Resultados superam previsões, mas lucro cai face ao ano anterior

A Tata Motors reportou lucros líquidos de 84,7 mil milhões de rupias (aproximadamente 993 milhões de dólares) no quarto trimestre fiscal, acima das expectativas dos analistas, que apontavam para cerca de 74,6 mil milhões. O bom desempenho foi sustentado pela sólida procura por SUV da Jaguar Land Rover (JLR) nos mercados norte-americano e europeu.

Apesar do resultado positivo, o lucro caiu em relação ao ano anterior, que beneficiara de um crédito fiscal não recorrente, sinalizando uma base comparativa mais exigente.

Tarifas dos EUA afetam estratégia da Jaguar Land Rover

O recente aumento das tarifas norte-americanas para 25% sobre veículos importados levou a JLR a reavaliar o seu objetivo de alcançar 10% de margem EBIT em 2026, mantendo por ora apenas a confirmação da meta atingida de 8,5% no último exercício.

A situação tornou-se mais complexa mesmo com o acordo Reino Unido-EUA, que permite a exportação de até 100.000 veículos por ano com tarifa reduzida de 10%. Esse contingente, contudo, exclui o SUV “Defender” produzido na Eslováquia, que é atualmente um dos modelos mais vendidos da marca.

O CFO do grupo, PB Balaji, afirmou que “as implicações reais das tarifas só serão totalmente visíveis nos próximos trimestres”, deixando em aberto a revisão de outras metas financeiras.

JLR suspende fabrico de elétricos na Índia

A unidade britânica JLR suspendeu os planos de produzir veículos elétricos na nova fábrica de mil milhões de dólares da Tata Motors no sul da Índia, segundo fontes próximas da operação. A decisão prende-se com custos elevados de produção local e fraca procura por elétricos no mercado indiano, onde estes representam apenas 2% das vendas de automóveis.

A unidade de elétricos da Tata pretendia partilhar plataforma e fornecedores com a JLR, mas com a suspensão, o grupo viu-se obrigado a repensar os seus contratos e redesenhar a linha Avinya, cujo lançamento foi adiado para 2026-2027, em vez de 2025 como inicialmente previsto.

Esta mudança reflete um cenário global em que vários construtores estão a rever os planos de eletrificação, face à concorrência da China, aumento da preferência por híbridos e ajustamentos nas metas de emissões por parte dos governos.

Expansão industrial continua, mas foco recai na eficiência

A fábrica em construção em Tamil Nadu continua nos planos da Tata Motors, embora a componente elétrica tenha sido adiada. A instalação deverá produzir até 250.000 veículos por ano quando atingir a capacidade total em 5 a 7 anos, incluindo modelos de combustão interna e, futuramente, elétricos.

Segundo a empresa, “as escolhas de modelos e os prazos de produção serão ajustados à estratégia global e às necessidades de mercado”, indicando flexibilidade industrial, mas prudência nas decisões de investimento.

Conclusão

A Tata Motors continua a apresentar resultados operacionais sólidos impulsionados pela Jaguar Land Rover, mas o contexto geopolítico e comercial global está a impor revisões estratégicas significativas, desde as metas de rentabilidade até aos planos de eletrificação. A pressão das tarifas nos EUA e a suspensão do projeto de elétricos na Índia sublinham os desafios que o grupo enfrenta para equilibrar crescimento, inovação e rentabilidade num mercado cada vez mais volátil. A atualização prevista para o Investor Day de 16 de junho será decisiva para esclarecer a nova direção estratégica do grupo.