
Aqui pode acompanhar as últimas noticias relacionadas com a Yields das Gilts do Reino Unido. As notícias são uma componente importante pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que afetam este título de dívida soberana.
Gilts em foco: rendimento das obrigações britânicas oscila entre política fiscal, inflação e tarifas externas
Destaques (11 de junho de 2025)
- O rendimento das gilts a 30 anos atingiu 5,649% a 9 de abril de 2025, o valor mais alto desde maio de 1998, impulsionado por tarifas dos EUA e receios fiscais
- A curva de rendimentos manteve-se inclinada, com o spread entre as gilts a 2 e 30 anos a atingir 171 pontos base, o maior desde 2017
- Apesar da volatilidade, o Reino Unido conseguiu colocar 2,25 mil milhões de libras em dívida a 30 anos a 8 de abril, com procura superior à média
- Dados laborais mais fracos a 10 de junho fizeram as yields recuar para mínimos de um mês, com as gilts a 10 anos a rondar 4,36%
- O plano de gastos públicos da ministra Rachel Reeves, apresentado a 11 de junho, gerou novas subidas nas yields e sustentou a libra perto dos máximos de 2025
- A elevada participação de investidores estrangeiros (32% da dívida total) expõe o Reino Unido a forte sensibilidade a choques externos
Pressão externa e subida abrupta das yields em abril
O mercado de obrigações do Reino Unido entrou em abril sob forte tensão. Após o anúncio de novas tarifas comerciais pelos EUA sobre importações chinesas, os rendimentos das gilts dispararam. A 9 de abril, a yield da gilt a 30 anos alcançou 5,649%, o nível mais elevado desde 1998. O movimento foi um dos mais bruscos desde o episódio do “mini-orçamento” de 2022 e expôs a fragilidade do mercado face à liquidez e ao uso de alavancagem por fundos de investimento.
O Banco de Inglaterra alertou que, em março, os fundos de hedge acumulavam mais de 61 mil milhões de libras em financiamento repo ligado a gilts, um aumento acentuado face aos 4 mil milhões no início do ano. Esta dependência de alavancagem pode amplificar choques e contribuir para episódios de disfunção do mercado.
Condições fiscais e receios orçamentais
O ambiente fiscal tem sido um fator chave para o comportamento das gilts. A ministra das Finanças, Rachel Reeves, revelou no final de março que o Reino Unido terá de contrair 47,6 mil milhões de libras adicionais em dívida até 2029, face às previsões anteriores.
Com o crescimento económico limitado, o PIB deverá expandir apenas 1% em 2025, segundo o Office for Budget Responsibility, os investidores exigem prémios de risco mais elevados para financiar os défices gémeos do país. A 27 de março, o yield das gilts a 10 anos subiu para 4,803%, refletindo estas preocupações após a divulgação do orçamento primaveril.
Apesar da forte dependência de capital externo, a participação de investidores estrangeiros, que detêm 32% da dívida pública britânica, mantém-se elevada. Tal como assinalado em março, isso faz do Reino Unido o país mais dependente de fluxos de curto prazo entre as economias avançadas com défice externo.
Curva inclinada e leilões com procura desigual
A curva de rendimentos das gilts permaneceu significativamente inclinada ao longo do segundo trimestre. A diferença entre as yields das gilts a 2 e 30 anos alargou-se para 171 pontos base a 9 de abril, reflexo das apostas em cortes de juros no curto prazo e exigências de prémio no longo prazo face ao risco fiscal.
O leilão de 2,25 mil milhões de libras em dívida a 30 anos realizado a 8 de abril atraiu mais interesse do que o anterior, mas o tail de yield foi o mais alto desde novembro, sinalizando dispersão significativa nas ofertas.
Alívio técnico com dados laborais e novo plano fiscal
A 10 de junho, dados laborais mais fracos no Reino Unido levaram as yields a cair para mínimos de quatro semanas. O rendimento da gilt a 30 anos caiu para 4,63%, enquanto as gilts a 10 anos recuaram para 4,36%, refletindo apostas reforçadas em cortes de taxa pelo Banco de Inglaterra.
No entanto, a 11 de junho, com a apresentação do novo plano de gastos por Rachel Reeves, as yields voltaram a subir. O mercado reagiu à ausência de cortes estruturais ou medidas fiscais compensatórias, e a libra ficou próxima dos máximos do ano, sugerindo uma leitura mista entre credibilidade e risco de sobrecarga da dívida.
Conclusão
O mercado de gilts tem sido um reflexo claro da tensão entre política monetária, riscos fiscais e choques externos. As obrigações britânicas oferecem atualmente os yields mais altos entre os países do G7, mas esse prémio resulta mais da incerteza do que de confiança. A vulnerabilidade estrutural das finanças públicas britânicas, aliada à elevada dependência de capital externo e à imprevisibilidade fiscal, continuará a condicionar o comportamento das yields. Com o Banco de Inglaterra ainda a avaliar a evolução da inflação e o governo a tentar manter regras orçamentais rígidas, os próximos meses serão determinantes para a estabilidade do mercado de dívida do Reino Unido.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre as Yields das Gilts do Reino Unido, formato “News”, atualizado com informações até 11 de Junho de 2025. Categorias: Dívida Soberana. Tags: GILTs, Reino Unido, Yields, Dívida, Bonds)