Alphabet: Expansão Estratégica em IA, Pressão Regulamentar e Reforço Maciço de Infraestrutura
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Alphabet. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights — atualizado a 06 novembro 2025
- Alphabet eleva o capex anual para 91–93 mil milhões USD, impulsionado pela procura de infraestruturas de IA e cloud.
- Google Cloud cresce 34% no 3T, aproximando-se de YouTube como segundo maior gerador de caixa do grupo.
- Google planeia um data centre avançado na Christmas Island, reforçando ligações com o sector de defesa australiano.
- Investimento de 15 mil milhões USD na Índia para construir o maior hub de IA do país, com capacidade inicial de 1 GW.
- Assentamento judicial com a Epic Games leva a reformas no Android e na Play Store, incluindo taxas máximas de 9–20% e maior abertura a lojas alternativas.
Nota de Contexto
A Alphabet encontra-se num ciclo de expansão agressiva da sua infraestrutura de IA, suportado por níveis de capex sem precedentes e pela reconfiguração do Google Cloud como motor de crescimento. Em paralelo, a empresa enfrenta escrutínio regulatório mais intenso nos EUA, Europa e Reino Unido, especialmente em torno da concorrência no search e nas políticas de app stores. O período entre outubro e novembro de 2025 evidencia esta dualidade: aceleração tecnológica e pressão regulatória convergem, enquanto a empresa reforça a sua posição em mercados estratégicos, Índia, Austrália e Reino Unido, através de investimento massivo, realinhamento comercial e negociações políticas complexas.
1. Infraestrutura de IA e Expansão Global
1.1. Maior investimento da história na Índia
Em 14 outubro, a Alphabet anuncia o seu maior investimento no país: 15 mil milhões USD ao longo de cinco anos para construir um data centre de IA em Andhra Pradesh, com capacidade inicial de 1 Gigawatt.
Este é apresentado como o “largest AI hub” da empresa fora dos EUA, num momento marcado por tensões comerciais entre Índia e EUA e por apelos internos ao boicote a produtos estrangeiros. A operação é relevante por três razões:
- Capta a procura proveniente de quase 1 mil milhão de utilizadores de internet na Índia.
- Insere-se num mercado onde rivais como Microsoft, Amazon, Adani e Ambani já investem agressivamente.
- Criará 188.000 empregos, reforçando o enquadramento político do projeto.
1.2. Data centre estratégico na Christmas Island
A 6 novembro, documentos e entrevistas revelam que a Google planeia construir um grande centro de dados de IA em Christmas Island, território australiano no Índico, a 350 km da Indonésia.
O projeto surge após um acordo cloud com o Department of Defence australiano, integrando a ilha em cenários de defesa regionais para monitorização de atividade naval chinesa.
Principais factos:
- Cabo submarino dedicado entre Christmas Island e Darwin (instalação pela SubCom).
- Apoio previsto para operações avançadas de comando e controlo baseadas em IA.
- Comunidade local de 1.600 residentes avalia impactes económicos e sociais.
Este posicionamento reforça o papel da Alphabet como fornecedor crítico de infraestruturas de segurança em alianças regionais EUA-Austrália-Japão.
2. Investigação, Computação e Liderança Tecnológica
2.1. Avanço na computação quântica
A 22 outubro, a Google anuncia o algoritmo Quantum Echoes, 13.000 vezes mais rápido do que o melhor algoritmo clássico equivalente, segundo dados fornecidos pela empresa .
O objetivo é produzir dados verificáveis para aplicações de IA, permitindo avanços em:
- identificação de novos materiais,
- descoberta farmacêutica,
- análise molecular complexa.
O algoritmo é considerado tão significativo quanto o chip quântico Willow apresentado no ano anterior.
3. Resultados, Cloud e Aceleração do Capex
3.1. Capex anual atinge 91–93 mil milhões USD
A 29 outubro, Alphabet supera expectativas trimestrais e eleva o capex anual para 91–93 mil milhões USD, após já ter surpreendido Wall Street com projeções anteriores de 75 mil milhões e depois 85 mil milhões .
Isto compara com gastos de 52,5 mil milhões USD em 2024, revelando a intensidade do ciclo de investimento.
3.2. Publicidade mantém resiliência
- Receita de publicidade cresce 12,6%, atingindo 74,18 mil milhões USD no trimestre.
- Mitiga receios sobre deslocação de orçamento para plataformas emergentes.
3.3. Google Cloud como motor de crescimento
- Receita trimestral: 15,16 mil milhões USD (+34%).
- Backlog não reconhecido sobe para 155 mil milhões USD, face aos 106 mil milhões USD de julho.
- Cloud disputa agora o lugar de segundo maior gerador de caixa, aproximando-se de YouTube.
O crescimento é atribuído à adoção de infraestruturas de IA e à utilização crescente das TPUs próprias. Estes chips tornaram-se um diferencial competitivo, permitindo acordos como o uso de até 1 milhão de TPUs por parte da Anthropic, com contratos avaliados em “tens of billions” de dólares.
3.4. Evolução interna do Cloud
A ascensão do Google Cloud desde 2018 inclui:
- crescimento de quota de mercado de 7% → 13%,
- reposicionamento comercial para abordagem por sectores,
- disciplina financeira reforçada,
- abertura das TPUs a terceiros, incluindo rivais diretos.
Este movimento reequilibra o poder interno na Alphabet, com Thomas Kurian a ganhar influência na alocação de recursos estratégicos.
4. Regulação, Concorrência e Litígios
4.1. Reino Unido: poder reforçado da CMA
A 10 outubro, o regulador britânico designa a Google com market status estratégico no search, citando mais de 90% de quota no Reino Unido.
A CMA poderá impor intervenções como:
- maior visibilidade de motores de busca alternativos,
- mudanças no ranking e no uso de conteúdos,
- mais controlo para publishers sobre dados usados em IA.
Apesar do novo poder da autoridade, o ambiente político britânico favorece uma abordagem mais pró-crescimento, reduzindo a probabilidade de medidas extremas.
4.2. EUA: acordo judicial com a Epic Games
A 4 novembro, Google e Epic propõem um acordo abrangente para resolver a ação antitrust de 2020 sobre a Play Store .
O acordo inclui:
- maior facilidade para instalar lojas de terceiros,
- possibilidade de redireccionamento para meios de pagamento alternativos,
- taxas máximas de 9% ou 20%,
- manutenção de um comité técnico independente,
- resolução paralela do processo envolvendo Samsung.
O CEO da Epic, Tim Sweeney, classifica a proposta como “awesome”, afirmando que reforça o “open platform” original do Android.
Conclusão
Entre outubro e novembro de 2025, a Alphabet demonstra simultaneamente força financeira e vulnerabilidade regulatória. A empresa acelera a construção de infraestruturas de IA na Índia, Austrália e via cloud global, enquanto reforça a liderança tecnológica com avanços quânticos e crescimento recorde do Google Cloud.
Em contrapartida, a pressão regulatória intensifica-se:
- O Reino Unido abre a porta a intervenções profundas no ecossistema de search;
- Os EUA forçam uma reconfiguração estrutural do Android e da Play Store;
- A Europa mantém escrutínio elevado sobre práticas publicitárias e de competição.
A estratégia da Alphabet para 2026 assenta em três pilares:
- Infraestrutura de escala global, suportada por capex historicamente elevado.
- IA como núcleo das receitas futuras, com cloud e TPUs a ganhar centralidade.
- Gestão pragmática do risco regulatório, adaptando modelos de negócio a novas exigências.
O balanço geral revela uma empresa em plena expansão estrutural, disposta a absorver custos massivos para sustentar a liderança na próxima década da computação baseada em IA, mesmo num ambiente regulatório mais agressivo e financeiramente exigente.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre os Earnings (Resultados) da Alphabet, formato “News”, atualizado com informações até 06 de Novembro de 2025. Categorias: Tecnologia. Tags: Acionista, Alphabet, Earnings, Inteligência Artificial, EUA, Serviços Cloud, Internet)