DESTAQUES (16 de abril de 2025)

• A taxa de inflação no Reino Unido desceu para 2,6% em março, o valor mais baixo dos últimos três meses.
• A descida foi influenciada por quedas nos preços dos combustíveis e jogos de computador, segundo o Office for National Statistics.
• A inflação ficou abaixo das previsões do Banco de Inglaterra (BoE), que antecipava 2,7% para março.
• Previsão de aumento da inflação em abril, com a subida de preços regulados de gás, eletricidade e água.
• Impactos da guerra comercial de Donald Trump começam a ser sentidos, podendo limitar o crescimento económico.
• Probabilidade de corte na taxa de juro do BoE a 8 de maio é agora de 86%, segundo os mercados financeiros.

Desempenho dos Preços e Reação do Banco de Inglaterra

Em março de 2025, a inflação no Reino Unido desacelerou para 2,6%, em comparação com os 2,8% registados em fevereiro, contrariando as previsões de uma subida ligeira. Esta moderação foi impulsionada por uma queda nos preços dos combustíveis e dos jogos de computador, apesar de um aumento expressivo nos preços da roupa, após um recuo inesperado no mês anterior. O Banco de Inglaterra, que mantém uma meta de inflação de 2%, tinha previsto em fevereiro que a inflação atingiria 3,6% em abril, devido ao aumento dos tarifários regulados das utilidades domésticas. Com a chegada de abril, começam a entrar em vigor as subidas nos preços do gás, eletricidade e água, bem como um aumento de impostos para empregadores, o que poderá pressionar os preços para perto dos 3%, segundo o antigo responsável pela política monetária do BoE, Michael Saunders.

Saunders alertou para uma “calma antes da tempestade”, acrescentando que os efeitos da guerra comercial iniciada por Donald Trump também começarão a impactar a economia britânica nos próximos meses.

Perspetivas e Política Monetária

Embora o BoE tenha projetado que a inflação possa atingir os 3,7% no terceiro trimestre de 2025, Saunders acredita que esse pico poderá ser mais baixo, embora à custa de um crescimento económico mais fraco. A Confederação da Indústria Britânica (CBI), através do economista Martin Sartorius, prevê que a atual incerteza poderá levar o BoE a cortar a sua taxa diretora já na próxima reunião de política monetária, marcada para 8 de maio de 2025.

Segundo os mercados financeiros, a probabilidade de um corte de 0,25 pontos percentuais na taxa de juro subiu para 86%, refletindo a resposta esperada do banco central face à moderação da inflação e à crescente incerteza económica.

Deputados do BoE, como Clare Lombardelli, Sarah Breeden e Megan Greene, afirmaram que ainda é cedo para avaliar o impacto total das medidas comerciais dos EUA na inflação britânica.

Impactos Externos e Expectativas do Público

Com a imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos, a China poderá redirecionar exportações para a Europa, pressionando os preços no continente. Isto, segundo especialistas em comércio, poderá gerar efeitos contraditórios: pressionar a inflação para cima ou aliviar preços em certos sectores devido ao aumento da oferta.

O impacto também se estendeu ao mercado cambial: a libra esterlina caiu cerca de 0,2% face ao dólar norte-americano após a divulgação dos dados de inflação.

A nível global, a inflação na zona euro recuou para 2,2% em março de 2025, e nos Estados Unidos para 2,4%, indicando uma tendência mais ampla de moderação dos preços nos mercados desenvolvidos.

Contudo, apesar da desaceleração da inflação desde os valores superiores a 11% registados em 2022, as expectativas inflacionistas entre consumidores e empresas mantêm-se elevadas, o que continua a preocupar os decisores do BoE.

Conclusão

O abrandamento da inflação britânica para 2,6% em março de 2025 representa um alívio temporário, mas os aumentos nos custos dos serviços básicos e o agravamento das tensões comerciais globais ameaçam inverter essa tendência nos próximos meses. O Banco de Inglaterra vê-se agora perante a necessidade de equilibrar a sua política monetária entre a contenção da inflação e a proteção do crescimento económico.

Com uma nova reunião agendada para 8 de maio de 2025, as decisões do BoE serão cruciais para a trajetória da economia britânica num contexto marcado por incertezas geopolíticas e pressões internas nos custos empresariais.