
ECB mantém taxas em 2% e reforça narrativa de resiliência da economia da zona euro
Aqui pode acompanhar as últimas notícias relacionadas com a Política Monetária da Zona Euro (ECB). Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta economia e mundo com as políticas, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights – 10 de setembro de 2025
- Taxa de depósito mantida em 2%, em linha com expectativas, após corte a meio do ano.
- Christine Lagarde afirmou que a economia da zona euro está “num bom lugar”, com a inflação próxima da meta.
- A resiliência da economia europeia foi apresentada como visão estratégica do ECB, para ancorar expectativas e afastar cenários de novos cortes imediatos.
- Mercados reduziram apostas em estímulos adicionais após o tom mais confiante da presidente.
- Atas de julho mostraram divisão interna: alguns membros viam riscos de inflação em baixa, outros apontavam resiliência.
- Schnabel (2 set) reforçou que não há razão para novos cortes e que os riscos estão inclinados para o lado da alta da inflação.
- Previsões de crescimento da zona euro em 1,2% para 2025 e 1,1% para 2026, com desemprego em mínimos históricos.
Decisão da reunião de setembro
Na reunião de 10 de setembro de 2025, o ECB manteve a taxa de depósito em 2%, consolidando a pausa iniciada após a redução de junho. Christine Lagarde afirmou que o banco central continua “num bom lugar”, sublinhando que a inflação está onde o conselho a pretendia e que a procura doméstica se mantém sólida.

Fonte: TradingEconomics
A ênfase na resiliência da economia europeia não foi apenas uma descrição conjuntural, mas sim parte da estratégia de comunicação do ECB: ao projetar confiança, o banco pretendeu ancorar as expectativas de mercado e reduzir pressões para novos cortes de taxa.
A decisão foi sustentada por três fatores:
- O alívio das tensões comerciais após o acordo entre EUA e UE, que estabeleceu tarifas de 15% mas evitou uma escalada para cenários mais severos.
- O crescimento económico acima do esperado, com o PIB do 1.º trimestre a duplicar as projeções iniciais.
- A inflação próxima da meta de 2%, o que afasta, para já, a necessidade de estímulos adicionais.
Divisões no conselho e enquadramento prévio
As atas da reunião de julho, publicadas a 28 de agosto, revelaram divergências:
- Alguns governadores consideraram que os riscos de inflação estavam abaixo das projeções de junho, sobretudo devido às tarifas dos EUA.
- Outros apontaram para resiliência da inflação e possíveis desvios em alta.
- Um membro defendeu até um corte adicional em julho, mas prevaleceu a linha de esperar por mais dados.
Em 20 de agosto, Christine Lagarde já tinha afirmado que o acordo EUA-UE estava próximo do cenário base do banco, embora alertasse para entraves ao crescimento em setores como semicondutores e farmacêutico.
Posições individuais e mensagens públicas
Nos dias anteriores à reunião, membros do conselho reforçaram o debate interno:
- Isabel Schnabel (2 set): defendeu que as taxas já estão “moderadamente acomodatícias” e não há razão para cortes adicionais, alertando que os riscos de inflação estão virados para cima.
- François Villeroy (4 set): alertou para a necessidade de disciplina orçamental em França, ligando sustentabilidade fiscal a estabilidade financeira europeia.
- Lagarde (3 set): destacou a importância de fechar lacunas na regulação das stablecoins, tema relevante para a estabilidade, mas secundário para a política monetária.
Expectativas de mercado
Na véspera da reunião, sondagens de 4 e 8 de setembro mostraram consenso:
- 69 de 69 economistas esperavam a manutenção da taxa em 2%.
- A maioria previa que a taxa se manteria nesse nível até final de 2025, com apenas 28 a anteciparem um corte para 1,75%.
- As previsões de crescimento do PIB mantiveram-se em 1,2% para 2025 e 1,1% para 2026, enquanto o desemprego permaneceu em mínimos históricos.
Impacto de mercado
Após a decisão, os mercados ajustaram as apostas:
- A probabilidade de cortes adicionais de taxa em 2025 caiu acentuadamente.
- O euro manteve-se firme, refletindo a leitura de que o banco central está confortável com a trajetória atual da inflação.
- As yields das obrigações soberanas subiram ligeiramente, em linha com a perceção de que o ECB encerrou o ciclo de cortes.
Conclusão
Na reunião de 10 de setembro de 2025, o ECB confirmou a manutenção das taxas em 2% e reforçou a narrativa de que a economia da zona euro é resiliente. Mais do que constatar dados, a comunicação de Lagarde visou consolidar uma visão estratégica: transmitir confiança, afastar cenários de cortes prematuros e projetar estabilidade perante choques externos.
Embora divisões internas persistam, a mensagem dominante foi de que o ciclo de cortes chegou ao fim e que o banco dispõe de margem para observar os efeitos das tarifas norte-americanas, da política fiscal europeia e da evolução da economia global antes de tomar novas decisões.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre a Política Monetária do ECB, formato “Geral”, atualizado com informações até 10 de Setembro de 2025. Categorias: Bancos Centrais. Tags: Política Monetária, ECB, Banco Central, Taxa de Juro, Zona Euro)