Lucros superam previsões com impulso da banca de investimento

O Barclays iniciou 2025 com um crescimento robusto de 19% no lucro antes de impostos, que atingiu 2,7 mil milhões de libras no primeiro trimestre, superando os 2,5 mil milhões esperados pelo mercado. A principal contribuição veio da banca de investimento, que gerou 3,9 mil milhões de libras em receitas, impulsionada pelo forte desempenho nas áreas de produtos titulizados e taxas de juro.

O banco destacou-se face aos seus concorrentes americanos em segmentos como fixed income, onde registou um crescimento de 21%, superando os 6% em média nas cinco maiores instituições de Wall Street.

Foco estratégico no mercado britânico e metas revistas em alta

Sob a liderança de C.S. Venkatakrishnan, o Barclays continua a reforçar o foco na atividade doméstica, nomeadamente no crédito hipotecário e ao consumo. A instituição elevou a sua previsão de receitas totais para 2025 para mais de 12,5 mil milhões de libras, face aos 12,2 mil milhões anteriormente estimados, refletindo as expectativas de maior quota no mercado de crédito no Reino Unido.

Apesar dos avanços, o CEO sublinhou que o plano trienal de reestruturação está ainda no seu quinto trimestre, mas os indicadores apontam para uma trajetória sólida rumo às metas de médio prazo. O objetivo de retorno sobre capital tangível (RoTE) de 11% em 2025 permanece inalterado, numa progressão rumo aos 12% visados para 2026.

Tarifas nos EUA elevam provisões e aumentam incerteza

A recente imposição de novas tarifas comerciais pelos EUA, particularmente as aplicadas a produtos europeus e à cadeia industrial, levou o Barclays a constituir uma provisão adicional de 91 milhões de libras, com enfoque na sua operação de banca de consumo nos EUA e na banca de investimento.

Apesar de considerar que os impactos são até agora limitados, o Barclays reconhece que o agravamento das tensões comerciais poderá ter efeitos negativos nas perspetivas macroeconómicas, inflação e risco de crédito.

Posição regulatória: estabilidade antes de mudança

Num momento em que alguns líderes do setor financeiro britânico têm pressionado pela revisão do regime de ringfencing, que separa as operações de retalho das de banca de investimento, Venkatakrishnan posicionou-se claramente a favor da sua manutenção. O CEO referiu que o modelo oferece proteção essencial aos depósitos de milhões de clientes e pequenas empresas, defendendo que não é tempo de reverter medidas que funcionam como salvaguardas sistémicas.

Desempenho sólido, mas ambiente externo impõe cautela

Apesar da forte performance trimestral e da melhoria dos indicadores operacionais, o Barclays alertou que o ambiente global permanece incerto, com o potencial de novos choques externos, particularmente do lado da política comercial americana, o que poderá penalizar a banca de investimento e o sentimento empresarial global.

Wall Street partilha dessa prudência: os principais bancos norte-americanos já admitiram que, após um primeiro trimestre forte, o resto do ano poderá ser marcado por volatilidade nas receitas e risco de desaceleração.

Conclusão

O Barclays iniciou 2025 com resultados robustos, metas revistas em alta e uma execução disciplinada da sua estratégia trienal, sustentada por uma banca de investimento eficiente e crescimento no mercado doméstico. No entanto, os efeitos secundários das novas tarifas comerciais e a incerteza regulatória nos EUA impõem prudência. O equilíbrio entre a expansão no Reino Unido, a contenção de riscos nos EUA e o progresso rumo a retornos sustentáveis será determinante para o sucesso do banco nos próximos trimestres.