OPEC+ Petroleo, News – 22 Out 25

OPEC+ desacelera aumentos de produção face a risco de excesso de oferta e queda estrutural das margens do Brent


Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a OPEC+. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam a mercadoria petróleo e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.


Strategic Highlights – 13 outubro 2025

  • OPEC+ limita aumento de produção a 137 mil barris/dia para novembro, abaixo do defendido pela Arábia Saudita, por receio de excedente global de petróleo em 2026.
  • Produção conjunta do grupo sobe para 43,05 milhões bpd em setembro, o nível mais alto desde 2022.
  • Brent desce 8% na primeira semana de outubro, negociando abaixo de 65 USD/barril, em mínimos de cinco meses.
  • Capacidade excedente da OPEC+ cai para cerca de 2 milhões bpd, o valor mais baixo em duas décadas, reduzindo o “amortecedor de choque” do mercado.
  • OPEC revê défice de oferta de 2026 para apenas 50 mil bpd, sinalizando neutralização do balanço global devido ao aumento da produção e menor crescimento da procura.

Nota de Contexto

A OPEC+, que agrupa os 13 membros da OPEC e 10 aliados liderados pela Rússia, é responsável por cerca de 40% da oferta mundial de petróleo.
Após dois anos de cortes coordenados que retiraram 5,85 milhões bpd do mercado entre 2022 e 2024, o grupo iniciou em abril de 2025 um processo de normalização da produção, movendo-se gradualmente para níveis pré-pandemia e procurando recuperar quota de mercado face ao crescimento das exportações dos EUA, Brasil e Guiana.

Contudo, a recuperação rápida da oferta, aliada à desaceleração do consumo global e ao aumento das reservas estratégicas na China, gerou pressão descendente sobre os preços e expôs fragilidades estruturais no equilíbrio de curto prazo do mercado energético global.

1. Outubro: divergência entre Arábia Saudita e Rússia sobre o ritmo de aumento

Na reunião de 3 outubro, a OPEC+ debateu a dimensão do novo aumento de produção a aplicar em novembro.
A Arábia Saudita, líder de facto do grupo, defendeu um acréscimo substancial de até 500 mil bpd, procurando recuperar quota de mercado e reforçar a influência do grupo sobre as rotas asiáticas.
A Rússia, limitada por sanções e por capacidade técnica, defendeu um aumento simbólico de 137 mil bpd, igual ao de outubro.

O compromisso final ficou nesse valor: +137 mil bpd, elevando o total de aumentos desde abril para 2,7 milhões bpd, ou cerca de 2,5% da procura global.

Fontes da Reuters indicaram que Moscovo pretende evitar nova pressão sobre os preços, enquanto Riade aposta num regresso gradual à influência pré-2020, quando o cartel dominava o “preço de equilíbrio” global.

O Brent reagiu em baixa, recuando 7% na semana, para cerca de 64 USD/barril, devido à perceção de excesso de oferta iminente.

2. Capacidade excedente e vulnerabilidade do mercado

Segundo a análise publicada a 6 outubro, a OPEC+ está a perder rapidamente a sua capacidade excedente, o principal amortecedor de volatilidade do mercado petrolífero desde 2020.

  • A capacidade total estimada do grupo caiu para 4,1 milhões bpd em agosto, com 60% concentrados na Arábia Saudita e 20% nos Emirados Árabes Unidos.
  • Com os aumentos graduais de produção desde abril, esse “buffer” reduziu-se para cerca de 2 milhões bpd, ou apenas 2% da procura global, o valor mais baixo desde a crise de 2008.
  • Historicamente, valores abaixo de 2,5 milhões bpd aumentam a sensibilidade do Brent a choques geopolíticos, como guerras regionais ou sanções.

Embora Riade afirme poder elevar a produção acima de 12 milhões bpd, dados históricos mostram que nunca sustentou esse nível mais do que um mês, atingindo-o apenas em abril de 2020, durante o colapso da procura causado pela pandemia.

Com a Arábia Saudita a produzir 9,69 milhões bpd em agosto e a planear 10,06 milhões bpd em novembro, analistas estimam que a capacidade real disponível do reino ronda entre 600 mil e 1 milhão bpd.

Assim, a margem de manobra técnica e geopolítica da OPEC+ é hoje muito menor do que as estatísticas oficiais sugerem.

3. 7 outubro: OPEC+ trava aumentos adicionais devido a receios de excesso de oferta

Face à acumulação de stocks e à pressão sobre os preços, o grupo decidiu optar pela opção mais conservadora, mantendo o acréscimo mínimo mensal.

“A OPEC+ agiu com cautela depois de ver como o mercado ficou nervoso”, afirmou Jorge León, da Rystad Energy, e ex-funcionário da própria organização.

Os motivos principais da decisão incluem:

  • Aumento simultâneo de produção por países não-OPEC, como EUA, Brasil e Guiana, que já adicionaram mais de 1 milhão bpd em 2025;
  • Crescimento mais lento da procura, sobretudo na China e Europa;
  • Aumento de inventários globais: segundo a JP Morgan, as reservas de líquidos petrolíferos subiram 269 milhões de barris nos primeiros nove meses de 2025, sendo um terço acumulado pela China.

O spread entre o Brent spot e o contrato a seis meses caiu para 0,39 USD, o nível mais baixo desde maio, sinalizando que o mercado está a transitar para contango (excesso de oferta de curto prazo).

4. 13 outubro: OPEC revê défice de 2026 e alinha-se com cenário de neutralidade

No relatório mensal de outubro, a OPEC reviu em baixa o défice de oferta previsto para 2026, que passa de 700 mil bpd para apenas 50 mil bpd, considerando as novas quotas de produção e a subida de produção conjunta para 43,05 milhões bpd em setembro.

O documento mantém as previsões de crescimento da procura global em +1,3 milhões bpd em 2025 e ligeiramente acima desse ritmo em 2026, apoiadas por:

  • crescimento económico robusto na Índia e na China,
  • revisão em alta do PIB dos EUA e do Japão no 2.º trimestre de 2025,
  • e resiliência da procura industrial no Médio Oriente.

No entanto, a OPEC reconhece que o mercado pode entrar em sobreoferta já em meados de 2026, convergindo com previsões da IEA e dos bancos internacionais (média de +1,6 milhões bpd de excedente segundo inquérito Reuters).

“A diferença entre as previsões da OPEC e da IEA está a diminuir o mercado está mais equilibrado do que se esperava”, nota o relatório.

O Brent manteve-se em torno dos 63 USD/barril após o relatório, estabilizando após uma queda acumulada de 20% desde o início de agosto.

5. Implicações estratégicas e de mercado

A atual política da OPEC+ reflete um delicado equilíbrio entre três pressões estruturais:

  1. Recuperar quota de mercado, perdida para produtores não-OPEC;
  2. Evitar uma nova queda acentuada dos preços, que comprometeria receitas fiscais e orçamentais;
  3. Gerir a capacidade excedente decrescente, que limita a flexibilidade futura.

A Arábia Saudita permanece o principal estabilizador, mas enfrenta custos fiscais crescentes (break-even orçamental acima de 85 USD/barril) e pressões políticas internas para financiar o plano Vision 2030.
A Rússia, por sua vez, opera no limite das sanções e das restrições de infraestrutura, reduzindo a sua capacidade real de influência.

Analistas consideram que a fragilidade da capacidade excedente torna o mercado mais exposto a eventos geopolíticos, nomeadamente Ucrânia, Irão e Mar Vermelho e que qualquer disrupção inesperada poderá rapidamente reverter a atual tendência de queda dos preços.

Conclusão

A OPEC+ entra no quarto trimestre de 2025 com margens de manobra reduzidas e uma política de produção cuidadosamente calibrada.
A tentativa de aumentar quotas sem colapsar preços enfrenta agora o risco de neutralização total do défice global em 2026, com o mercado a mover-se para excesso estrutural de oferta.

Embora o Brent tenha caído para a faixa de 63–65 USD/barril, a ausência de capacidade excedente suficiente sugere que volatilidade poderá regressar rapidamente caso ocorram interrupções regionais.
Em termos estratégicos, a OPEC+ está a trocar poder de preço por poder de volume, uma aposta arriscada, que poderá fragilizar a sua posição de médio prazo se a procura global desacelerar mais do que o esperado.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a OPEC+, formato “News”, atualizado com informações até 13 de Outubro de 2025. Categorias: Energia. Classe de Ativos: N/A. Tags: Mercadorias, OPEC+, Petróleo, Energia)

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