Destaques (20 Fev 25)

• Walmart prevê lucros e vendas abaixo das estimativas de Wall Street para 2025.
• Ações caíram 6% após divulgação do outlook, apesar de receita recorde no último ano fiscal.
• Lucro por ação estimado entre $2,50 e $2,60, abaixo da previsão média de $2,76.
• Vendas nos EUA subiram 4,6% no quarto trimestre, com janeiro a ser o mês mais forte.
• E-commerce cresceu 20%, com 1/3 das entregas feitas em menos de 3 horas.
• Walmart aumentou dividendo em 13%, o maior em mais de uma década.

Resultados robustos em 2024 ofuscados por perspetiva prudente para 2025

A Walmart apresentou resultados sólidos no quarto trimestre de 2024, com as vendas nos EUA a crescerem 4,6% e as receitas anuais a atingirem um novo recorde. No entanto, foi a revisão em baixa das perspetivas para 2025 que dominou a reação dos investidores, com as ações da empresa a caírem 6% no dia 20 de fevereiro de 2025.

O retalhista norte-americano prevê agora que os lucros ajustados por ação para o exercício fiscal até janeiro de 2026 fiquem entre $2,50 e $2,60, abaixo da expectativa de $2,76 apontada pelos analistas. Quanto ao crescimento das vendas, a empresa estima uma subida entre 3% e 4%, também abaixo do esperado.

“Estamos apenas no primeiro mês do ano, por isso achamos prudente apresentar uma previsão mais medida,” afirmou o CFO John David Rainey, sublinhando o contexto geopolítico imprevisível e as incertezas em torno das tarifas comerciais.

Impacto das tarifas e consumo moderado geram cautela

A revisão em baixa surge num momento em que as taxas de juro continuam elevadas e a inflação persiste, limitando a capacidade de consumo das famílias norte-americanas. A isto soma-se a política de tarifas da administração Trump, com novas tarifas sobre produtos chineses já em vigor e ameaças sobre produtos provenientes do Canadá, México e Índia.

Apesar de não ter incluído os efeitos de novas tarifas na sua projeção, a Walmart acredita ter capacidade de gerir bem esses impactos, embora sem revelar detalhes específicos.

O ambiente macroeconómico levou também outros retalhistas, como Birkenstock e Hasbro, a divulgarem previsões mais modestas para este ano.

“A orientação mais fraca da Walmart é um alerta sobre o enfraquecimento do consumo nos EUA”, disse Brian Mulberry, gestor da Zacks Investment Management. “Se for seguida por uma deterioração no mercado de trabalho, isso seria um forte sinal de desaceleração económica.”

Consumo robusto no final de 2024, com destaque para janeiro

Apesar das perspetivas mais prudentes, a Walmart terminou o ano fiscal de forma robusta. As vendas comparáveis nos EUA cresceram 4,6% no quarto trimestre, com o mês de janeiro a destacar-se como o mais forte.

Os clientes de rendimento elevado, com rendimentos superiores a seis dígitos anuais, foram os principais motores do aumento da quota de mercado, especialmente em categorias como merchandising sazonal, produtos automóveis e artigos para casa.

• Vendas de mercearias cresceram a um ritmo de médio dígito, impulsionadas pelas marcas próprias.
• Vendas gerais aumentaram a um ritmo de baixo dígito.
• Vendas de medicamentos como os GLP-1 também contribuíram para o desempenho.

A empresa referiu ainda que, excluindo combustíveis, as transações aumentaram 2,8%, e o valor médio por compra subiu 1,8%.

Crescimento forte no e-commerce e aumento histórico do dividendo

O canal digital continua a ganhar tração: as vendas online da Walmart nos EUA cresceram 20% no trimestre, com um terço das encomendas a serem entregues em menos de três horas, um indicador da eficiência logística e da procura por conveniência.

Face ao desempenho robusto, a Walmart anunciou um aumento de 13% no dividendo trimestral, para $0,94 por ação, o maior aumento em mais de uma década.

O lucro ajustado por ação no quarto trimestre foi de $0,66, superando as expectativas em $0,02. As receitas totais subiram 4,1%, para $180,6 mil milhões.

Conclusão

Apesar de ter encerrado 2024 com resultados impressionantes, a Walmart optou por uma postura prudente para 2025, refletindo as incertezas macroeconómicas e o impacto potencial das tarifas comerciais.

Os investidores penalizaram a revisão em baixa das previsões, mas a empresa continua a beneficiar da sua escala, preços competitivos e canais digitais eficientes, que a tornam resiliente num ambiente económico volátil.

Com o consumo a abrandar e a incerteza a aumentar, a evolução do mercado de trabalho e a política comercial de Washington serão determinantes para o desempenho da Walmart nos próximos trimestres.