Renault supera previsões trimestrais com impulso do novo SUV Dacia Bigster, apesar de margens sob pressão

Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Renault. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.

Nota de Contexto

O Grupo Renault é um dos principais fabricantes automóveis europeus, com operações em mais de 130 países e presença destacada através das marcas Renault, Dacia, Alpine e Mobilize. A empresa está num processo de reorganização estratégica após a saída de Luca de Meo, substituído em julho de 2025 por François Provost, ex-responsável da região Ásia-Pacífico.

Renault mantém forte dependência do mercado europeu (mais de 70% das vendas), o que a protegeu parcialmente das tarifas comerciais impostas pelos EUA, mas a torna vulnerável à fraca dinâmica económica da zona euro e à crescente concorrência chinesa no segmento elétrico e SUV compacto.

Desempenho do 3.º Trimestre de 2025

Receita e Vendas

A receita total do trimestre (julho–setembro) atingiu €11,4 mil milhões, um aumento de 6,8% face ao mesmo período de 2024 e acima da previsão média de analistas (+6,2%).
As vendas globais cresceram 9,8%, alcançando 529.486 unidades, beneficiando da chegada de novos modelos e do desempenho sólido da Dacia, com destaque para o Bigster, um SUV compacto com forte procura em França, Espanha e Polónia.

Os novos modelos já representam 30% do volume trimestral, face a 28% no 2.º trimestre e 25% no final de 2024, confirmando o êxito da estratégia de renovação do portefólio.

Rentabilidade e Mix de Produto

A única nota menos positiva foi a desaceleração do efeito mix de produto, que passou de +3% no 1.º semestre para menos de 1% no 3.º trimestre.
Segundo o CFO Duncan Minto, o abrandamento deveu-se a uma base de comparação elevada em 2024, quando o grupo beneficiara de aumentos significativos de preço e margens recorde nos modelos híbridos e SUV compactos.

Apesar disso, Minto antecipou uma recuperação do efeito mix no 4.º trimestre, impulsionada por:

• Bigster (SUV Dacia);
• Novo Clio 6;
• Outros quatro lançamentos previstos até dezembro de 2025, reforçando a gama de veículos híbridos e elétricos.

Comportamento em Bolsa e Contexto de Mercado

As ações da Renault abriram a subir 1%, mas inverteram a tendência, recuando 1% até às 07h40 GMT, refletindo a preocupação dos investidores com a erosão do mix de produto e o abrandamento económico europeu.

A divisão de veículos comerciais continuou a ser o ponto fraco, com procura moderada na Europa Ocidental, motivo pelo qual o grupo rebaixara em julho a previsão de lucro anual.

Em contrapartida, a divisão financeira compensou parte dessa fraqueza, graças a maior penetração de crédito automóvel e leasing, com especial destaque para Espanha e Europa Central.

Gestão e Estratégia Financeira

A Renault reafirmou as suas metas para 2025, com margem operacional de cerca de 6,5% e fluxo de caixa livre entre €1,0 e €1,5 mil milhões, sustentados por disciplina de custos e racionalização do investimento.

O CFO Duncan Minto destacou que CAPEX e despesas de I&D serão mantidos abaixo de 8% das receitas, assegurando equilíbrio entre inovação e rentabilidade.

Apesar disso, Morningstar antecipa uma pressão gradual sobre margens no médio prazo, devido ao aumento dos custos de eletrificação e à necessidade de manter preços competitivos face aos fabricantes chineses.

Impacto Regional e Concorrência

A dependência europeia continua a ser um fator de vulnerabilidade estrutural. Embora proteja a Renault das tarifas impostas pelos EUA, expõe a empresa ao baixo crescimento económico europeu e à competição asiática crescente, especialmente da BYD e MG Motor, que têm aumentado a sua presença no continente.

A empresa enfrenta ainda pressões sobre preços na Europa, que abrandaram para menos de 2%, um sinal de estabilização considerado “positivo para o setor”, segundo a Morningstar.

Perspetivas e Próximos Passos

O novo CEO François Provost herda uma marca em transição.
O plano estratégico 2026–2030, a apresentar em início de 2026, deverá centrar-se em:

1. Eficiência industrial e partilha de plataformas com a Nissan e Mitsubishi;
2. Expansão controlada no segmento elétrico acessível (Dacia e Mobilize);
3. Redução estrutural de custos fixos, incluindo racionalização de fábricas e simplificação de gamas;
4. Aumento da rentabilidade do capital investido (ROCE) através de controlo de CAPEX e melhoria de cash flow.

O grupo prevê encerrar 2025 com um “high-single-digit” aumento de encomendas e o lançamento de cinco novos modelos, o que deverá sustentar a trajetória de crescimento de receita.

Conclusão

Os resultados do 3.º trimestre de 2025 confirmam a capacidade de recuperação e execução operacional da Renault, apoiada pela renovação de gama e pela força comercial da Dacia.
Contudo, o abrandamento do efeito mix, a fragilidade do mercado europeu e a competição chinesa impõem desafios à manutenção das margens.

A transição de gestão para François Provost representa um ponto de inflexão estratégico: consolidar os ganhos de eficiência obtidos sob Luca de Meo e preparar a Renault para uma nova fase mais tecnológica, eletrificada e disciplinada financeiramente.

Num setor em transformação acelerada, a Renault mantém-se numa posição defensiva, mas com fundamentos sólidos, reforçando o seu papel como pilar da indústria automóvel europeia.

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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre os Earnings (Resultados) da Renault, formato “News”, atualizado com informações até 23 de Outubro de 2025. Categorias: Transporte. Classe de ativos: Ações. Tags: Acionista, França, Transporte, Renault, Veículos Elétricos, Veículos a Combustão, Veículos Híbridos)