Reino Unido: Starmer reforça laços globais enquanto Reeves prepara austeridade fiscal
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Strategic Highlights – 16 outubro 2025
- Keir Starmer consolidou a “relação especial” com Donald Trump e assinou um acordo comercial histórico com a Índia.
- O governo britânico anunciou 150 mil milhões £ em investimento norte-americano, com acordos tecnológicos e energéticos adicionais.
- Rachel Reeves, ministra das Finanças, prepara um orçamento de consolidação a 26 de novembro, combinando aumentos de impostos e cortes de despesa.
- Reeves reconhece ter perdido a margem fiscal de 9,9 mil milhões £ criada em 2024 e pretende reconstruir uma “almofada orçamental credível”.
- Londres procura atrair investimento e preservar confiança dos mercados após o impacto de juros altos e volatilidade global.
Nota de Contexto
O governo trabalhista de Keir Starmer, eleito em julho de 2024, entrou no segundo ano de mandato com uma agenda centrada em credibilidade fiscal, crescimento e reposicionamento internacional do Reino Unido após o Brexit.
A política económica está nas mãos da Chanceler Rachel Reeves, ex-economista do Banco de Inglaterra, que tem enfatizado o princípio de “responsabilidade económica” para restaurar a confiança dos investidores, uma prioridade após o colapso dos mercados durante o “mini-orçamento” de Liz Truss em 2022.
1. Diplomacia Económica: de Washington a Nova Deli
Reino Unido e EUA: “Relação especial” renovada
Na visita de Estado de Donald Trump ao Reino Unido (18 setembro 2025), o presidente norte-americano e Starmer proclamaram o “renascimento da relação especial”, evitando choques políticos sobre Gaza, Rússia ou energia .
O encontro culminou na anunciação de um pacote de investimento de 150 mil milhões £ (205 mil milhões USD) em setores de tecnologia, energia e serviços financeiros.
Starmer celebrou o acordo como “um novo capítulo de prosperidade partilhada”, enquanto Trump descreveu o vínculo bilateral como “um elo inquebrável”.
Entre as iniciativas destacam-se:
- Pacto tecnológico com Microsoft, Nvidia e OpenAI, no valor de 31 mil milhões £;
- Investimento de 100 mil milhões £ da Blackstone em infraestrutura e finanças;
- Projeção de 250 mil milhões £ em benefícios bilaterais de longo prazo.
Apesar do simbolismo, Londres não conseguiu redução das tarifas norte-americanas sobre aço, um tema que permanece sensível nas negociações comerciais.
Acordo com a Índia: o pós-Brexit mais ambicioso
Durante a visita de Starmer a Mumbai (8 outubro), o primeiro-ministro pediu a implementação “tão rápida quanto humanamente possível” do acordo de comércio livre com a Índia, assinado em julho com Narendra Modi.
O pacto, resultado de três anos de negociações intermitentes, elimina tarifas sobre têxteis, automóveis, bebidas e serviços, e prevê um aumento do comércio bilateral em 25,5 mil milhões £ até 2040.
Starmer liderou uma delegação de mais de 100 executivos de empresas como BP, Rolls-Royce e BT, procurando mobilizar capital e demonstrar que a Grã-Bretanha pós-Brexit pode competir como hub global de serviços e inovação.
A British Chambers of Commerce saudou o impulso comercial, mas alertou contra novas subidas de impostos no orçamento de novembro.
2. Política Interna: o dilema fiscal de Rachel Reeves
Responsabilidade acima da popularidade
No Congresso Trabalhista de Liverpool (29 setembro), Reeves enfrentou as críticas internas que pediam mais despesa pública, reafirmando o compromisso com a “responsabilidade económica”.
Prometeu “não correr riscos com a confiança dos mercados”, recordando a turbulência de 2022 e alertando para a necessidade de decisões difíceis num mundo de “insegurança global”.
Reeves confirmou que manterá as promessas de não subir IVA, contribuições sociais nem imposto sobre o rendimento, mas admitiu rever outras bases fiscais.
As pressões externas incluem:
- Tarifas de Trump sobre exportações britânicas;
- Conflitos geopolíticos (Ucrânia e Médio Oriente);
- Revisão em baixa da produtividade pelo OBR (Office for Budget Responsibility).
Orçamento de 26 novembro: impostos, cortes e reequilíbrio
Em entrevistas recentes, Reeves confirmou que o orçamento de outono incluirá subidas de impostos e cortes de despesa para equilibrar as contas até 2030, conforme as regras fiscais.
O plano prevê:
- Recolha de 30 mil milhões £ em novas receitas fiscais;
- Redução de despesas discricionárias, incluindo revisão de programas sociais;
- Revisão de incentivos empresariais para manter a competitividade.
Em Washington (16 outubro), durante as reuniões do FMI e Banco Mundial, Reeves reconheceu ter esgotado a margem fiscal de 9,9 mil milhões £ criada em 2024, devido à subida dos yields das gilts e à pressão orçamental do NHS.
Declarou que gostaria de uma “almofada orçamental maior”, mas que isso exige “mais receita ou menos despesa”, insistindo em “encontrar o equilíbrio certo”.
3. Estratégia de Credibilidade e Reformas Institucionais
Reeves pretende reduzir a frequência das “declarações fiscais bianuais”, concentrando num único evento anual para diminuir a volatilidade das expectativas de mercado.
A proposta conta com apoio do FMI, que recomenda análises de conformidade fiscal anuais, embora defenda que o OBR mantenha previsões semestrais.
A ministra também reiterou que não criará um novo imposto sobre a riqueza, mas reforçará a progressividade: “os que têm ombros mais largos devem contribuir mais”.
Pretende ainda consolidar a imagem do Reino Unido como destino atrativo para talento e capital, equilibrando disciplina orçamental e ambiente empresarial competitivo.
Conclusão
O Reino Unido entra no último trimestre de 2025 com uma diplomacia económica ativa e um ajuste fiscal inevitável.
Enquanto Starmer aposta na reaproximação aos EUA e Índia para reanimar o investimento e o comércio, Reeves prepara o terreno para um orçamento de consolidação dura, destinado a reconstruir confiança e margem de manobra perante investidores e agências de rating.
O equilíbrio entre austeridade e crescimento será o teste decisivo da credibilidade do governo trabalhista:
- Se a execução fiscal for convincente, o Reino Unido poderá retomar o caminho de crescimento sustentável em 2026;
- Caso contrário, o risco é um retorno da pressão dos mercados sobre as gilts e uma nova erosão de confiança no modelo pós-Brexit.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre a Política Interna e Externa do Reino Unido, formato “Geral”, atualizado com informações até 16 de Outubro de 2025. Categorias: Política. Tags: Geopolítica, Política, Reino Unido)