Sabadell promete lucros e dividendos mais altos enquanto resiste à proposta da BBVA

Sabadell endurece oposição à OPA com promessas de maior rentabilidade

A 24 de julho de 2025, o Banco Sabadell reiterou a sua oposição à oferta pública de aquisição lançada pela BBVA e anunciou um novo compromisso estratégico para aumentar significativamente os lucros e a remuneração aos acionistas nos próximos anos.

A proposta da BBVA tem sido classificada pela administração do Sabadell como “hostil e oportunista”, e a nova promessa de reforço dos dividendos e da rendibilidade do banco surge como uma tentativa de convencer os acionistas a rejeitarem a operação.

Governo impõe travão à integração em caso de sucesso da OPA

No âmbito da resposta política à proposta, o governo espanhol anunciou a 24 de junho de 2025 que, mesmo que a OPA da BBVA tenha sucesso, não permitirá a integração plena das operações de ambos os bancos durante um período mínimo de três anos. A decisão foi justificada com razões de estabilidade financeira e concorrência, evitando a criação imediata de um banco com dimensão desproporcionada no sistema bancário nacional.

Esta condição complica a tese de sinergias imediatas defendida pela BBVA e reforça os argumentos do Sabadell contra a operação, dando tempo à administração para demonstrar que pode entregar valor de forma independente.

BBVA mantém intenção de fusão, apesar das restrições

Apesar da decisão governamental, o BBVA anunciou a 30 de junho de 2025 que vai manter a sua OPA sobre o Sabadell, confiando que o tempo jogará a seu favor e que a proposta acabará por convencer os acionistas minoritários. A administração do BBVA considera que, mesmo com a limitação de três anos para integração operacional, a aquisição é estratégica e transformadora a médio e longo prazo.

Analistas de mercado dividem-se quanto ao desfecho. Embora o prémio oferecido pela BBVA tenha sido inicialmente bem recebido, a resposta assertiva do Sabadell e o envolvimento do governo criaram incerteza adicional no processo.

Estratégia do Sabadell assenta na independência e na geração de capital

O plano do Sabadell passa agora por demonstrar que consegue continuar a crescer de forma independente, focando-se em:

• Aumentar a rendibilidade dos seus ativos core;
• Reforçar os dividendos distribuídos aos acionistas;
• Melhorar o rácio de eficiência e a margem operacional;
• Expandir a atividade em segmentos de maior valor, nomeadamente empresas e clientes com perfil digital.

A estratégia visa construir uma narrativa de criação de valor superior à que seria entregue pela fusão, ao mesmo tempo que protege a identidade e o modelo de negócio do banco.

Conclusão

O Banco Sabadell entrou numa fase crítica da sua história, enfrentando uma OPA hostil por parte da BBVA enquanto mobiliza os seus acionistas, colaboradores e o apoio institucional para defender a sua independência. A aposta em lucros mais elevados e distribuição reforçada de dividendos surge como uma tentativa clara de manter a autonomia e valorizar o banco de forma orgânica.

Com o governo a impor restrições à integração e o mercado ainda dividido quanto ao desfecho, os próximos trimestres serão decisivos para perceber se o Sabadell conseguirá convencer os acionistas a recusar a proposta e, acima de tudo, entregar os resultados que agora promete.