Exportações recorde e stocks cheios reforçam posição global do gás norte-americano
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com o Natgas (US). Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights — 24 outubro 2025
- Henry Hub oscilou entre $3,00–3,5/mmBtu em outubro, com um rally de +18 % após o dia 20 antes de recuar por resistência técnica.
- O spread março–abril 2026 atingiu mínimos recorde (~$0,07–0,11/mmBtu), refletindo confiança na oferta de inverno.
- Produção média caiu de 108,0 bcfd (ago.) para ~106,6 bcfd em outubro, enquanto as exportações de LNG atingiram novo máximo diário de 17,29 bcfd.
- Inventários chegaram a 3.878 bcf, cerca de +5 % acima da média de 5 anos, assegurando amortecedor sazonal confortável.
- A procura total nos EUA subiu de ~100 bcfd para ~109 bcfd com o avanço do frio, impulsionando heating demand e reposicionando traders.
Nota de Contexto
O mercado norte-americano de gás natural atravessa em 2025 um período de volatilidade contida, sustentado por produção historicamente elevada e uma procura estruturalmente crescente em LNG e geração elétrica.
Os EUA mantêm-se como o maior exportador mundial de gás natural liquefeito, à frente de Austrália e Qatar, com capacidade instalada próxima de 115 MTPA.
O equilíbrio entre produção doméstica estável, iventários cheios e expansão do LNG faz do mercado americano o principal estabilizador do equilíbrio energético ocidental, tanto em termos de preço como de flexibilidade de oferta.
1. Dinâmica de preços e drivers técnicos
Durante outubro, o contrato Henry Hub para novembro registou oscilações expressivas.
O mês abriu em torno de $3,30/mmBtu, avançou 17 % na primeira semana e recuou após injeções de armazenamento mais fracas que o esperado.
A partir de 20 outubro, previsões de frio intenso e reequilíbrio de posições curtas impulsionaram um rally superior a 12 %, com máximos a $3,45/mmBtu.
O movimento foi interrompido nos dias seguintes por pressão técnica, quando o contrato atingiu o limite de resistência em $3,58/mmBtu, motivando realização de lucros e regressando a níveis próximos de $3,30.
A variação semanal terminou em alta de ~10 %, revertendo as quedas acumuladas nas duas semanas anteriores.
O spread março–abril 2026, conhecido como widow-maker, caiu para mínimos históricos (~$0,07–0,11/mmBtu), sinalizando que os operadores não anteveem escassez de oferta no inverno.
2. Oferta: produção e capacidade de resposta
A produção seca nos Lower 48 states manteve-se elevada, embora em desaceleração face ao pico estival.
- Agosto: 108,0 bcfd (máximo histórico)
- Setembro: 107,4 bcfd
- Outubro: 106,4 – 106,7 bcfd
O STEO de outubro da EIA projetou nova aceleração média para 107,1 bcfd em 2025 e 107,4 bcfd em 2026, confirmando a resiliência estrutural da oferta norte-americana.
Esta capacidade de resposta rápida, combinada com a injeção consistente de gás em armazenamento, amorteceu choques climáticos e permitiu ao mercado evitar pressão sobre os preços de inverno.
3. Procura e condições meteorológicas
A transição sazonal ditou o principal ponto de viragem.
Durante a primeira quinzena, as temperaturas acima da média reduziram a utilização de gás em aquecimento, limitando a procura total a ~99–101 bcfd.
A partir de 18–20 outubro, a inversão climática trouxe colder-than-normal weather e um salto previsto de HDDs (heating degree days) de 118 → 164, elevando a procura total para 105–109 bcfd.
A componente residencial e comercial liderou a recuperação, enquanto a utilização em centrais elétricas abrandou, refletindo o declínio dos CDDs (cooling degree days).
A participação do gás na geração elétrica manteve-se em torno de 40–42 % do total nacional, confirmando a dependência estrutural do setor elétrico norte-americano deste combustível.
4. Armazenamento: conforto acima da média
A sequência de injeções regulares manteve iventários acima da média histórica durante todo o mês:
- 3 641 bcf (sem. 3 out) → 3 878 bcf (sem. 24 out)
- Desvio vs. média 5 anos: +4–5 %
- Injeções semanais: +53, +80, +74–81 bcf
Este excesso de armazenamento, aliado a uma produção resiliente, reduziu a pressão sobre os spreads de inverno e consolidou o sentimento de abastecimento confortável.
5. Exportações de LNG: motor estrutural
O grande destaque estrutural de outubro foi a nova expansão da capacidade exportadora:
- Feedgas médio: 16,4–16,5 bcfd
- Recorde diário: 17,29 bcfd (24 outubro), superando o pico de abril (17,28 bcfd)
- Plaquemines (Louisiana): entradas recorde de 3,7 bcfd
- Cove Point (Maryland): regressou de manutenção a 13 outubro, reforçando fluxos
O mercado global manteve os preços de referência (TTF e JKM) em torno de $11/mmBtu, sustentando margens de exportação elevadas e encorajando operação contínua das plantas norte-americanas, mesmo durante períodos de procura interna moderada.
6. Mercado físico regional
O comportamento dos hubs seguiu o padrão de ajustamento técnico e restrições logísticas:
- Waha (Permian) registou 21 episódios de preços negativos em 2025 até outubro, ligados a manutenção de gasodutos e constrangimentos de escoamento.
- Chicago Citygate e PG&E (Califórnia) oscilaram entre $2,4–3,8/mmBtu, refletindo diferenças regionais de oferta.
- Algonquin (Boston) mostrou a maior volatilidade (+50 % em poucos dias), típica do pré-inverno.
O Henry Hub físico manteve-se entre $2,8 e $3,5/mmBtu, funcionando como referência global para contratos de LNG e base para hedging financeiro.
7. Perspetiva de mercado e estrutura corporativa
No plano empresarial, 2025 tem sido um ano de forte atividade de fusões e aquisições no setor do gás e LNG, totalizando ~$30 mil M em negócios até setembro, com $28 mil M em ativos à venda.
A procura global, reforçada por centros de dados e inteligência artificial, além do crescimento asiático, está a criar uma nova fase de expansão estrutural do gás norte-americano.
A Rystad Energy e a EIA preveem um crescimento anual médio de 4–6 % na procura doméstica até 2030, impulsionado pelo binómio LNG + eletricidade.
Conclusão
O mês de outubro de 2025 confirmou o reposicionamento estrutural do mercado norte-americano de gás:
uma base de oferta robusta, capacidade exportadora recorde e armazenamento confortável, contrastando com volatilidade climática e ajustes técnicos de curto prazo.
A trajetória para o inverno 2025/26 aponta para um mercado equilibrado, com preços sustentados acima dos mínimos de verão mas sem riscos de escassez.
O Henry Hub deverá manter-se entre $3,20 e $4/mmBtu, suportado por exportações firmes e incremento do heating demand, mas travado pela sombra de oferta abundante e almofada de inventários acima da média.
Em síntese: os EUA consolidam-se como pilar de estabilidade energética global, demonstrando que exportações recorde e inventários cheios são hoje o verdadeiro garante da segurança gaseífera ocidental.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre o Natgas dos EUA, formato “News”, atualizado com informações até 24 de Outubro de 2025. Categoria: Energia. Classe de Ativos: Futuros. Tags: Mercadorias, Energia, Natgas, EUA, Gás Natural, LNG)