Reino Unido, Inflação – 05 Dez 25

Inflação no Reino Unido abranda para 3,6%: sinais de alívio, mas pressões internas mantêm trajetória lenta rumo aos 2%


Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Inflação do Reino Unido. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos da atividade económica mais relevantes que impactam esta economia e mundo, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.


Strategic Highlights — 19 novembro 2025

  • CPI desacelerou para 3,6% em outubro, face aos 3,8% em setembro, primeira queda desde maio.
  • Core CPI recuou para 3,4%, apontando para moderação gradual das pressões subjacentes.
  • Inflação de serviços caiu para 4,5%, mínimo desde dezembro 2024, apesar de setores com custos laborais ainda elevados.
  • Inflação alimentar subiu para 4,9%, mantendo-se um fator central para expectativas das famílias.
  • Mercados reforçaram probabilidade de corte de juros do BoE em dezembro, com libra a recuar e yields a 2 anos a descerem.

Nota de Contexto

A inflação britânica permaneceu persistentemente elevada ao longo de 2024 e 2025, pressionada por custos laborais acima da produtividade, tensões no setor de serviços e efeitos residuais do choque energético. Embora abaixo do pico observado após a pandemia, o Reino Unido tem consistentemente apresentando uma inflação mais alta que outras economias avançadas devido à rigidez dos preços de serviços e ao ajustamento lento do mercado laboral.

Em outubro de 2025, o abrandamento do CPI surge como o primeiro sinal de inflexão em vários meses, mas ainda longe da meta de 2% definida pelo Banco de Inglaterra (BoE), que estima que essa convergência só ocorra por volta de meados de 2027.

1. Tendência Geral da Inflação: Sinal Positivo, mas Decréscimo Lento

A inflação CPI caiu de 3,8% em setembro para 3,6% em outubro, coincidindo com as previsões do BoE e dos economistas consultados. A queda, embora modesta, é relevante porque representa a primeira descida desde maio, após meses de valores próximos de máximos de 18 meses.

A desaceleração apoia a perspetiva de que a inflação tenha finalmente retomado uma trajetória de descida gradual, consistente com a moderação económica e o enfraquecimento da procura.

2. Pressões Subjacentes: Núcleo e Serviços

Core CPI

  • Desceu de 3,5% para 3,4%.
  • Continua acima do desejável, mas confirma que as pressões de base não estão a acelerar.

Serviços

  • Recuaram de 4,7% para 4,5%, o valor mais baixo desde dezembro 2024.
  • A descida foi ligeiramente mais forte do que o previsto, impulsionada por:
    • tarifas aéreas mais baixas,
    • queda dos preços de hotelaria,
    • redução das faturas domésticas de eletricidade e aquecimento.

Ainda assim, vários economistas sublinham que alguns componentes, como restaurantes e cafés, continuam a mostrar sinais de resistência, apoiados pela inflação alimentar e pelos custos laborais.

3. Alimentação e Expectativas das Famílias

Apesar do arrefecimento geral, a inflação de alimentos e bebidas subiu de 4,5% para 4,9%, mantendo a componente alimentar como um dos principais fatores que moldam a perceção das famílias sobre o custo de vida.

Segundo o BoE:

  • A inflação alimentar deverá atingir um pico de 5,3% em dezembro antes de começar a desacelerar.

Este comportamento torna a convergência da inflação mais lenta, dado o peso psicológico e orçamental da alimentação nas decisões dos consumidores.

4. Custo do Trabalho, Produtividade e Limites à Desinflação

O BoE destaca que:

  • salários continuam a crescer a ritmos incompatíveis com uma inflação estabilizada a 2%,
  • a produtividade permanece fraca, ampliando o impacto dos custos laborais unitários,
  • grande parte da pressão inflacionista está concentrada nos serviços, onde a mão de obra representa uma parcela elevada dos custos.

Este enquadramento explica porque o Banco projeta inflação acima dos 2% até meados de 2027, mesmo com condições financeiras restritivas.

5. Reação de Mercado e Implicações de Política Monetária

A divulgação dos dados teve impacto imediato nos mercados britânicos:

  • Libra esterlina recuou ligeiramente face ao dólar.
  • Yields das gilts a 2 anos caíram, refletindo expectativas de alívio monetário.
  • Futuros de juros passaram a precificar um ritmo mais rápido de cortes ao longo de 2026.

O mercado reforçou a probabilidade de que, na reunião de 18 dezembro 2025, o MPC avance com um corte da taxa diretora de 4,0% para 3,75%.

Dentro do BoE, a divisão permanece clara:

  • Andrew Bailey admite abertura a cortar caso se confirme a redução das pressões subjacentes.
  • Huw Pill, mais conservador, alerta que os dados recentes podem não ser suficientes, apontando para o risco persistente associado ao crescimento salarial elevado.

Conclusão

A descida da inflação para 3,6% marca um ponto de viragem após meses de estagnação em níveis elevados. A combinação de moderação económica, redução de preços em energia doméstica e alívio nos serviços sugere que o processo de desinflação está finalmente a ganhar tração.

Contudo, a trajetória continua gradual e sujeita a fatores críticos:

  • evolução dos salários,
  • dinâmica da inflação alimentar,
  • sensibilidade dos serviços aos custos laborais,
  • capacidade produtiva limitada do Reino Unido.

A expectativa de mercado por um corte em dezembro espelha a leitura de que o BoE poderá aproveitar este momento para suavizar a política monetária, mas apenas se a tendência de alívio subjacente se consolidar.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Inflação no Consumidor no Reino Unido, formato “Geral”, atualizado com informações até 19 de Novembro de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, Reino Unido, Inflação, Inflação no Consumidor, CP)

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