
RBNZ 2025: ciclo de cortes aprofunda-se e liderança entra em transição
Aqui pode acompanhar as últimos desenvolvimentos relacionadas com a Política Monetária da Nova Zelândia (RBNZ). Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta economia e mundo com as políticas, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights – 23 setembro 2025
- Taxa diretora cortada duas vezes em 2025: 3,25% em maio e 3,00% em agosto, acumulando -250 bps desde agosto 2024.
- Inflação estabilizada entre 2,5–2,7%, dentro da meta de 1–3%, mas com previsão de subir a 3% no Q3 antes de recuar.
- Crescimento económico frágil: +0,8% no Q1 após recessão em 2024; PIB projetado em apenas 1,0% em 2025.
- Mercados reagiram com choque dovish em agosto: NZD caiu -1,2% e swaps a 2 anos afundaram para 2,93%, mínimos desde 2022.
- Mudança de liderança iminente: governo prepara-se para nomear primeira mulher governadora, possivelmente estrangeira, com início de mandato no final de 2025.
Nota de Contexto
A Reserve Bank of New Zealand (RBNZ) foi a primeira grande autoridade monetária a subir taxas após a pandemia e também uma das primeiras a inverter o ciclo. Entre 2021 e 2023, aumentou o OCR em 525 bps, a maior subida desde a criação da taxa em 1999, o que levou a economia a recessão em 2024. Em 2025, a prioridade é apoiar uma recuperação ainda frágil, enquanto lida com choques externos, em particular a política comercial dos EUA – e um ambiente de inflação já dentro da meta. A conjuntura é ainda mais complexa com a mudança de liderança após a saída de Adrian Orr.
Evolução das decisões de política monetária em 2025
28 maio – corte para 3,25%
A RBNZ reduziu o OCR em 25 bps para 3,25%, justificando com o abrandamento da procura interna e incertezas externas, em especial os novos tarifários comerciais dos EUA.
- Sexto corte consecutivo desde agosto 2024.
- Projeções: OCR em 2,92% (Q4 2025) e 2,85% (Q1 2026).
- Inflação a 2,5%, mas riscos de arrefecimento económico devido a tarifas e política fiscal restritiva.
9 julho – expectativa de pausa
Economistas antecipavam manutenção em 3,25%, antes de um novo corte no verão.
- 19/27 economistas esperavam estabilidade.
- 16/22 projetavam descida para 3,00% até setembro.
- PIB Q1 cresceu 0,8%; inflação a 2,5%.
- Projeções de crescimento: 1,0% em 2025 e 2,4% em 2026.
20 agosto – corte para 3,00%
A RBNZ cortou mais 25 bps, levando o OCR ao mínimo de 3 anos.
- Dois membros votaram por corte mais agressivo de 50 bps.
- Projeções atualizadas: OCR em 2,71% (Q4 2025) e 2,55% (Q1 2026).
- RBNZ admitiu economia estagnada no Q2, com consumo e investimento mais fracos devido a incerteza comercial global.
- Inflação a 2,7%, projetada em 3% no Q3 antes de desacelerar para ~2% em 2026.
- Reação de mercado:
- NZD caiu -1,2%, mínimo de 4 meses.
- Swaps a 2 anos recuaram para 2,93%, mínimos desde 2022.
- Expectativa dos bancos (BNZ, ANZ): novos cortes em outubro e novembro.
23 setembro – transição na liderança
O governo prepara-se para nomear a primeira mulher governadora do RBNZ, possivelmente uma figura externa à Nova Zelândia.
- Christian Hawkesby atua como interino desde março, após a demissão de Adrian Orr, que saiu por disputas orçamentais com o governo.
- O novo mandato só começará no final do ano, após a decisão de 8 outubro.
Implicações estratégicas
- A política monetária da Nova Zelândia está agora claramente em fase de afrouxamento prolongado, com o banco central a admitir a possibilidade de cortes adicionais até ao final de 2025.
- A estabilização da inflação dentro da meta dá espaço para agir, mas a fraqueza do crescimento e a sensibilidade da economia a choques comerciais globais são o verdadeiro motor das decisões.
- A sucessão na liderança do RBNZ poderá trazer alterações no tom da comunicação, sobretudo se a escolha recair sobre uma figura externa, reforçando a perceção de mudança institucional.
- Para os mercados, a mensagem central de agosto, com a possibilidade de cortes de 50 bps, foi vista como um ponto de inflexão dovish, levando a ajustes imediatos nas expectativas de taxas e no câmbio.
Conclusão
O ano de 2025 confirma a inversão do ciclo da RBNZ: de pioneira no aperto monetário, passa agora a liderar o alívio entre as economias desenvolvidas. A economia neozelandesa, ainda a recuperar da recessão, beneficia de custos de financiamento mais baixos, mas permanece vulnerável a riscos externos, em particular às tensões comerciais globais.
A curto prazo, o mercado espera mais dois cortes até novembro, podendo levar a taxa para 2,50%, nível considerado neutro. A médio prazo, o verdadeiro teste será a capacidade da nova liderança do RBNZ em conciliar estabilidade de preços com a necessidade de apoiar o crescimento, num contexto de elevada incerteza internacional.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre a Política Monetária da Nova Zelândia, formato “Geral”, atualizado com informações até 23 de Setembro de 2025. Categorias: Bancos Centrais. Tags: Política Monetária, RBNZ, Banco Central, Taxa de Juro)