OPEC+ confirma aumento da produção a partir de agosto com foco em reposição de stocks e estabilidade geopolítica

Fim gradual dos cortes voluntários a partir de agosto

A 30 de junho de 2025, a OPEC+ confirmou que irá começar a aumentar gradualmente a produção a partir de agosto, pondo fim a mais de dois anos de cortes voluntários aplicados para sustentar os preços após a pandemia e a guerra da Ucrânia. O movimento foi interpretado pelos mercados como um sinal de confiança do grupo na recuperação da procura global e no equilíbrio progressivo entre oferta e stocks.

Segundo fontes do cartel, a reposição será feita de forma faseada até ao primeiro trimestre de 2026, com compromissos de disciplina fiscal e limitação de exportações fora de contrato, especialmente por parte da Nigéria e Iraque.

Produção de maio sobe com Arábia Saudita e Rússia em destaque

Dados operacionais de maio mostram que o grupo OPEC+ aumentou a produção combinada para mais de 26,6 milhões de barris por dia, com destaque para a Arábia Saudita, que recuperou capacidade de exportação para mais de 9 mbpd, e a Rússia, que estabilizou envios para a China e Índia acima dos níveis esperados, apesar das sanções.

O aumento da produção antecipou o impacto das discussões internas sobre o novo plano de quotas e foi impulsionado pela retoma da procura asiática e pela necessidade de gerar receita fiscal em alguns membros com défices crónicos.

Brent volátil com risco geopolítico e expectativa de oferta

Durante o mês de junho, o preço do Brent oscilou entre $84 e $87 por barril, refletindo a combinação de pressões altistas ligadas à instabilidade no Médio Oriente e movimentos especulativos em torno da reunião da OPEC. Traders reportaram liquidez reduzida nos contratos de curto prazo, o que amplificou a sensibilidade aos comentários de delegados e ministros da energia.

Apesar do aumento de produção, os mercados permanecem cautelosos quanto à real disponibilidade física de crude leve, especialmente depois da quebra pontual de oferta no Mar Vermelho e atrasos logísticos na Nigéria.

Novo modelo de cotas para 2027 altera dinâmica entre membros

A OPEC também aprovou, a 28 de maio, um novo modelo de baseline de produção para vigorar a partir de 2027, com ajustamentos nas quotas atribuídas a países como Emirados Árabes Unidos, Iraque, Angola e Cazaquistão. O objetivo é refletir a capacidade real de produção e evitar subavaliações nos direitos de extração futura.

A proposta foi debatida após tensões diplomáticas entre a Arábia Saudita e a Rússia sobre o ritmo de flexibilização dos cortes, mas acabou por ser aceite como parte de um compromisso mais amplo para manter a coesão do grupo até ao fim da década.

Conclusão

A OPEC+ entra na segunda metade de 2025 com uma estratégia de reentrada faseada no mercado, apoiada pela recuperação da procura asiática e por uma nova arquitetura de quotas mais ajustada à capacidade dos seus membros. O aumento de produção a partir de agosto marca o início de um novo ciclo, em que o grupo procura equilibrar a necessidade de receitas com a preservação da estabilidade dos preços.

Num mercado ainda sensível ao risco geopolítico e à política energética dos EUA, a OPEC+ continua a desempenhar um papel central na coordenação da oferta global de petróleo, com decisões que impactam diretamente a inflação, o comércio e os fluxos financeiros internacionais.