DESTAQUES (19 de fevereiro de 2025)

• O Banco de Reserva da Nova Zelândia (RBNZ) reduziu a taxa de juro de referência em 50 pontos base, fixando-a em 3,75%.
• Foram sinalizados dois cortes adicionais de 25 pontos base em abril e maio, condicionados à evolução da economia.
• O dólar neozelandês desvalorizou 0,3%, mas recuperou ligeiramente para 0,5707 USD.
• Taxas hipotecárias foram reduzidas por grandes bancos como Westpac, ASB Bank, Kiwibank e Bank of New Zealand.
• A inflação baixou para 2,2%, mas deverá subir para 2,7% no terceiro trimestre, antes de voltar a descer.
• O banco central alertou para riscos globais, incluindo a política comercial do Presidente dos EUA, Donald Trump.

Corte Agressivo nas Taxas para Estimular a Economia

O Banco de Reserva da Nova Zelândia (RBNZ) anunciou, a 19 de fevereiro de 2025, um corte de 50 pontos base na taxa de juro, situando-a em 3,75%, com o objetivo de reanimar uma economia fragilizada. O banco central indicou ainda que prevê mais dois cortes de 25 pontos base em abril e maio, caso a economia evolua conforme esperado.

O governador do RBNZ, Adrian Orr, afirmou que a entidade está a considerar uma redução mais rápida das taxas do que a projetada em novembro, antecipando que a taxa oficial de juro (OCR) possa atingir 3% até ao final de 2025. A nova projeção aponta para 3,45% em junho e 3,10% no quarto trimestre, ajustando-se à tendência de queda da inflação, que se aproxima da meta de 1%-3%. Com esta decisão, o RBNZ mantém-se numa trajetória mais expansionista em comparação com outros bancos centrais, como a Reserva Federal dos EUA e o Banco da Reserva da Austrália, que adotaram uma postura mais cautelosa.

Impacto no Mercado Financeiro e Reação dos Investidores

A redução da taxa de juro pelo RBNZ levou a uma desvalorização inicial do dólar neozelandês em 0,3%, fixando-se nos 0,5683 USD, antes de recuperar para 0,5707 USD. Paralelamente, os futuros das obrigações bancárias a 90 dias registaram um forte rally, refletindo a elevada probabilidade de novos cortes.

O economista-chefe do Kiwibank, Jarrod Kerr, destacou que a mensagem principal da declaração de política monetária foi a confirmação de cortes adicionais, o que reforça o compromisso do banco central em reverter a recessão.

Segundo Junvum Kim, analista da Saxo Asia Pacific, a decisão do RBNZ demonstra uma abordagem agressiva para reativar a economia, apesar dos riscos inflacionistas e das incertezas globais.

Impacto Económico e Preocupações com a Incerteza Global

Desde agosto de 2024, o RBNZ já reduziu a taxa de juro em 175 pontos base, procurando estimular a economia após uma das recessões mais profundas desde 1991. O impacto das taxas de juro elevadas nos últimos anos afetou severamente a procura interna, levando o governo neozelandês a descartar a possibilidade de um orçamento superavitário nos próximos cinco anos.

Apesar da redução da inflação para 2,2%, o RBNZ alertou que esta poderá subir temporariamente para 2,7% no terceiro trimestre de 2025, antes de retomar uma trajetória descendente.

A Nova Zelândia junta-se agora a outros países que começaram a aliviar a política monetária, embora com uma abordagem mais rápida e agressiva do que os EUA e a Austrália.

Riscos Geopolíticos e Comerciais em 2025

O RBNZ reconhece que a incerteza global continua a ser um fator de risco, especialmente devido às políticas comerciais de Donald Trump no seu segundo mandato presidencial. A introdução de novas tarifas e barreiras comerciais poderá impactar o crescimento económico global e influenciar a inflação a longo prazo.

“A redução das taxas de juro deverá estimular o consumo, mas a incerteza económica global pode afetar decisões de investimento empresarial”, afirmou o banco central. Além disso, destacou que as tensões geopolíticas e comerciais poderão representar desafios adicionais para a economia neozelandesa.

Conclusão

O Banco de Reserva da Nova Zelândia adotou uma postura mais agressiva na redução das taxas de juro, refletindo a urgência de estimular uma economia que saiu recentemente de uma recessão profunda. Com novos cortes já sinalizados para abril e maio, o RBNZ diferencia-se de outros bancos centrais ao acelerar a flexibilização da política monetária.

No entanto, riscos globais e comerciais continuam a ser fatores críticos para o desempenho económico. O impacto das tarifas dos EUA, a volatilidade da inflação e as decisões de investimento empresarial serão determinantes para a trajetória da economia neozelandesa ao longo de 2025.