
Aqui pode acompanhar as últimas noticias relacionadas com discursos de membros dos bancos centrais fora do âmbito das comunicações oficiais dos próprios bancos centrais. Este tipo de discurso é fundamental para ajudar a entender a futura orientação da política monetária.
Banco de Inglaterra Mantém Taxa de Juro em 4,5% e Alerta Contra Expectativas de Cortes Imediatos
DESTAQUES (20 de março de 2025)
- O Banco de Inglaterra (BoE) manteve a taxa de juro em 4,5%, conforme esperado pelo mercado.
- O Comité de Política Monetária votou 8-1 a favor da manutenção, com apenas Swati Dhingra a defender um corte de 0,25 pontos percentuais.
- O governador Andrew Bailey alertou para a incerteza económica global, reforçando que a trajetória dos juros será analisada reunião a reunião.
- O BoE reviu ligeiramente em alta a sua previsão de inflação, esperando agora um pico de 3,75% no terceiro trimestre de 2025, face aos 3,7% estimados em fevereiro.
- O banco central também ajustou a previsão de crescimento do PIB britânico para 0,25% no primeiro trimestre de 2025, acima dos 0,1% anteriormente projetados.
Decisão da Taxa de Juro e Justificações do Banco de Inglaterra
O Banco de Inglaterra (BoE) decidiu, a 20 de março de 2025, manter a taxa de juro em 4,5%, num momento de elevada incerteza económica global. A decisão foi tomada por uma votação de 8-1 dentro do Comité de Política Monetária (MPC), com Swati Dhingra a ser a única a defender um corte de 25 pontos base.
Os economistas consultados pela Reuters esperavam, em média, uma votação de 7-2, o que reflete uma posição mais cautelosa do comité face às expectativas do mercado.
O governador Andrew Bailey alertou que, apesar da tendência de descida gradual da taxa de juro, o BoE não assume um percurso predefinido para cortes nas próximas reuniões. A política monetária será revista reunião a reunião, com base na evolução da economia britânica e global.
Pressões Inflacionistas e Previsões Económicas
O Banco de Inglaterra reafirmou que espera uma redução gradual das pressões inflacionistas, mas reviu ligeiramente em alta a sua previsão para o pico da inflação em 2025. A nova estimativa aponta para 3,75% no terceiro trimestre, face aos 3,7% projetados em fevereiro.
A inflação no Reino Unido continua acima da meta de 2%, tendo registado um aumento para 3% em janeiro de 2025. Esse cenário coloca o BoE atrás do Banco Central Europeu (BCE) e da Reserva Federal dos EUA (Fed) no ritmo de cortes das taxas de juro, contribuindo para o fraco crescimento económico britânico.
Contudo, o banco central ajustou em alta a previsão de crescimento do PIB para os primeiros três meses de 2025, antecipando agora um aumento de 0,25%, acima da estimativa anterior de 0,1%.
Impacto das Tensões Comerciais e Política Global
O BoE alertou para a intensificação da incerteza na política comercial global, destacando a escalada das tensões comerciais iniciadas pelos EUA com a introdução de novas tarifas de importação, o que levou a medidas retaliatórias de outros países.
Adicionalmente, o banco central britânico mencionou outros fatores de risco geopolítico, incluindo os planos massivos de endividamento da Alemanha, que podem impactar a economia europeia e, consequentemente, o Reino Unido.
A nível interno, o aumento iminente dos impostos para os empregadores por parte do governo britânico tem sido identificado como um fator de pressão sobre os preços dos serviços, enquanto inquéritos empresariais sugerem um abrandamento nas intenções de contratação.
Perspetivas Fiscais e Reação do Mercado
O Comité de Política Monetária reiterou a mensagem dada em fevereiro de que está a adotar uma abordagem “gradual e cuidadosa” em relação a eventuais cortes nas taxas de juro.
Os analistas continuam a prever que o primeiro corte dos juros ocorra em maio de 2025, seguido de novos cortes em agosto e novembro. No entanto, essa trajetória poderá ser ajustada caso a incerteza global continue a aumentar.
Outro fator a ser monitorizado pelo BoE é a atualização orçamental da ministra das Finanças, Rachel Reeves, prevista para quarta-feira, 12 de março de 2025. A expectativa é de que Reeves anuncie cortes na despesa pública, o que poderá ter um impacto significativo na trajetória económica do Reino Unido.
A nível internacional, a incerteza monetária continua elevada. No mesmo dia da decisão do BoE, o Banco Nacional Suíço (SNB) cortou a sua taxa de juro em 25 pontos base, citando os riscos de guerras comerciais e os impactos na inflação global. Por outro lado, o Banco Central da Suécia manteve a sua política monetária inalterada.
Conclusão
O Banco de Inglaterra optou por uma postura prudente, mantendo a taxa de juro em 4,5%, apesar das previsões do mercado para um possível corte nos próximos meses. A decisão reflete a incerteza global, a inflação persistentemente acima da meta de 2% e a necessidade de acompanhar de perto o impacto das políticas fiscais do governo britânico.
A evolução da política comercial global, a resposta da economia britânica ao aumento dos impostos para empregadores e as decisões fiscais do governo serão determinantes para o próximo movimento do BoE.
O mercado mantém a expectativa de cortes nas taxas de juro ainda em 2025, mas a cautela do banco central sugere que esses ajustes serão lentos e dependentes da evolução dos dados económicos nos próximos meses.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre a Política Monetária do BOE, formato “Geral”, atualizado com informações até 20 de Março de 2025. Categorias: Política Monetária. Tags: Política Monetária, BoE, Banco Central, Reino Unido, Taxa de Juro)