Destaques (21 de fevereiro de 2025)

• PMI composto da zona euro mantém-se nos 50,2, sinalizando um crescimento económico marginal.
• Alemanha regista ligeira melhoria, mas França apresenta queda acentuada na atividade empresarial.
• Indústria transformadora continua em contração, apesar de uma ligeira recuperação no setor.
• Procura global enfraquece pelo nono mês consecutivo, sinalizando desafios para a economia do bloco.
• Incerteza económica cresce com eleições na Alemanha e possíveis tarifas dos EUA sobre exportações europeias.

Zona Euro Continua em Estagnação

A atividade empresarial da zona euro registou apenas um crescimento marginal em fevereiro, com o PMI composto preliminar da HCOB, compilado pela S&P Global, a manter-se nos 50,2, exatamente o mesmo valor de janeiro. Esta leitura indica que a economia do bloco está praticamente estagnada, ficando ligeiramente acima da marca dos 50, que separa crescimento de contração.

Uma sondagem da Reuters previa um ligeiro aumento para 50,5, mas os dados revelam que a fraqueza da procura e a desaceleração no setor de serviços estão a travar uma recuperação económica mais robusta.

Adrian Prettejohn, da Capital Economics, destacou que os números reforçam a ideia de que, depois de um crescimento de apenas 0,1% no último trimestre de 2024, a economia da zona euro continua perto da estagnação no primeiro trimestre de 2025.

Alemanha Mostra Sinais de Recuperação, França Cai Acentuadamente

A Alemanha, maior economia da zona euro, apresentou uma ligeira recuperação, impulsionada por um setor de serviços estável e pela redução do impacto negativo da indústria transformadora. Este movimento positivo surge numa altura crucial, com as eleições federais alemãs a decorrerem no domingo e a incerteza em torno das tarifas comerciais dos EUA a pairar sobre a economia.

Por outro lado, França registou uma queda muito mais acentuada do que o esperado, com o PMI composto a cair significativamente. A redução dos novos negócios e dos pedidos em atraso no setor de serviços foi um dos fatores mais relevantes para esta deterioração.

Já no Reino Unido, apesar de estar fora da União Europeia, as empresas estão a reduzir empregos ao ritmo mais rápido dos últimos quatro anos. O motivo? Um aumento de impostos já anunciado pela Ministra das Finanças, Rachel Reeves, que pressionou os fornecedores a subirem os preços.

Procura Global Mantém-se Fraca na Zona Euro

A procura global dentro da zona euro diminuiu pelo nono mês consecutivo, acelerando o ritmo de queda. O índice de novos negócios caiu para 48,6, depois de ter registado 49,3 em janeiro, mostrando que as empresas continuam a enfrentar dificuldades na obtenção de novos pedidos.

O PMI do setor de serviços, que representa a maior parte da economia do bloco, também caiu para 50,7, abaixo da previsão de 51,5 feita pelos analistas da Reuters. A redução da procura fez com que muitas empresas tivessem que recorrer à conclusão de encomendas antigas para manter a atividade.

O índice de pedidos em atraso de serviços caiu para 46,7, o seu nível mais baixo desde o final de 2020, altura em que a economia europeia ainda sofria com os efeitos da pandemia.

Indústria Transformadora Continua em Contração, mas Mostra Sinais de Melhoria

A indústria transformadora da zona euro, que tem estado em contração há quase três anos, apresentou uma ligeira recuperação. O PMI industrial subiu para 47,3, acima dos 46,6 registados em janeiro e acima das previsões dos analistas, que apontavam para 47,0.

Além disso, o índice que mede a produção fabril, um componente essencial do PMI composto, subiu para 48,7, depois dos 47,1 registados no mês anterior. Embora ainda esteja abaixo dos 50, este aumento sugere que o setor pode estar a aproximar-se de um ponto de viragem.

Apesar da ameaça das tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o sentimento dentro do setor industrial mantém-se otimista, com o índice de produção futura a situar-se nos 59,6, embora tenha descido face aos 60,5 de janeiro.

Conclusão

O PMI de fevereiro confirma que a economia da zona euro continua presa numa fase de crescimento anémico, sem sinais claros de uma recuperação robusta.

A Alemanha apresenta sinais de estabilização, mas França mostra uma deterioração preocupante, o que poderá pesar no desempenho do bloco nos próximos meses. A procura global mantém-se fraca, e o setor industrial continua a enfrentar desafios, apesar de uma ligeira recuperação.

Os investidores e analistas vão continuar atentos às eleições na Alemanha, às negociações sobre tarifas entre a Europa e os EUA e às próximas decisões do Banco Central Europeu (ECB), que poderá ter um papel fundamental na definição do rumo económico da zona euro em 2025.