Japão, PMIs – 23 Out 25

Japão 2025: indústria em retração, iene fraco e crescimento frágil, o desafio de sustentar a economia pós-taxas negativas


Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a economia do Japão (PMIs). Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos da atividade económica mais relevantes que impactam esta economia e mundo, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.


Strategic Highlights — 01 outubro 2025

  • Atividade industrial japonesa caiu pelo quarto mês consecutivo, com o PMI a 48,4 em setembro, o nível mais baixo desde março.
  • Serviços continuam em expansão: PMI 53,0, sustentado por turismo e consumo interno, mas com sinais de desaceleração marginal.
  • Iene enfraqueceu para ¥152/USD, o nível mais baixo desde 2022, elevando custos de importação e pressionando a inflação de bens essenciais.
  • Exportações caíram 12% YoY em julho, o maior recuo desde 2021, devido às tarifas de 25% dos EUA e à procura chinesa fraca.
  • O Banco do Japão mantém a taxa de juro em 0,5%, priorizando estabilidade financeira e cambial face à fraqueza industrial e inflação moderada.

Nota de Contexto

Em 2025, o Japão enfrenta um duplo dilema: crescimento fraco e moeda desvalorizada.
A transição após o fim da política de taxas negativas em 2024 trouxe alívio financeiro, mas expôs a economia à realidade de juros ainda baixos e défices externos crescentes.
A indústria exportadora, durante décadas o motor do crescimento japonês, perdeu vigor com o abrandamento global e os custos de energia e matérias-primas importadas a preços mais elevados devido ao iene fraco.

O setor dos serviços tornou-se o principal amortecedor, turismo, hospitalidade e consumo interno, mas é estruturalmente menos produtivo e mais sensível a choques de preços.
A economia japonesa cresce apenas 0,4–0,6%, dependente de estímulos fiscais e da procura doméstica.

1) Linha cronológica, a erosão gradual da confiança industrial

Julho 2025 — Consumo firme, exportações em queda

  • O Economy Watchers Index subiu ligeiramente para 45,0, com comércio e lazer sustentados pelo verão, mas o governo reviu a economia para “enfraquecida”, citando tarifas e custos de importação crescentes.
  • Falências corporativas atingiram o nível mais alto em 12 anos (+2,4% YoY), refletindo margens comprimidas.
  • Tarifas de 25% sobre produtos japoneses entraram em vigor a 1 de agosto, provocando a maior queda nas exportações desde a pandemia.

Agosto 2025 — Estagnação mascarada

  • O PMI industrial subiu para 49,9 (de 48,9), mas manteve-se em contração.
  • Encomendas externas caíram ao ritmo mais rápido em 17 meses; exportações -12% YoY.
  • Preços de venda caíram apesar da inflação importada, reduzindo margens.
  • A desvalorização cambial para ¥148/USD começou a aumentar o custo dos combustíveis e alimentos.

Setembro 2025 — A contração aprofunda-se

  • PMI industrial caiu para 48,4, refletindo forte retração de produção e encomendas.
  • Emprego industrial recuou pela primeira vez desde 2024; várias empresas reduziram turnos de produção.
  • O setor dos serviços manteve PMI 53,0, beneficiando de turismo estrangeiro recorde (impulsionado pelo iene fraco).
  • Contudo, o índice composto caiu de 52,0 para 51,1, sinalizando perda de dinamismo.

Outubro 2025 — Iene quebra ¥150/USD, pressão sobre importadores

  • A moeda japonesa atingiu ¥152/USD, o nível mais fraco desde outubro de 2022.
  • O movimento refletiu a divergência monetária com os EUA, onde as taxas se mantêm acima de 5%, contra 0,5% no Japão.
  • O BoJ interveio verbalmente, prometendo “resposta apropriada” a movimentos desordenados no câmbio.
  • A inflação ao consumidor subiu para 2,3%, impulsionada por energia e alimentação, mas sem sinais de espiral salarial.

2) Estrutura económica, um país de duas velocidades

SetorSituação atualComentário
Indústria transformadoraEm retração (PMI < 50)Penalizada por tarifas e custos de importação; exportações em queda.
Serviços e turismoEm expansão (PMI > 53)Beneficiados pelo iene fraco e aumento de visitantes estrangeiros.
Inflação (núcleo)1,9–2,3%Moderada, mas sustentada por bens importados.
Emprego totalEstávelServiços compensam cortes industriais.
Taxa de câmbio¥152/USDDesvalorização histórica, com impacto negativo nos custos energéticos.

3) Política monetária e fiscal, equilíbrio em terreno instável

O Banco do Japão, liderado por Kazuo Ueda, mantém a taxa diretora em 0,5% (desde março de 2024), após encerrar 17 anos de taxas negativas.
A política atual assenta em três eixos:

  1. Taxa estável (0,5%), sem sinal de cortes no curto prazo.
  2. Controlo flexível da curva de rendimentos (YCC), permitindo flutuações até 1% nos títulos a 10 anos.
  3. Gestão cambial discreta, com intervenções verbais e possíveis operações de mercado para travar o iene.

O BoJ enfrenta um dilema triplo:

  • cortar juros agravaria a depreciação do iene;
  • subir juros encareceria o crédito e travaria a frágil recuperação;
  • manter a taxa atual significa aceitar inflação importada e crescimento mínimo.

No plano fiscal, o governo prepara um pacote de ¥15 biliões (€95 mil milhões), centrado em:

  • subsídios à energia,
  • apoio a PMEs industriais,
  • e incentivos ao turismo doméstico.

4) Perspetivas

  • PIB: crescimento entre 0,4% e 0,6%, sustentado por consumo e turismo.
  • Inflação: entre 1,8% e 2,2%, dependente dos preços de importação.
  • Câmbio: iene deve oscilar entre ¥145–155/USD, sujeito à política da Fed.
  • PMI industrial: recuperação gradual esperada apenas no 2.º trimestre de 2026.
  • BoJ: manterá taxa em 0,5% durante 2025, salvo choque cambial grave.

Conclusão

O Japão de 2025 é um espelho das suas contradições:
um país com moeda fraca, inflação importada e indústria em contração, mas ainda capaz de sustentar crescimento marginal graças à força do setor de serviços e ao turismo.

O BoJ, com uma taxa diretora estável de 0,5%, enfrenta uma equação delicada:
reforçar o iene sem destruir a recuperação.
A política monetária está, pela primeira vez em décadas, presa entre dois riscos opostos, a recessão industrial e a erosão cambial.

Com a economia global fraca e as tarifas norte-americanas ainda ativas, o Japão caminha para 2026 dependente do consumo interno e da gestão milimétrica do iene.
Se o câmbio ultrapassar ¥155/USD, Tóquio poderá ser forçada a intervir diretamente, um movimento que marcaria o regresso do Japão ao centro do palco cambial global.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre os PMIs do Japão, formato “Geral”, atualizado com informações até 01 de Outubro de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, Japão, PMI)

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