Resultados acima do esperado num contexto de incerteza

A Randstad, considerada a maior agência de emprego do mundo, reportou um EBITA ajustado de 167 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, batendo confortavelmente a estimativa consensual de 153 milhões. Os resultados foram impulsionados pela recuperação nas operações nos Estados Unidos e pela estabilização geral noutras regiões, com exceção da Alemanha e França.

O CEO, Sander van ‘t Noordende, destacou que a combinação de iniciativas estratégicas, maior atividade comercial e foco em custos contribuiu para o desempenho positivo. “Tudo isso está a dar frutos”, declarou em entrevista à Reuters.

Europa ainda sob pressão, mas plano de defesa em curso

Apesar do desempenho sólido em termos globais, a empresa sublinhou fragilidade nos mercados alemão e francês, com o setor automóvel a pesar especialmente na Alemanha. O CFO, Jorge Vazquez, descreveu o setor industrial alemão como “muito, muito enfraquecido”.

Como resposta à nova realidade europeia, a Randstad revelou que está a implementar um plano de ação para ganhar presença no setor da defesa, aproveitando o aumento das despesas militares nos países da União Europeia. A empresa identificou as 25 principais empresas do setor como alvos comerciais prioritários.

Margens sustentadas e controlo de custos

A margem bruta da empresa foi de 19,3%, ligeiramente acima dos 19,1% previstos, beneficiando da agilidade operacional e mix de clientes. A empresa antecipou, no entanto, que a margem deverá recuar ligeiramente no segundo trimestre, devido à sazonalidade típica do negócio.

Os custos operacionais antes de itens extraordinários foram de 925 milhões de euros, em linha com o esperado (920 milhões), e deverão manter-se estáveis no segundo trimestre, segundo a previsão da gestão.

Perspetivas e sinais de alerta

Questionado sobre o impacto da guerra comercial e tarifas, o CEO afirmou que a empresa ainda não registou efeitos significativos, mas notou que os clientes estão mais cautelosos nas decisões de contratação. “Estão atentos e em alerta”, referiu van ‘t Noordende.

Nos Estados Unidos, o desempenho foi particularmente positivo, com crescimento no segmento digital e melhorias operacionais noutros ramos.

Conclusão

A Randstad apresentou um início de ano sólido, com lucros acima das previsões, margens robustas e sinais de recuperação em mercados-chave como os Estados Unidos. No entanto, a incerteza na Europa e a hesitação dos clientes corporativos exigem prudência, enquanto a aposta em novos setores, como a defesa, poderá revelar-se estratégica para manter o crescimento num ambiente económico mais desafiante.