação com a necessidade de preservar a recuperação económica em curso.


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre Inflação do Japão, formato “Geral”, atualizado com informações até 22 de novembro de 2024. Categorias: Economia. Tags: Economia, Japão, Inflação)