DESTAQUES (21 de fevereiro de 2025)

• Crescimento dos salários no Reino Unido mantém-se elevado, aumentando as preocupações com a inflação.
• Banco de Inglaterra poderá adiar cortes nas taxas de juro, caso a pressão salarial continue elevada.
• Mercado de trabalho britânico permanece resiliente, apesar do abrandamento da economia.
• Inflação nos serviços continua elevada, impulsionada pelo aumento dos custos laborais.

Aumento dos Salários Reforça Pressões Inflacionistas

O crescimento dos salários no Reino Unido registou uma aceleração acima do esperado, aumentando as preocupações de que a inflação subjacente possa permanecer elevada por mais tempo. Os dados mais recentes apontam para um crescimento salarial anual de 6% nos três meses até janeiro, um ritmo ainda elevado que poderá complicar a tarefa do Banco de Inglaterra (BoE) na sua decisão sobre cortes nas taxas de juro.

Apesar do abrandamento da economia britânica, o mercado de trabalho mantém-se robusto, com a procura por trabalhadores qualificados ainda elevada em diversos setores. Este fator tem levado muitas empresas a oferecer aumentos salariais significativos para reter e atrair talentos, pressionando os custos laborais e, consequentemente, os preços ao consumidor.

Banco de Inglaterra Poderá Adiar Cortes nas Taxas

O Banco de Inglaterra tem vindo a monitorizar atentamente o impacto dos salários na inflação. Se o crescimento dos rendimentos continuar elevado, os responsáveis pela política monetária poderão ser forçados a manter as taxas de juro mais altas por mais tempo para evitar uma nova aceleração da inflação.

Na sua última reunião, o governador do BoE, Andrew Bailey, destacou que a evolução dos salários e da inflação nos serviços são fatores-chave para determinar o momento dos primeiros cortes nas taxas. A inflação no setor dos serviços, que é altamente sensível aos custos laborais, permanece teimosamente elevada, reforçando o argumento para uma abordagem mais cautelosa na política monetária.

Atualmente, os mercados esperam cortes nas taxas a partir do segundo semestre de 2025, mas se os salários continuarem a subir de forma sustentada, o BoE poderá ser forçado a adiar essa decisão.

Impacto na Inflação e Perspetivas para 2025

A inflação no Reino Unido tem vindo a desacelerar gradualmente, mas os custos laborais elevados continuam a alimentar os preços dos serviços, o que representa um desafio para os decisores políticos.

Além do impacto interno, a desvalorização da libra esterlina também tem contribuído para manter os preços elevados, encarecendo as importações e adicionando pressão inflacionária adicional.

Os economistas acreditam que, para que o Banco de Inglaterra avance com cortes nas taxas, será necessário ver sinais mais claros de arrefecimento no mercado de trabalho e uma redução sustentada na inflação dos serviços.

Conclusão

O forte crescimento dos salários no Reino Unido continua a desafiar a trajetória da inflação, colocando em dúvida a capacidade do Banco de Inglaterra de iniciar cortes nas taxas de juro em breve.

Embora a economia britânica esteja a enfrentar sinais de abrandamento, o mercado de trabalho continua resiliente, sustentando pressões inflacionistas no setor dos serviços.

Os investidores estarão atentos aos próximos dados económicos, pois qualquer persistência no crescimento salarial poderá obrigar o BoE a adotar uma postura mais conservadora, mantendo as taxas de juro elevadas por mais tempo do que o inicialmente previsto.