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Crise Política na Turquia Abala Confiança dos Investidores e Desvaloriza a Lira
DESTAQUES (19 de março de 2025)
- Detenção de Ekrem İmamoğlu, principal opositor do Presidente Recep Tayyip Erdoğan, provoca forte instabilidade nos mercados turcos.
- A lira registou a sua pior desvalorização desde a crise cambial de 2023.
- Investidores temem nova corrida ao dólar e ao euro, enfraquecendo a recuperação da economia turca.
- Banco Central da Turquia pode ter vendido até 10 mil milhões de dólares para tentar estabilizar a moeda.
- JPMorgan mantém recomendação positiva sobre os títulos turcos, mas prevê um ritmo mais lento na redução da inflação.
Impacto da Crise Política no Mercado Financeiro
Após dois anos de esforços para restaurar a confiança dos investidores internacionais na recuperação económica da Turquia, a detenção de Ekrem İmamoğlu, popular presidente da Câmara de Istambul, representou um grande revés. O evento ocorreu num momento em que os ativos turcos vinham atraindo cada vez mais investidores, impulsionados pelas altas taxas de juro de 40%-50% aplicadas pelo governo para controlar a inflação.

A lira turca sofreu uma queda abrupta, a pior desde a crise de meados de 2023, reforçando a vulnerabilidade dos mercados financeiros do país. Este episódio surge após meses de repressão contra figuras da oposição, que analistas consideram uma tentativa de silenciar dissidentes políticos.
Os mercados já especulavam que o Partido Republicano do Povo (CHP) poderia nomear İmamoğlu como seu candidato presidencial para as eleições de 2028, e havia rumores de que Erdoğan poderia antecipar o escrutínio para tentar consolidar o seu poder.
Para Kaan Nazli, gestor de carteiras nos mercados emergentes da Neuberger Berman, esta crise representa “um sério golpe na confiança dos investidores no programa de estabilização económica”. Muitos esperavam um período de relativa tranquilidade política até às próximas eleições, previstas para maio de 2028.
Resposta do Governo e o Papel do Banco Central
O Ministro das Finanças, Mehmet Şimşek, arquiteto da política económica ortodoxa adotada desde 2023, afirmou que o governo estava a tomar todas as medidas necessárias para garantir a estabilidade dos mercados. Embora não tenha dado detalhes, estimativas de banqueiros indicam que o Banco Central da Turquia pode ter vendido entre 5 e 10 mil milhões de dólares em reservas cambiais para conter a desvalorização da lira.

Kieran Curtis, da Aberdeen, destacou que a medida contra İmamoğlu gerou uma venda massiva de ativos turcos, obrigando muitos investidores a reduzir a exposição ao risco imediatamente.
A instabilidade política pode prejudicar o recente aumento na procura por títulos de dívida pública turcos, que haviam atraído capital estrangeiro devido aos juros elevados e à recuperação económica liderada por Şimşek. Nos últimos 12 meses, os títulos em moeda local registaram um retorno de 18,5%, ficando atrás apenas da África do Sul e superando em quatro vezes a média dos mercados emergentes (4,7%).
Já a bolsa de valores turca teve um desempenho 100 pontos percentuais superior ao índice de referência MSCI Emerging Markets desde a última grande crise cambial em 2023.
Perspetivas e Desafios para os Próximos Meses
Apesar do choque de curto prazo, analistas da JPMorgan continuam a considerar os títulos turcos uma boa aposta no atual cenário de incertezas globais. No entanto, o banco prevê que o processo de redução da inflação ocorrerá a um ritmo mais lento, com cortes das taxas de juro reduzidos de 250 pontos base para 150 pontos base por ciclo.
“Esperamos que as autoridades priorizem a estabilidade do mercado nos próximos dias”, indicaram os economistas da JPMorgan, sugerindo que as reservas cambiais devem continuar a ser usadas para mitigar a saída de capital.
O mercado de dívida foi duramente atingido, com uma queda de 170 pontos base na curva de rendimentos dos títulos em moeda local. Timothy Graf, da State Street, explicou que os investidores foram apanhados de surpresa, alterando a sua visão sobre os riscos políticos na Turquia.
Para Francesc Balcells, diretor de investimentos da FIM Partners, a repressão contra İmamoğlu não foi inesperada, dado o histórico de Erdoğan. Contudo, alerta que os investidores esperam agora uma resposta mais agressiva do Banco Central para estabilizar a moeda e restaurar a confiança.
Conclusão
A crise política gerada pela detenção de Ekrem İmamoğlu trouxe um choque imediato aos mercados turcos, interrompendo o processo de reconstrução da confiança dos investidores que vinha sendo trabalhado desde 2023. A forte desvalorização da lira, a necessidade de intervenção massiva do Banco Central e os ajustes nas previsões económicas indicam que o cenário de recuperação pode agora ser mais lento e incerto.
O futuro da economia turca dependerá da capacidade do governo em equilibrar a estabilidade política com as reformas económicas, garantindo que os investidores não voltem a fugir do país como em crises anteriores.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre o Crash de Confiança na Turquia, formato “Geral”, atualizado com informações até 19 de Março de 2025. Categorias: Global. Tags: Global, Turquia, Mercados)