UK Gilts, News – 05 Nov 25

Reino Unido – Gilts sob Pressão: Oscilações nos Yields e Expectativas de Cortes pelo BoE


Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com as Gilts do Reino Unido. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam este título de divida soberana e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.


Strategic Highlights – 21 outubro 2025

  • O Tesouro britânico vendeu 1,5 mil milhões GBP em green gilts 2053 a um yield médio recorde de 5,294%, o mais alto desde o lançamento da série.
  • Os yields dos gilts caíram acentuadamente entre 14 e 17 outubro, com a taxa a 2 anos a atingir 3,85%, o nível mais baixo em dois meses.
  • O movimento refletiu dados de abrandamento salarial e expectativas de cortes antecipados de taxas pelo Banco de Inglaterra, agora amplamente previstos para o primeiro trimestre de 2026.
  • Após uma semana de quedas, os yields recuperaram ligeiramente em 17 outubro, num contexto de volatilidade internacional e declarações divergentes do BoE.
  • O episódio mais estrutural remonta a setembro, quando o forte aumento do endividamento público (83,8 mil milhões GBP) impulsionou os yields de longo prazo acima de 5,54%, o maior diferencial face aos EUA em três anos.

Nota de Contexto

As gilts são os títulos de dívida soberana do Reino Unido, emitidos pelo Debt Management Office (DMO), que serve como barómetro central da perceção de risco económico e credibilidade fiscal britânica.
Desde 2022, o mercado tem estado marcado por volatilidade intensa: taxas reais persistentemente altas, inflação resistente, e uma trajetória de endividamento público crescente.

O Banco de Inglaterra (BoE) mantém, desde meados de 2024, uma política monetária restritiva, mas a desaceleração económica e o abrandamento dos salários intensificaram as apostas de que os primeiros cortes de taxas poderão ocorrer no início de 2026.
O mercado de gilts tornou-se assim o reflexo direto do dilema entre controlo inflacionista e sustentabilidade fiscal.

1. Setembro: Endividamento Pressiona os Yields

A forte subida do endividamento público entre abril e agosto de 2025, totalizando 83,8 mil milhões GBP, 11,4 mil milhões acima das previsões oficiais, reavivou as tensões no mercado de dívida.

  • Os yields a 30 anos subiram 4,3 pontos base, atingindo 5,547%, o valor mais elevado desde 1998.
  • O prémio de risco sobre os títulos equivalentes dos EUA alargou-se para o nível mais alto em três anos.

O contexto foi agravado pela decisão do BoE de reduzir o ritmo de venda de obrigações do balanço, reconhecendo a volatilidade nos prazos longos.
A libra esterlina caiu 1,1% em dois dias, refletindo a preocupação com a disciplina fiscal da nova ministra das Finanças, Rachel Reeves, que prepara um orçamento restritivo para novembro.

O aumento do custo da dívida pública reduziu a margem de manobra orçamental e elevou a sensibilidade dos mercados às futuras emissões de gilts.

2. Outubro: Inflação em Abrandamento e Rali nos Títulos

A partir de 14 outubro, o mercado registou uma inversão de tendência.
Dados oficiais mostraram um abrandamento do crescimento salarial, o que levou os investidores a antecipar o primeiro corte de taxas do BoE de abril para março de 2026, com probabilidade de 90% de redução em fevereiro, segundo dados de mercado.

  • O yield a 2 anos caiu 8 pontos base, para 3,87%, o nível mais baixo desde agosto.
  • O yield a 10 anos atingiu 4,53%, e o a 30 anos desceu 12 pontos base em dois dias, a maior queda desde janeiro.

O abrandamento no mercado laboral, desemprego no nível mais alto desde 2021 e queda dos salários privados para mínimos desde 2022, reforçou a visão de que a inflação subjacente está a perder força.

O governador Andrew Bailey declarou publicamente que “o mercado laboral está a suavizar”, validando a leitura de que o ciclo restritivo do BoE está próximo do fim.
Contudo, o economista-chefe Huw Pill alertou, dias depois, que o ritmo de cortes deverá ser gradual, uma vez que as pressões inflacionistas permanecem persistentes.

3. 21 Outubro: Green Gilt 2053 com Yield Recorde

O Reino Unido colocou 1,5 mil milhões GBP em green gilts 2053, com yield média de 5,294%, a mais alta desde o lançamento da linha em 2021.
A procura foi robusta, 3,17 vezes a oferta, idêntica à da emissão anterior de julho, confirmando o interesse dos investidores institucionais apesar do custo crescente do financiamento soberano.

  • Yield média julho 2025: 5,169%
  • Yield de lançamento (2021): 1,413%
  • Yield atual de mercado (21 out): 5,306%

Os yields das green gilts continuam próximos dos das obrigações convencionais, evidenciando ausência de prémio de sustentabilidade, uma diferença importante face à Alemanha e França, onde o “greenium” permanece entre 3 e 6 pontos base.

Com esta operação, o Reino Unido reforça a transparência do financiamento climático, mas a elevação do custo de emissão indica que nem mesmo os instrumentos verdes escapam ao encarecimento estrutural da dívida britânica, agora com os maiores yields entre os países do G7.

4. 17 Outubro: Correção Técnica e Ajuste Pós-Rali

Após uma semana de descidas, os yields subiram 3 a 4 pontos base na sexta-feira, 17 outubro, interrompendo o rali.
A reversão foi parcialmente motivada por declarações do Presidente Trump sobre as negociações com a China, que estabilizaram o apetite global por risco, e por comentários cautelosos do BoE sobre o ritmo de cortes de taxas.

Os yields de 5 a 30 anos tinham caído para os níveis mais baixos desde início de julho, apoiados por apostas em política monetária mais branda e dados macroeconómicos mistos (crescimento mensal de apenas 0,1% em agosto).
O ligeiro aumento no final da semana foi interpretado como ajuste técnico, mais do que como mudança de tendência.

5. Panorama de Estrutura Temporal (setembro–outubro 2025)

Prazo da GiltMínimo (out 2025)Máximo (set 2025)Variação líquidaObservações
2 anos3,85%4,25%↓ 40 pbSensível às apostas de política monetária
10 anos4,53%5,05%↓ 52 pbMaior alívio desde fevereiro
30 anos5,18%5,55%↓ 37 pbPrimeira correção desde junho
Green Gilt 20535,294% (emissão)5,306% (mercado)Yield mais alta desde 2021

Conclusão

O comportamento do mercado de gilts entre setembro e outubro de 2025 revela três dinâmicas centrais:

  1. Risco fiscal elevado: a deterioração do saldo orçamental e o aumento das emissões mantêm o Reino Unido como o país do G7 com yields soberanos mais altos.
  2. Mudança de ciclo monetário: o abrandamento da inflação e dos salários impulsionou a reprecificação de cortes antecipados pelo BoE, reduzindo yields curtos e médias.
  3. Estabilidade estrutural dos longos prazos: apesar da descida recente, os yields de 30 anos permanecem acima de 5%, refletindo prémios de risco permanentes ligados à incerteza fiscal e política.

Em síntese, o mercado de gilts entrou numa fase de transição:
a curva começa a desinclinar-se com o alívio monetário esperado, mas a base dos yields longos continuará elevada e vulnerável à credibilidade fiscal do governo.
Para investidores institucionais, este ambiente favorece estratégias de rotação para prazos intermédios (5–10 anos) e posicionamento defensivo antes do orçamento de novembro, que será decisivo para o rumo da dívida pública britânica em 2026.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre as Yields das Gilts do Reino Unido, formato “News”, atualizado com informações até 21 de Outubro de 2025. Categorias: Dívida Soberana. Tags: GILTs, Reino Unido, Yields, Dívida, Bonds)

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