DESTAQUES (19 de fevereiro de 2025)

• Inflação no Reino Unido subiu para 3,0% em janeiro de 2025, um máximo de 10 meses, acima da previsão de 2,8% do Banco de Inglaterra (BoE) e dos analistas.
• Aumento impulsionado por menores reduções nos preços das viagens aéreas, subida dos preços dos combustíveis e novos impostos sobre as propinas do ensino privado.
• Inflação nos serviços subiu para 5,0%, inferior às previsões de 5,2%, mas ainda preocupante para o BoE.
• Libra esterlina registou uma breve valorização após os dados, mas estabilizou rapidamente.
• Previsão do BoE aponta para um pico de 3,7% na inflação no terceiro trimestre de 2025, devido a custos energéticos mais elevados e tarifas reguladas.

Pressão Inflacionária e Impacto no Mercado

A inflação no Reino Unido acelerou mais do que o esperado em janeiro de 2025, atingindo 3,0%, o nível mais alto em 10 meses. O Banco de Inglaterra (BoE) e economistas consultados pela Reuters previam um aumento mais moderado para 2,8%, após os 2,5% registados em dezembro de 2024.

Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS), a inflação foi impulsionada por uma queda menos acentuada das tarifas aéreas, um fator volátil que, em dezembro, havia ajudado a baixar a inflação. O aumento dos preços dos combustíveis e dos produtos alimentares também contribuiu para a subida. Além disso, a nova taxação sobre as propinas do ensino privado, implementada pelo governo do primeiro-ministro Keir Starmer, exerceu pressão adicional sobre os preços. Os dados provocaram uma valorização momentânea da libra esterlina face ao dólar, mas a moeda rapidamente voltou aos níveis anteriores à divulgação dos números.

Reação do Banco de Inglaterra e Perspectivas para as Taxas de Juro

A inflação dos serviços, que tem sido um fator crítico na decisão do Banco de Inglaterra sobre cortes nas taxas de juro, subiu para 5,0% em janeiro, acima dos 4,4% registados em dezembro, mas ainda abaixo da previsão de 5,2%.

Zara Nokes, analista de mercados globais da J.P. Morgan Asset Management, afirmou que a inflação superior ao esperado, combinada com o forte crescimento salarial, representará “um grande desafio” para o Banco de Inglaterra.

O governo britânico também está a implementar aumento das contribuições sociais das empresas e uma subida do salário mínimo de quase 7% a partir de 1 de abril de 2025. Estes fatores levantam dúvidas sobre o impacto nos preços finais ao consumidor, com o risco de perpetuar a inflação elevada.

A economista Ruth Gregory, da Capital Economics, acredita que o BoE continuará a cortar gradualmente as taxas de juro. No entanto, alerta que se a inflação se revelar mais persistente, os cortes poderão ser mais lentos do que o esperado ou menos profundos.

Projeções para 2025 e Declarações da Liderança do BoE

O Banco de Inglaterra prevê que a inflação ao consumidor atinja um pico de 3,7% no terceiro trimestre de 2025, impulsionada principalmente pelo aumento dos custos energéticos e tarifas reguladas, como as do fornecimento de água doméstica.

No entanto, o governador do BoE, Andrew Bailey, e a sua equipa argumentam que o arrefecimento do mercado de trabalho ajudará a limitar os pedidos de aumentos salariais, reduzindo a pressão inflacionária a longo prazo.

A inflação subjacente, que exclui os preços voláteis de energia, alimentos, álcool e tabaco, subiu para 3,7% em janeiro, contra 3,2% no mês anterior, em linha com as previsões dos analistas.

Conclusão

A aceleração da inflação britânica em janeiro de 2025 representa um desafio significativo para o Banco de Inglaterra, que enfrenta dificuldades em justificar cortes nas taxas de juro a curto prazo. O aumento dos preços dos combustíveis, das propinas e dos serviços mostra que as pressões inflacionárias ainda persistem.

Com o governo a implementar novas políticas salariais e fiscais, os economistas começam a questionar a rapidez e a profundidade dos cortes esperados nas taxas de juro. O BoE aposta que o mercado de trabalho ajudará a controlar a inflação, mas os próximos meses serão cruciais para determinar se os preços continuarão a subir ou se a inflação começará finalmente a ceder.