
Saudi Aramco entre dívida islâmica recorde e impasse estratégico em renováveis
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Saudi Aramco. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights – 23 setembro 2025
- 10 setembro 2025: emissão de sukuk da Aramco atraiu mais de 16,5 mil milhões USD em procura.
- Empresa planeava captar entre 3 a 4 mil milhões USD, com tranches de 5 e 10 anos.
- 23 setembro 2025: negociações com a Repsol para investimento de 1 mil milhões EUR em renováveis chegaram a um impasse.
- Avaliação de fevereiro 2025 da unidade de renováveis da Repsol: 6,6 mil milhões USD; Repsol mantém alta de +24% em bolsa em 2025.
- Contexto: Aramco procura reforçar liquidez via dívida e, em paralelo, racionaliza investimentos não-core e corta custos.
Nota de Contexto
A Saudi Aramco é a maior empresa petrolífera do mundo, detida maioritariamente pelo Estado saudita, com papel central tanto na política energética do país como no financiamento do orçamento público. A sua atuação é estratégica para a estabilidade da Arábia Saudita, seja na exploração e exportação de crude, seja na gestão ativa de dívida e diversificação de portefólio. Já a Repsol, grupo energético espanhol, tem mantido uma estratégia de transição energética mais firme do que a maioria das majors europeias, ainda que tenha recentemente moderado as suas metas de crescimento em renováveis para priorizar retornos financeiros.
Resultados da emissão de dívida islâmica
No 10 de setembro de 2025, a Aramco voltou ao mercado com uma emissão de dívida islâmica, num momento marcado por instabilidade geopolítica após ataques israelitas ao Qatar. Apesar do contexto adverso, o apetite dos investidores foi extraordinário:
- O livro de ordens ultrapassou 16,5 mil milhões USD, mais de quatro vezes o montante a captar.
- A empresa previa levantar entre 3 e 4 mil milhões USD.
- Condições de pricing: +105 pontos base sobre Treasuries para a tranche de 5 anos e +115 pontos base para a de 10 anos.
O elevado excesso de procura reforça a atratividade da Aramco no mercado de dívida global, sobretudo em instrumentos islâmicos (sukuk), num contexto de procura crescente por ativos ligados ao Golfo. O facto de a operação ter decorrido sem impacto relevante do conflito regional reforça a perceção de resiliência da empresa enquanto emissor soberano-empresarial híbrido.
Impasse nas negociações com a Repsol
Já a 23 de setembro de 2025, a narrativa estratégica mudou de foco. Negociações em curso entre Aramco e Repsol, iniciadas em 2024, para aquisição de uma participação minoritária na unidade de renováveis da energética espanhola, terminaram sem acordo:
- A operação implicaria um investimento de 1 mil milhões EUR, equivalente a uma entrada minoritária no negócio avaliado em cerca de 6,6 mil milhões USD.
- A Repsol, embora continue a expandir capacidade em solar e eólico (EUA, Chile e Espanha), decidiu moderar a sua ambição em renováveis e centrar-se na rentabilidade.
- A petrolífera espanhola tinha já vendido 25% da unidade em 2022 por 905 milhões EUR, valorizando-a então em 4,38 mil milhões EUR.
O impasse surge no momento em que a Aramco procura racionalizar o seu balanço, vender ativos e cortar custos, o que sugere menor apetite imediato para compromissos de longo prazo em áreas fora do seu core business petrolífero.
Drivers e Impacto de Mercado
- Liquidez e rating de crédito: a emissão de sukuk demonstra que, mesmo em cenários geopolíticos instáveis, a Aramco mantém acesso privilegiado ao financiamento com spreads competitivos.
- Diversificação falhada: o bloqueio nas negociações com a Repsol revela as dificuldades da Aramco em avançar com diversificação internacional no setor de renováveis.
- Repsol resiliente: ao manter ganhos de +24% em bolsa em 2025, a Repsol mostra que a moderação de ambições verdes não comprometeu a confiança dos investidores, ao contrário de outras majors europeias que reduziram exposição a energias limpas com impacto negativo na sua valorização.
Perspetivas
O futuro próximo da Aramco dependerá de três vetores:
- Gestão de dívida – continuar a financiar-se com sucesso através de sukuk para estabilizar liquidez perante volatilidade do crude.
- Diversificação disciplinada – embora falhado o negócio com a Repsol, é provável que a empresa mantenha interesse em ativos selecionados fora do petróleo, mas de forma mais cautelosa.
- Contexto geopolítico – a estabilidade no Golfo e a evolução do conflito Israel-Qatar poderão condicionar spreads e perceção de risco na próxima vaga de emissões.
Conclusão
Setembro de 2025 ilustra o dilema estratégico da Aramco: por um lado, reforça a sua solidez financeira através de emissões recorde de sukuk, consolidando o papel de emissor de referência nos mercados globais de dívida; por outro, evidencia a dificuldade em materializar diversificação internacional em energias limpas, como mostra o fracasso das negociações com a Repsol. A combinação destes movimentos indica uma Aramco pragmática, focada em preservar liquidez e eficiência operacional no curto prazo, enquanto adia compromissos estratégicos mais ambiciosos fora do petróleo.
Visite o Disclaimer para mais informações.
Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre os Earnings (Resultados) da Saudi Aramco, formato “News”, atualizado com informações até 23 de Setembro de 2025. Categorias: Energia. Classe de Ativos: Ações. Tags: Acionista, Saudi Aramco, Earnings, Energia, Petrolífera, Arábia Saudita, Petróleo)