Estratégia de resiliência face às tarifas

Num contexto de tarifas comerciais agressivas anunciadas pelo Presidente Donald Trump, a Walmart reafirmou a sua estratégia de “preços baixos todos os dias”, recusando alterar de imediato os planos de compras e mantendo o seu guidance para o exercício em curso.

O CEO Doug McMillon afirmou que a empresa “aprendeu a gerir períodos turbulentos” e que, mesmo sem conhecer o rumo total das tarifas, continuará focada na gestão eficiente do inventário, contenção de custos e manutenção dos preços baixos para o consumidor.

Apesar de 60% das suas importações virem da China e de países como o Vietname estarem entre os cinco maiores fornecedores, McMillon explicou que mais de dois terços do sortido é de origem doméstica, o que confere alguma proteção à operação da Walmart.

Resultados sólidos, mas perspetivas mais cautelosas

Em fevereiro, a Walmart reportou um crescimento de 4,9% nas vendas comparáveis nos EUA no trimestre das festas, que inclui novembro, dezembro e janeiro, superando os 4,15% esperados. O desempenho foi impulsionado pelo segmento de mercearia e por ganhos de quota em eletrónica de consumo.

Contudo, a empresa apresentou previsões mais modestas para o exercício fiscal de 2026, com crescimento de vendas projetado entre 3% e 4%, abaixo dos 4% estimados pelos analistas, e lucros por ação entre 2,50 e 2,60 dólares, abaixo dos 2,76 dólares previstos.

O CFO John David Rainey admitiu que a previsão do lucro operacional se tornou mais difícil, referindo volatilidade no comportamento de compra dos consumidores em fevereiro e março. Abril, beneficiando da Páscoa, deverá ser o mês de vendas mais forte do trimestre.

Foco no consumidor e posicionamento competitivo

Apesar dos desafios macroeconómicos e da ameaça de novas tarifas, a Walmart insiste que o seu foco permanece na proposta de valor para o consumidor. McMillon reforçou que “haverá Natal” e que a empresa continuará a planear com base na sua missão.

A empresa tem vindo a ganhar quota entre consumidores de rendimentos elevados, com rendimentos acima de 100.000 dólares, atraídos pelos serviços digitais como entregas no próprio dia, recolha na loja e prazos de entrega rápidos a partir das suas 4.600 lojas nos EUA.

O grupo anunciou também um programa de recompra de ações e planos para reduzir o investimento de capital, concentrando-se na rentabilidade e eficiência nos próximos trimestres.

Conclusão

A Walmart demonstra confiança na sua estratégia operacional mesmo perante um cenário de tarifas, inflação e incerteza no consumo. O crescimento sólido no último trimestre e a estabilidade da base de clientes posicionam a empresa como um dos retalhistas mais resilientes dos EUA, mas a pressão sobre margens e a visibilidade limitada do impacto total das tarifas exigem cautela. A capacidade da Walmart para manter os preços baixos e proteger a sua margem será crucial na evolução do negócio em 2025 e 2026.