DESTAQUES (21 de fevereiro de 2025)

• Inflação subjacente ao consumo atinge 3,2% em janeiro, o ritmo mais rápido dos últimos 19 meses.
• Pressão crescente sobre o Banco do Japão (BOJ) para continuar a aumentar as taxas de juro.
• Rendimentos das obrigações japonesas sobem, com investidores a anteciparem uma postura mais agressiva do banco central.
• Inflação dos serviços desacelera para 1,4%, enquanto os custos com energia e alimentos permanecem elevados.
• Mercado antecipa nova subida das taxas do BOJ no terceiro trimestre, possivelmente para 0,75%.

Inflação do Japão Acelera e Pressiona o BOJ

A inflação subjacente ao consumo no Japão registou um aumento de 3,2% em janeiro, o ritmo mais elevado em 19 meses, reforçando a expectativa de que o Banco do Japão (BOJ) continuará a ajustar a sua política monetária nos próximos meses.

O aumento superou ligeiramente a previsão do mercado de 3,1%, e seguiu-se ao crescimento de 3,0% em dezembro, sinalizando que as pressões inflacionistas continuam a persistir, especialmente no setor energético e alimentar.

Segundo Ryosuke Katagi, economista da Mizuho Securities, “a inflação dos serviços não está a acelerar significativamente, mas a inflação dos bens também não está a abrandar”, o que pode levar o BOJ a continuar a aumentar as taxas de juro ao longo do ano.

Rendimentos das Obrigações e Expectativas de Política Monetária

Com os dados mais recentes, os rendimentos das obrigações do governo japonês (JGB) subiram, refletindo a expectativa de que o BOJ poderá endurecer a política monetária mais rapidamente do que o previsto.

• O rendimento dos JGBs a dois anos subiu para 0,83%, o nível mais elevado desde outubro de 2008.
• O índice de preços ao consumidor (IPC), que exclui alimentos frescos e combustíveis, aumentou 2,5%, o ritmo mais rápido desde março de 2024.

Após quase três anos de inflação acima da meta de 2% do BOJ, o governador Kazuo Ueda afirmou que o banco central está preparado para continuar a subir as taxas caso o crescimento salarial continue forte e apoie o consumo interno.

Em janeiro, o BOJ elevou a taxa de juro de curto prazo para 0,5%, refletindo a sua confiança de que o Japão está a caminhar para um cenário sustentável de inflação e crescimento.

A Pressão dos Custos de Energia e Alimentação

Apesar da política do BOJ para normalizar a economia, os preços elevados dos combustíveis e alimentos continuam a ser um fator de preocupação.

• O preço do arroz, vegetais e outros alimentos essenciais manteve-se elevado.
• O custo da energia aumentou 10,8% em janeiro, pesando sobre os orçamentos das famílias.
• A inflação geral do consumidor subiu para 4,0%, atingindo o nível mais alto dos últimos dois anos.

Por outro lado, a inflação dos serviços desacelerou para 1,4% em janeiro, face ao aumento de 1,6% em dezembro, o que pode ser um fator de atenção para o BOJ.

Crescimento Económico e Perspetivas para o BOJ

A economia japonesa registou uma expansão anualizada de 2,8% no último trimestre de 2024, impulsionada pelo aumento dos gastos das empresas e do consumo interno. Esse desempenho fortalece o argumento do BOJ para novas subidas das taxas de juro ao longo do ano.

Segundo uma sondagem da Reuters, a maioria dos economistas espera que o BOJ suba as taxas novamente no terceiro trimestre de 2025, possivelmente para 0,75%.

Conclusão

O Japão continua a enfrentar um ambiente inflacionista persistente, o que aumenta a pressão sobre o Banco do Japão para prosseguir com a sua política de normalização monetária. O crescimento económico sólido e os preços elevados da energia e alimentação são fatores que deverão continuar a moldar a política do banco central nos próximos meses.

Com expectativas de novos aumentos das taxas ainda este ano, os investidores deverão acompanhar de perto os dados sobre salários e consumo, que serão fundamentais para determinar a trajetória futura da economia japonesa.