Polestar reforça aposta na Europa e relança expansão com foco na rentabilidade

Mudança estratégica: foco total na Europa

A Polestar, fabricante sueca de veículos elétricos, encontra-se a reconfigurar a sua estratégia comercial, colocando agora a Europa como mercado prioritário. A 12 de maio de 2025, o CEO Michael Lohscheller destacou que a marca está a concentrar-se nos mercados onde já possui reconhecimento, rede de assistência e parceiros sólidos, particularmente na Europa, onde mantém colaboração estreita com a Volvo.

Com o continente a representar três quartos das vendas globais, a empresa tem vindo a racionalizar custos, abandonar o modelo de venda direta e adotar redes de concessionários tradicionais para facilitar a escala e os serviços pós-venda.

Recuperação operacional em curso

No primeiro trimestre de 2025, a Polestar reportou uma redução significativa nas perdas líquidas, que caíram para 190 milhões de dólares, face aos 276 milhões registados no mesmo período do ano anterior. Ao mesmo tempo, a margem bruta da empresa passou de -7,7% para +6,8%, refletindo melhorias operacionais e uma composição de vendas mais favorável.

Do total de 12.304 veículos vendidos no trimestre, o modelo Polestar 4, com um preço de 57.900 euros na Alemanha, representou cerca de 50% das entregas, enquanto o Polestar 3, com um preço base de 74.590 euros, contribuiu com cerca de 20%.

Expansão comedida e desafios fora da Europa

Apesar das intenções anteriores de consolidar posições nos EUA e na China, a empresa enfrentou resultados mistos nesses mercados. As tarifas comerciais e as dificuldades logísticas afetaram especialmente os planos na América do Norte, onde o Polestar 4 continua indisponível até à produção sul-coreana prevista para o segundo semestre de 2025. O Polestar 3, que é montado nos EUA, está disponível, mas enfrenta concorrência acirrada.

Na China, a marca luta contra uma concorrência doméstica muito mais agressiva em preço e tecnologia. A empresa encerrou no primeiro trimestre a sua parceria com a Meizu, uma subsidiária da Geely, sinalizando dificuldades na integração local.

Mesmo com a redução recente das tarifas dos EUA sobre importações chinesas de 145% para 30% a 10 de junho de 2025, o impacto sobre as operações da Polestar ainda é incerto, uma vez que parte da produção será transferida para fora da China.

Retoma da expansão internacional

Apesar das dificuldades, a Polestar voltou a avançar com a sua estratégia de expansão de mercados. A 11 de junho de 2025, a empresa estreou oficialmente a sua presença em França, relançando o seu programa de crescimento internacional a partir de mercados com maior rentabilidade e receptividade.

Esta decisão surge como parte de uma abordagem seletiva, centrada em mercados com maior potencial de margem e menor exposição a volatilidade regulatória ou concorrência de custo.

Conclusão

A Polestar está a operar uma viragem estratégica clara em 2025, com foco na Europa como principal motor de recuperação financeira. As mudanças no modelo de negócio, a aposta em modelos populares como o Polestar 4 e a expansão controlada em mercados selecionados são sinais de uma abordagem mais disciplinada. No entanto, os desafios globais permanecem, com tarifas, concorrência asiática e necessidade de escala a pressionar a operação. A capacidade da marca para se reposicionar como referência no segmento premium elétrico europeu será crucial nos próximos trimestres.