Destaques (24 Mar 25)

• PMI composto da zona euro subiu para 50,4, o nível mais alto desde agosto de 2024.
• Produção industrial registou crescimento pela primeira vez em dois anos, com o subíndice de output a atingir 50,7.
• Serviços perderam ligeiro dinamismo, com o PMI a descer para 50,4.
• Emprego voltou a crescer, após oito meses em território de contração.
• Alemanha lidera a retoma, mas França permanece em contração, com confiança empresarial no nível mais baixo desde abril de 2020.
• Inflação nos preços industriais acelerou, mas manteve-se moderada nos serviços.

Retoma frágil mas consistente na zona euro

O PMI composto da zona euro, divulgado a 24 de março pela S&P Global, subiu para 50,4 em março, face aos 50,2 registados em fevereiro, marcando o terceiro mês consecutivo em território de expansão e o valor mais elevado em sete meses. Ainda assim, o crescimento permanece fraco, ficando abaixo da previsão de 50,8 da sondagem da Reuters.

Este dado sugere que, depois da estagnação no quarto trimestre de 2024, o primeiro trimestre de 2025 deverá registar crescimento marginal do PIB.

“O PMI de março mostra uma melhoria cautelosa… O forte aumento da produção industrial antecipa-se a uma possível escalada da guerra comercial”, afirmou Bert Colijn, economista-chefe do ING.

Indústria a liderar a recuperação

O setor industrial, em contração há quase três anos, deu sinais claros de recuperação. O PMI industrial subiu para 48,7, o valor mais alto em mais de dois anos, superando as expectativas. Ainda mais significativo foi o subíndice de produção, que atingiu 50,7, sinalizando crescimento pela primeira vez desde maio de 2022.

Esta recuperação da indústria foi particularmente evidente na Alemanha, onde o crescimento da produção industrial atingiu o valor mais elevado em 10 meses. No entanto, os novos pedidos de exportação continuam sob pressão, penalizados pelas tensões comerciais globais, especialmente as tarifas dos EUA que entram em vigor a 2 de abril.

Serviços com desaceleração ligeira

O PMI dos serviços desceu ligeiramente para 50,4, face aos 50,6 do mês anterior, ficando abaixo da previsão de 51,0. A moderação no setor, que representa a maior fatia da economia da zona euro, deve-se a um abrandamento da procura interna e maior prudência dos consumidores.

Na França, a atividade voltou a cair pelo sétimo mês consecutivo, com a confiança empresarial a recuar para o nível mais baixo desde abril de 2020, reflexo de um ambiente de incerteza prolongada.

Emprego volta a crescer e preços aceleram na indústria

Um dos sinais mais positivos do inquérito de março foi o regresso ao crescimento no emprego. O índice de emprego composto subiu para 50,1, entrando em território de expansão pela primeira vez desde julho de 2024.

Na frente dos preços, as pressões inflacionistas mantêm-se elevadas na indústria, com os custos e os preços cobrados a subirem para os níveis mais altos em sete meses. Nos serviços, o ritmo de crescimento dos preços abrandou ligeiramente, o que pode ajudar o ECB a manter o rumo da política monetária.

Conclusão

A leitura dos PMIs de março aponta para um início de ano com um crescimento económico ainda modesto, mas mais generalizado na zona euro, com a indústria a emergir como um motor inesperado de recuperação. A Alemanha mostra sinais encorajadores, impulsionada por expectativas de investimentos públicos em defesa e infraestruturas, enquanto a França continua a ser um ponto fraco.

Apesar dos desafios, nomeadamente o impacto das tarifas dos EUA e a procura global fraca, a recuperação da produção e o regresso do emprego dão sinais de maior estabilidade à economia do bloco.