Resultados acima do esperado num trimestre atípico

A Jerónimo Martins registou um lucro líquido de 127 milhões de euros entre janeiro e março de 2025, superando largamente as estimativas dos analistas (106 milhões). Este desempenho ganha relevo adicional considerando que o primeiro trimestre não beneficiou do efeito sazonal da Páscoa, ao contrário do ano anterior.

O volume de negócios total atingiu 8,4 mil milhões de euros, refletindo um crescimento consolidado de 3,8%. O EBITDA também subiu 3,8%, para 528 milhões de euros, com a margem de rentabilidade estável nos 6,3%, o que demonstra resiliência num contexto económico exigente.

Biedronka continua a liderar, apesar da pressão de preços na Polónia

A cadeia Biedronka, principal ativo do grupo na Polónia, registou vendas de 5,9 mil milhões de euros, um crescimento de 3,4% face ao período homólogo. Mesmo com o aumento do salário mínimo em 9,2% e uma inflação alimentar de 6,1%, a Biedronka manteve a margem de rentabilidade em 7,7%, sinal de uma boa gestão de custos e fidelização dos consumidores.

A empresa destaca, no entanto, que o ambiente competitivo permanece “muito intenso”, com os consumidores altamente sensíveis ao preço. A forte base de comparação do ano anterior, marcada por crescimentos extraordinários no retalho alimentar polaco, contribuiu para moderar o ritmo de expansão.

Pingo Doce e Ara com desempenhos positivos

Em Portugal, a cadeia Pingo Doce cresceu 2,8%, com vendas a totalizarem 1,2 mil milhões de euros. Este crescimento modesto, mas sólido, reflete a manutenção de uma procura estável no retalho alimentar, apesar de alguma contenção no consumo das famílias.

Já na Colômbia, a rede Ara registou um aumento de 9% nas vendas, atingindo 775 milhões de euros, confirmando o seu potencial de crescimento e expansão internacional no mercado sul-americano.

Incerteza global e reafirmação das metas

Segundo o CEO Pedro Soares dos Santos, os mercados onde a Jerónimo Martins opera continuam “ensombrados por riscos geopolíticos e dinâmicas socioeconómicas”, com os consumidores a manterem-se cautelosos perante a incerteza.

Ainda assim, o gestor sublinhou que o grupo irá manter a estratégia delineada e as previsões anteriormente apresentadas, monitorizando de perto a evolução da procura e os movimentos da concorrência.

Conclusão

A Jerónimo Martins iniciou 2025 com resultados acima do esperado, num trimestre exigente e sem o impulso sazonal da Páscoa. A resiliência operacional do grupo, em especial na Polónia e na Colômbia, reforça a capacidade da empresa em adaptar-se a contextos complexos e proteger margens mesmo sob pressão competitiva e inflacionista. A reafirmação do guidance demonstra confiança na estratégia atual, embora os riscos macroeconómicos e geopolíticos continuem a justificar uma gestão prudente e reativa.