Recuperação operacional com foco em streaming e experiências

A Disney iniciou 2025 com um desempenho financeiro sólido. No trimestre encerrado em março, as receitas subiram 7% para 23,6 mil milhões de dólares, acima das previsões dos analistas. O lucro por ação ajustado foi de 1,45 dólares, superando a estimativa consensual de 1,20 dólares.

Este crescimento foi sustentado por duas frentes: a recuperação do segmento de experiências presenciais e uma melhoria notável na rentabilidade do streaming, que passou a gerar lucros consistentes. O CEO Bob Iger destacou a “resiliência do negócio” mesmo num contexto económico global instável.

Disney+ e Hulu surpreendem com crescimento após subida de preços

Após ter alertado para possíveis quedas de subscritores devido a aumentos de preços, a Disney reportou um crescimento de 1,4 milhões de clientes na Disney+ e 1,1 milhões na Hulu. A divisão de streaming gerou 336 milhões de dólares de lucro operacional, contra apenas 47 milhões no mesmo período do ano anterior.

Iger reforçou o objetivo de transformar o streaming num verdadeiro motor de crescimento, com aposta em conteúdo internacional, tecnologia de personalização e integração de desporto em direto via ESPN.

Parques temáticos e cruzeiros reforçam peso na receita

A divisão Experiences, que inclui parques temáticos, resorts e cruzeiros, teve um desempenho destacado. O lucro operacional subiu 9% para 2,5 mil milhões de dólares, com forte procura nos parques dos EUA e reservas em alta na nova embarcação Disney Treasure.

Durante a apresentação de resultados, o CFO Hugh Johnston afirmou que as perspetivas para o segundo semestre permanecem “muito fortes”, apesar de quedas de visitantes nos parques de Xangai e Hong Kong, atribuídas ao abrandamento da economia chinesa.

Nova aposta internacional: parque Disney em Abu Dhabi

A 7 de maio de 2025, a Disney revelou planos para abrir um novo parque temático em Abu Dhabi, o primeiro da empresa no Médio Oriente e o primeiro novo parque desde a inauguração de Xangai Disneyland em 2016. O projeto será desenvolvido em parceria com o grupo local Miral, responsável por atrativos como o SeaWorld e Warner Bros World na ilha de Yas.

A Disney ficará encarregue da criação e supervisão criativa, enquanto a Miral financiará, construirá e operará o resort, que será situado num local com mais de 34 milhões de visitas anuais. Segundo Bob Iger, o parque será “autenticamente Disney e distintamente Emiradense”, fundindo as histórias da marca com a cultura local.

O projeto, ainda sem data de abertura, poderá demorar entre cinco a oito anos entre conceção e construção.

Ajustes internos e corte de custos

Em março, a Disney confirmou a redução de cerca de 6% dos postos de trabalho nas divisões ABC News Group e Disney Entertainment Networks, num esforço para alinhar a estrutura de custos com a nova realidade do mercado audiovisual. A medida afeta menos de 200 funcionários e surge na sequência da consolidação de programas e integração das equipas digitais com as operações de notícias e produção televisiva.

A decisão reflete a estratégia de reorientação face ao declínio contínuo da televisão tradicional e à migração de audiências para plataformas digitais.

Conclusão

A Disney entra em 2025 com sinais de recuperação operacional, graças à rentabilidade crescente do streaming e à força contínua da sua divisão de experiências. A expansão internacional com o parque em Abu Dhabi marca um passo estratégico num novo mercado. No entanto, o contexto global instável, a concorrência no streaming e os efeitos de tarifas e política económica mantêm-se como riscos a acompanhar. O desafio será transformar o momento positivo em crescimento sustentável num setor em rápida transformação.