Stellantis, News – 12 Out 25

Stellantis 2025: a era Filosa e o regresso ao terreno industrial


Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Stellantis. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.


Strategic Highlights — 02 outubro 2025

  • Stellantis voltou ao crescimento de vendas na Europa em agosto, com um aumento de 2,2% a/a, o primeiro em mais de um ano, segundo a ACEA.
  • O grupo cortou 10.000 empregos em Itália desde 2020, reduzindo a força laboral para 27.632 trabalhadores, num contexto de reorganização produtiva e deslocalizações.
  • Produção suspensa temporariamente em três fábricas europeias, Mulhouse (França), Poissy (França) e Pomigliano (Itália), para gerir inventários e ajustar oferta à procura real.
  • Expansão tecnológica: parceria reforçada com a francesa Mistral AI, com criação de duas plataformas, Innovation Lab e Transformation Academy, para acelerar a integração de inteligência artificial em produção e vendas.
  • EUA em aceleração: as vendas no 3.º trimestre cresceram 6%, levando as ações +7%, impulsionadas pelos modelos Jeep, Chrysler e Ram, que sustentam as margens globais.
  • Nova liderança: em setembro de 2025, António Filosa, ex-CEO da Jeep e responsável pela América do Sul, assumiu o comando da Stellantis, sucedendo a Carlos Tavares, com foco em execução industrial, regionalização e produtividade.

Nota de Contexto

A Stellantis N.V. é o quarto maior fabricante automóvel mundial, nascido em 2021 da fusão entre a francesa PSA e a italo-americana Fiat Chrysler.
O grupo integra 14 marcas globais (Jeep, Peugeot, Citroën, Fiat, Ram, Opel, Alfa Romeo, DS, Chrysler, entre outras) e enfrenta uma conjuntura particularmente desafiante:

  1. Procura europeia fraca, pressionada pela concorrência chinesa e por custos industriais crescentes;
  2. Transição elétrica dispendiosa, num contexto de margens em erosão;
  3. Dependência crescente dos EUA como pilar de rentabilidade.

Com a saída de Carlos Tavares, arquiteto da fusão e da estratégia de sinergias financeiras e a ascensão de António Filosa, a Stellantis entra numa nova fase: de racionalização para execução industrial, e de gestão financeira para reconstrução produtiva.

1. Europa: crescimento pontual, mas terreno frágil

Em agosto de 2025, a Stellantis registou o primeiro crescimento em vendas na Europa desde fevereiro de 2024, com um aumento de 2,2% em matrículas.
Foi um sinal de alívio num mercado ainda sob forte pressão.

  • O total de registos automóveis na UE cresceu 4,7%, enquanto as vendas de veículos eletrificados (BEV, HEV e PHEV) atingiram 62,2% das novas matrículas.
  • O grupo beneficiou da procura por híbridos plug-in, mais rentáveis que os BEV puros, ajustando a oferta de modelos Peugeot, Opel e Fiat.
  • Ainda assim, a quota de mercado italiana caiu abaixo de 30%, e a produção local recuou de 1 milhão para 480.000 veículos (2004–2024).

O sindicato Fiom-Cgil denunciou a “grande fuga industrial” da Stellantis, apontando 10.000 empregos perdidos em Itália desde 2020 e alertando para o risco de desindustrialização crónica.

A nova gestão de António Filosa reconhece o problema: o CEO já anunciou que quer “reancorar o grupo às suas fábricas históricas”, combinando produção local com automação e IA industrial para restaurar competitividade.
O primeiro passo visível é o relançamento do Fiat 500 híbrido em Mirafiori, ainda em 2025, símbolo da tentativa de reanimar o orgulho industrial italiano.

2. Ajuste de capacidade: Stellantis trava fábricas, mas evita demissões estruturais

Em setembro, a Stellantis comunicou novas paragens temporárias de produção em três fábricas europeias:

  • Mulhouse (França): suspensão de 27 outubro a 2 novembro, afetando 2.000 dos 4.700 trabalhadores;
  • Poissy (França) e Pomigliano (Itália): pausas de até três semanas devido a fraca procura e excesso de inventário.

O objetivo é regularizar stocks e evitar acumulação de veículos não vendidos, especialmente nos segmentos médios (Peugeot 308, 408 e DS7).
A empresa qualificou o mercado europeu como “difícil e instável”, prometendo que as suspensões “não implicam despedimentos estruturais”.

Para António Filosa, este tipo de ajuste é preferível a cortes permanentes.
O novo CEO privilegia adaptações táticas de ritmo produtivo, apostando em modelos flexíveis de fábrica, capazes de alternar entre motorização elétrica e híbrida conforme a procura.

Trata-se de um regresso ao método industrial clássico, menos focado em margens trimestrais e mais na gestão operacional de curto ciclo.

3. América do Norte: o novo centro de gravidade

Nos Estados Unidos, o grupo vive o seu momento mais favorável desde a fusão.
No 3.º trimestre de 2025, as vendas cresceram 6%, invertendo o recuo dos dois trimestres anteriores.
A reação dos mercados foi imediata: ações +7%, o maior salto em dois anos.

Os motores dessa recuperação foram:

  • Jeep, Ram, Chrysler e Fiat, beneficiando da procura por SUV e pickups, menos sensíveis às tarifas impostas por Donald Trump;
  • Reposicionamento de portefólio para veículos de maior margem;
  • Estratégia de produção doméstica parcial para mitigar efeitos tarifários.

A região americana representa hoje >45% do lucro operacional global da Stellantis e é o pilar de estabilidade da transição sob Filosa.
O novo CEO pretende reforçar a integração com a América Latina (sua antiga base), criando um eixo industrial de escala pan-americana, partilhando plataformas e logística.

4. A viragem tecnológica com a Mistral AI

No Italian Tech Week, em setembro, a Stellantis e a francesa Mistral AI anunciaram a expansão da sua colaboração em inteligência artificial, iniciada há 18 meses.
O acordo prevê o lançamento de duas plataformas:

  • Innovation Lab, integração de IA em vendas, pós-venda e CRM;
  • Transformation Academy, aplicação de IA em processos produtivos e formação técnica.

O projeto é um pilar da nova estratégia de Filosa, que pretende transformar a IA num instrumento prático de eficiência e fiabilidade, e não apenas num conceito tecnológico.
A ideia central: usar dados para disciplinar operações, reduzir desperdício e antecipar falhas industriais, uma abordagem operacionalista coerente com o seu perfil.

5. Balanço estratégico: o método Filosa

RegiãoSituação atualDireção sob Filosa
EuropaCrescimento pontual, fábricas sob ajusteReindustrializar com eficiência e IA, priorizando fábricas âncoras e flexibilidade de motorização.
Itália10.000 empregos perdidos desde 2020Recuperar produção local (Fiat 500 híbrido, Mirafiori) e reconstruir confiança sindical.
EUAVendas +6% no 3T, ações +7%Expandir o eixo americano, integrando produção entre EUA, México e Brasil.
Tecnologia (IA)Parceria reforçada com Mistral AIAutomação pragmática, IA aplicada à eficiência operacional e manutenção preditiva.

Conclusão: o regresso à fábrica

Com António Filosa ao leme, a Stellantis inicia uma nova fase, menos financeira e mais industrial.
Depois da era Tavares, centrada em disciplina de custos e sinergias, o grupo entra num ciclo de execução, tecnologia aplicada e reconciliação produtiva com a Europa.

O novo CEO herda uma empresa rentável mas desarticulada, e a sua missão é clara:

  • Reconstruir a base europeia,
  • Preservar a rentabilidade americana,
  • E usar a IA como eixo de produtividade industrial, não apenas de marketing tecnológico.

Se bem-sucedido, Filosa poderá converter a Stellantis de um conglomerado financeiro em um grupo industrial novamente enraizado, menos virtual, mais tangível, mais chão de fábrica.
O desafio é vasto, mas a estratégia é simples: voltar a produzir bem, onde tudo começou.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Stellantis, formato “News”, atualizado com informações até 02 de Outubro de 2025. Categoria: Transporte. Classe de Ativos: Ações. Tags: Acionista, Stellantis, Países Baixos, Transporte, Automóveis, Veículos elétricos, Veículos Combustão, Veículos Híbridos)

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