TotalEnergies Earnings, News – 08 Dez 25

TotalEnergies, Expansão Agressiva em Upstream, Poder Elétrico e Geopolítica Energética


Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a TotalEnergies. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.


Strategic Highlights — 19 novembro 2025

  1. TotalEnergies emerge como favorita no Mopane (≥10 mil milhões de barris) na Namíbia, disputando com a Chevron uma participação operadora de 40%.
  2. Adquire 50% da carteira europeia da EPH, criando uma JV de >14 GW e antecipando geração de cash-flow no Integrated Power para 2027.
  3. Aumenta posição para 90% no bloco nigeriano OPL 257, reforçando o eixo africano de upstream com appraisal marcado para 2026.
  4. TotalEnergies Trading vence o primeiro mega-tender indiano de LPG, garantindo parte do fornecimento de 2 Mt em 2026.
  5. Pressão regulatória e ESG intensifica-se: multa de 115,8 M€ na Córsega e nova queixa criminal em França relacionada com o Mozambique LNG.

Nota de Contexto

A TotalEnergies é a major europeia mais pró-ativa na dupla estratégia de:

  • Expandir petróleo & gás com seletividade geográfica, assegurando reservas competitivas em África;
  • Construir um negócio elétrico integrado de dimensão continental, combinando renováveis, gás flexível e trading para captar margens crescentes do mercado europeu.

Ao contrário da Shell e da BP, que após 2022 reduziram a ambição em renováveis, a Total mantém a trajetória delineada em 2020, apostando num equilíbrio entre crescimento fóssil disciplinado e expansão gradual em eletricidade e armazenamento. Este modelo híbrido confere-lhe diferenciação estratégica, mas também maior exposição reputacional e regulatória.

1. Upstream: África volta ao centro da estratégia

A TotalEnergies está a reforçar de forma coordenada o seu pipeline africano, com dois movimentos decisivos em novembro: Namíbia e Nigéria.

Namíbia – Mopane e Venus: reservas de escala global

A empresa é apontada como frontrunner para adquirir 40% do Mopane, descoberta da Galp avaliada em ≥10 mil milhões de barris. A decisão é esperada até final de 2025.

A Namíbia tornou-se a fronteira mais dinâmica do upstream mundial desde 2022, com potencial para entrar no top 15 global até 2035. A Total, já operadora do projeto Venus (150 kbpd), pretende tomar uma FID em 2026, embora o elevado teor de gás lhe aumente complexidade e capex. Ainda assim, Mopane oferece crude mais simples e escalável, criando oportunidades para integração logística entre campos adjacentes.

Nigéria – Consolidação e alavancagem de infraestruturas

A aquisição de 50% adicionais no OPL 257 eleva a posição da Total para 90%, com a Conoil a manter 10%.
A estrutura do bloco, próximo de Egina South, permite aproveitar infraestruturas já amortizadas, tornando a Nigéria um polo de crescimento de baixo custo, apesar da volatilidade política.

O appraisal está marcado para 2026, com potencial para expansão de reservas num país onde a Total produziu 209 mil boe/dia em 2024.

2. Trading e Integração Global: LPG, LNG e otimização comercial

Índia – Primeiro mega-tender federal para LPG dos EUA

A TotalEnergies Trading SA foi uma das três vencedoras do maior tender conjunto alguma vez lançado por refinarias indianas:

  • ~2 milhões de toneladas de LPG em 2026, ~48 VLGCs ;
  • Parte essencial da estratégia indiana para elevar para 10% a quota de LPG importado dos EUA.

O tender inclui uma cláusula determinante: 1 em cada 4 cargueiros pode ter origem alternativa, permitindo à TotalEnergies otimizar arbitragem entre Médio Oriente, EUA e spot, um ganho significativo num mercado extremamente sensível à geopolítica da oferta.

O fortalecimento desta relação comercial ocorre num ambiente em que a Índia procura reduzir o seu superavit comercial com os EUA, após a imposição de tarifa de 50% por Washington sobre alguns bens indianos. A Total beneficia desta reconfiguração diplomática, reforçando presença num mercado com forte crescimento demográfico e urbano.

3. Integrated Power: TotalEnergies impõe escala continental

O acordo com a checa EPH é, em 2025, a movimentação mais transformadora da TotalEnergies na eletricidade.

Uma JV de 14 GW: o núcleo de um operador europeu de referência

A aquisição de 50% do portefólio de geração flexível da EPH, num valor de 5,1 mil milhões de euros em ações, torna a EPH o 3.º maior acionista da Total (4,1%).

A nova joint venture reúne >14 GW de gás, biomassa e baterias distribuídos por Reino Unido, Itália, Países Baixos, França e Irlanda.

Isto permite à TotalEnergies:

  • Duplicar a capacidade de geração a gás;
  • Fornecer 2 Mt/ano de LNG para produzir ~15 TWh/ano de eletricidade negociável;
  • Criar massa crítica para competir com utilities elétricas tradicionais.

Efeito financeiro e reposicionamento estratégico

O acordo permite:

  • Antecipar geração positiva de cash flow de 2028 para 2027;
  • Reduzir capex em 1 mil milhão de dólares entre 2026–2030;
  • Reforçar a capacidade de trading num mercado cada vez mais dependente de flexibilidade térmica para estabilizar a intermitência eólica/solar.

A coluna de Ron Bousso resume o sinal estratégico: enquanto Shell e BP recuam nas ambições elétricas, a TotalEnergies mantém o plano de 100–120 TWh/ano e 100 GW renováveis até 2030, assumindo uma posição de liderança num futuro de procura exponencial por eletricidade (VE, IA e data centers).

4. Riscos ESG e Regulatórios: dois focos críticos em 48 horas

Córsega – €187,5 milhões em multas

A autoridade da concorrência francesa concluiu que TotalEnergies, Rubis e EG Group reservaram exclusividade de utilização dos depósitos da DPLC entre 2016 e 2023, elevando os preços ao consumidor.

  • Multa da TotalEnergies: 115,8 milhões de euros.

A empresa não comentou de imediato. Rubis anunciou que avalia recurso e “nega firmemente” a prática.

Moçambique – nova queixa criminal por alegada cumplicidade em crimes de guerra

A ECCHR acusa a TotalEnergies de ter facilitado excessos cometidos por forças moçambicanas entre julho e setembro de 2021, ao alegadamente financiar salários de soldados envolvidos em tortura no terreno do projeto Mozambique LNG depois da evacuação da empresa.

O PNAT francês confirmou a receção da queixa. Em paralelo, mantém-se aberta outra investigação por suposta falta de assistência durante o ataque de 2021.

A TotalEnergies rejeita as acusações e afirma ter conduzido uma revisão interna que não encontrou evidências, pedindo investigação oficial adicional.

O projeto está previsto para reiniciar em modo de contenção, com produção prevista para 2029.

Conclusão

A TotalEnergies está a atravessar um momento de expansão simultânea em três frentes estruturais:

  1. Upstream competitivo, com a Namíbia e a Nigéria a reforçarem um portefólio africano de alto retorno e com possibilidade de reservas transformacionais;
  2. Construção de um operador elétrico europeu, onde o acordo com a EPH se estabelece como o ponto de viragem que pode redefinir o posicionamento da empresa face a utilities e a majors rivais;
  3. Gestão de riscos reputacionais e regulatórios, desde a multa na Córsega à queixa criminosa em França sobre Moçambique.

A estratégia híbrida, intensificar petróleo e gás enquanto se escala eletricidade flexível e renovável, torna a TotalEnergies a major mais alinhada com um sistema energético em transição gradual, não instantânea.
O sucesso da empresa dependerá da sua capacidade de capturar valor em mercados de volatilidade elevada, enquanto mitiga riscos jurídicos e assegura “licença social para operar” em geografias sensíveis.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a TotalEnergies, formato “News”, atualizado com informações até 19 de Novembro de 2025. Categorias: Energia. Tags: Acionista, TotalEnergies, Petrolífera, França, Hidrogénio, Energia Eólica, Petróleo)

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